ACNUR faz carregamentos aéreos para a Costa do Marfim; deslocados chegam a 35 mil

ABIDJAN, Costa do Marfim, 10 de fevereiro (ACNUR) – A agência para refugiados da ONU transportou 9 toneladas de itens de ajuda para a Costa do Marfim para distribuir entre quase 35 mil deslocados internos em áreas remotas no oeste do país.

Um Boeing 747 de carga, da Ethiopian Airlines, fretado pelo ACNUR para levar 2.450 tendas aterrisou no aeroporto internacional de Abidjan terça à noite, após deixar Liege, na Bélgica. As tendas abrigarão mais de 12 mil deslocados internos.

Foi o primeiro carregamento aéreo do ACNUR rumo à capital marfinense para assistir aqueles deslocados pela crise política pós-eleição presidencial, em novembro. Mais de 30 mil pessoas fugiram desde então para a vizinha Libéria, enquanto o ACNUR  e organizações parceiras já registraram mais de 34.800 deslocados internos no oeste da Costa do Marfim. A maioria é composta por mulheres e crianças.

Um comboio do ACNUR estava programado para sair de Acera, Gana, na quarta feira, e chegar à Costa do Marfim até sexta, levando outras 93 toneladas de ajuda, incluindo 15 mil cobertores, 10 mil esteiras de dormir, 10 mil penicos, 5 mil kits de cozinha, mosquiteiros e cobertores de plástico.

A maioria dos deslocados no oeste está localizada no distrito de Duékoué, onde 22 mil pessoas estão sendo abrigadas em escolas, igrejas, acampamentos espontâneos ou com a comunidade local nos vilarejos próximos. O ACNUR está negociando com as autoridades locais para estabelecer um campo temporário para os mais vulneráveis dentre os deslocados. Outros grupos de deslocados itnernos também estão presentes nos distritos de Man, Danané, Binhouye, Zouhanhouin e Guiglo.

A ajuda do carregamento aéreo e do comboio terrestre será inicialmente armazenada em um depósito do ACNUR no norte de Abidjan. Conseguir suprimentos para os deslocados internos no oeste do país será um desafio logístico e de segurança, em uma região complicada e em um momento em que atender às necessidades dos deslocados é de extrema urgência.

“A volátil segurança na Costa do Marfim, e especificamente no oeste do país, está obstruindo as atividades humanitárias. Precisamos sempre ter a questão da segurança em mente”, disse Jacques Franquin, representnate do ACNUR na Costa do Marfim, acrescentando: “O objetivo de nossa equipe é assistir o quanto antes as pessoas necessitadas”.

Franquin disse que o estabelecimento do campo no distrito de Duékoué proveria abrigo e assistência aos mais vulneráveis, muitos dos quais estão a céu aberto. “Muitas casas foram destruídas ou danificadas durante confrontos politicos e étnicos no começo de janeiro. O objetivo a longo prazo é iniciar um programa de reconstrução”, ele disse.

“O ACNUR e outras agências no oeste do país estão preparando um programa de coesão social para criar condições de retorno para as pessoas deslocadas, desenvolvendo atividades de reintegração e reconciliação”, acrescentou.

O registro dos deslocados completado ontem pelo ACNUR, o Fundo da ONU para Populações e a Organização Internacional de Migração, ajudará a agência da ONU para refugiados a organizar a assistência adequada.

A Costa do Marfim também está abrigando em torno de 26 mil refugiados liberianos, alguns dos quais afirmam se sentir em risco devido à situação política instável.

Hélène Caux em Abidjan, Costa do Marfim