A iraquiana Sandy Alqas Botros explica por que está determinada em fazer a diferença para outras mulheres e meninas.
Sandy Alqas Botros assume posição de liderança no ACNUR por um dia. © ACNUR / Suzy Hopper
Em 2015, nós fugimos da nossa casa depois que Mosul foi tomada por milícias. Nós perdemos tudo. Na Turquia, embarcamos em um pequeno barco rumo à Grécia e, eventualmente, encontramos segurança em Hamburgo, na Alemanha.
Em Hamburgo, aprendi a falar alemão e pude continuar meus estudos no segundo grau. Minhas disciplinas favoritas na escola são matemática, química e política. Meus hobbies preferidos são tocar piano, ler livros e desenhar. Eu falo quatro idiomas: árabe, aramaico, inglês e alemão. Quando chegamos foi difícil, mas com o tempo aprendi o idioma e fiz novos amigos, e tudo se tornou mais fácil.
Esta é a história do que aconteceu quando me foi dada a oportunidade de assumir por um dia um cargo de alto escalão no ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados.
O Girls’ Takeover fez parte de uma ação global liderada pela ONG Plan Internacional para comemorar o Dia Internacional da Menina.
Este ano, mais de mil meninas em todo o mundo assumiram papéis de presidentes, prefeitas, diretoras e de outras lideranças, para demonstrar que as meninas devem ser livres para sonhar e ter liberdade para liderar. Tenho muito orgulho de ter sido uma delas.
“Eu acredito que educar os refugiados pode gerar um grande impacto.”
Em setembro, eu assumi a posição de George Okoth-Obbo, o Alto Comissário Adjunto de Operações do ACNUR. Eu passei um dia inteiro estudando e discutindo sobre questões que envolvem refúgio com representantes, diretores e outros gerentes. Eu tive reuniões sobre muitos tópicos, incluindo o trabalho da Agência em prol da prevenção, sua resposta à exploração e ao abuso sexual, a importância da educação nos campos de refugiados e a participação de mulheres e meninas nos programas para refugiados. Além disso, eu assumi a conta do Twitter do Sr. Okoth-Obbo e espalhei minhas mensagens pelo mundo. O próprio Sr. Okoth-Obbo me acompanhou e me apoiou como meu Assistente Especial.
Durante a experiência, contribui com o meu ponto de vista e destaquei a importância da educação. Muitas crianças em campos de refugiados possuem acesso limitado à educação ou não possuem acesso algum. É extremamente necessário um maior número de professores e de escolas dentro e aos arredores dos campos de refugiados. Eu acredito que refugiados que receberam educação podem gerar um grande impacto e ajudar a ensinar outros refugiados em aulas informais.
Eu também queria encorajar o ACNUR a envolver mais mulheres e meninas nos processos de tomada de decisão. Por exemplo, no Iraque, a maioria das meninas nunca teve a chance de participar de um programa de refugiados como eu tive na Alemanha. Eu acredito que seja importante que mais mulheres possam liderar programas e encorajar a participação de outras meninas.
Ao trabalhar com o Plan International Youth Group, vi com meus próprios olhos como a participação feminina é importante para garantir que as meninas recebam a proteção e o apoio adequado. Com o Girls’ Takeover, quero mostrar a outras meninas que a participação política é importante e incentivá-las a fazer o mesmo. Espero que a minha experiência pessoal aqui possa se tornar um exemplo.
A reação positiva que recebi após assumir o comando do ACNUR me inspirou a continuar meu engajamento com a Plan International e na campanha do ACNUR por igualdade e direitos das crianças. Depois de terminar a escola, quero estudar em uma universidade e me qualificar para continuar meu trabalho em programas de refugiados que assistem meninos e meninas no mundo todo.
Seja um doador do ACNUR e nos ajude a fortalecer a educação de meninas refugiadas.
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