Curso de oito horas de duração alcançou alunos de jornalismo em 36 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, formação que será continuada em 2023
Curso de Jornalismo humanitário realizado na PUC Minas, em Belo Horizonte. ©PUC Minas/Raphael Calixto
Brasília, 2 de dezembro de 2022 (ACNUR) – Um total de 673 estudantes de jornalismo de 36 Instituições de Ensino Superior do país receberam, em outubro e novembro deste ano, uma formação em Jornalismo Humanitário por meio de um curso oferecido pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e Cátedra Sergio Vieira de Mello (CSVM).
O Curso de Jornalismo Humanitário, com duração de oito horas, foi realizado presencialmente na PUC Minas, em Belo Horizonte, na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista, e na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. Os workshops foram transmitidos simultaneamente para estudantes de outras universidades, cobrindo todas as regiões brasileiras.
A jornalista e comunicadora venezuelana Yesica Morais foi uma das palestrantes do curso em Boa Vista. Ela mantém, em redes sociais, perfis em que realiza a cobertura noticiosa da situação da fronteira do Brasil, com informações relevantes sobre serviços direcionadas a pessoas refugiadas. O relato de Yesica sobre seu trabalho impactou positivamente os estudantes participantes.
“Tentei conscientizar estes futuros jornalistas a enxergar de outra perspectiva a situação de pessoas refugiadas e migrantes e conseguir repassar essas informações ao leitor final com um olhar mais humano. Gostaria de fazê-los entender e compreender a situação de vulnerabilidade em que se encontram os refugiados e migrantes, mas também ressaltar as capacidades que eles têm e tudo o que podem contribuir para sua comunidade”, relata Yesica.
Em Belo Horizonte e em Florianópolis, o jornalista venezuelano Carlos Escalona, que trabalhou em uma emissora pública de televisão em seu país natal e hoje atua na área da comunicação no Brasil, contou aos estudantes sobre sua jornada. Carlos já participou de outros projetos de comunicação do ACNUR, como o podcast Refúgio em Pauta e a exposição Jornalistas Refugiados.
Ele defende que um entendimento mais amplo sobre o contexto humanitário do deslocamento forçado ajuda a “derrubar barreiras e construir pontes” entre as pessoas. “O curso é muito importante, não apenas nas universidades, mas para a comunidade como um todo, para que se tirem muitos preconceitos sobre os refugiados que estão chegando em busca de proteção no Brasil. Contar as histórias dessas pessoas, a nossa história, é importante para levar esta mensagem”, disse.
Os jornalistas, muitas vezes, são as primeiras pessoas a chegar ao local de uma emergência humanitária. Assim, o trabalho da imprensa é um componente fundamental para a proteção das pessoas refugiadas e forçadas a se deslocar. O ACNUR reconhece o grande impacto do trabalho dos profissionais da mídia nestas situações.
“Em todo o mundo, o ACNUR trabalha de perto com jornalistas e veículos de comunicação, encorajando a produção de conteúdo sobre deslocamento forçado. Por meio destas oficinas, esperamos ter contribuído com os jornalistas do futuro, para que possam ter mais conhecimento sobre os termos técnicos e as especificidades da cobertura jornalística humanitária, mas também estarem mais sensíveis à situação”, afirma o Oficial de Comunicação do ACNUR no Brasil, Luiz Fernando Godinho.
A programação incluiu um módulo com conceitos e fontes de informação para entender o contexto do refúgio no Brasil, com a participação de representantes do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), bem como um treinamento sobre a comunicação como ferramenta de enfrentamento às informações falsas, à xenofobia e ao racismo.
Os estudantes que participaram do curso avaliaram o programa de maneira positiva. Para o estudante de jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Mateus Ronelle, que acompanhou o curso de forma remota, o treinamento foi a oportunidade de conhecer uma grande causa humanitária. “Foi muito gratificante e importante não só para o meu desempenho profissional, mas humano”, disse.
Por sua vez, a estudante Júlia Alves, da PUC Minas, afirmou que o curso ampliou seu conhecimento para a produção jornalística de diferentes pautas. “Achei de muita importância o evento, aprendi sobre o assunto de uma maneira que nunca pensei”, afirmou.
Desde 2003, o ACNUR implementa a Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM), promovendo ações conjuntas com as instituições de ensino superior em três linhas de ação: ensino universitário, pesquisa acadêmica e projetos de extensão que atendam as demandas das pessoas refugiadas.
Atualmente, 37 universidades públicas e privadas localizadas em 13 Unidades da Federação e no Distrito Federal integram a CSVM. Além de difundir o ensino universitário sobre temas relacionados ao Direito Internacional dos Refugiados, a Cátedra também visa promover a formação acadêmica e a capacitação de professores e estudantes na temática. As ações da CSVM estão listadas no relatório anual de atividades, produzido pelo ACNUR.
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