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Quirguistão: Programa de habitação do ACNUR ajuda deslocados

Comunicados à imprensa

Quirguistão: Programa de habitação do ACNUR ajuda deslocados

Quirguistão: Programa de habitação do ACNUR ajuda deslocadosUm programa do ACNUR para a reconstrução das casas destruídas na onda de violência do verão passado ajuda as pessoas deslocadas no sul do Quirguistão.
24 Novembro 2010

JALALABAD, Quirquistão, 22 de novembro (ACNUR) – Há cinco meses, Gulmira* viu sua vida pegar fogo após um grupo de homens armados saquearem seus pertences e queimarem a casa que ela e seu marido construíram anos atrás.

O casal de idosos, que estava cuidando de seus três netos naquela hora, foi vítima da onda de violência que atingiu Jalalabad e outras cidades no sul do Quirquistão em junho passado, forçando cerca de 300.000 pessoas a fugirem para outas localizadades mais seguras no país e mais de 100.000 a procurarem abrigo no Uzbequistão.

Muitos já retornaram para suas cidades de origem, mas milhares continuam deslocados. Gulmira e Murat, por exemplo, têm vivido desde o último mês de junho em uma barraca montada no interior das ruinas de sua casa. Seus filhos e três netos, de três, sete e nove anos de idade deixaram a Federação Russa porque temiam por sua segurança no sul do Quirguistão.

No começo do mês, o casal se mudou para um novo abrigo construido para eles pelo ACNUR. Foi um momento emocionante. “Uma das melhores sensações que existe é ter um teto nosso”, disse Gulmira aos visitantes do ACNUR, acrescentando: “Eu não consigo acreditar que temos novamente um lugar para dormir”.

Aproximadamente 2.000 residências foram danificadas e outras 1.690 completamente destruídas durante o período de violência. No último mês, entretanto, aproximadamente 500 famílias (3.500 pessoas) nas províncias de Osh e Jalalabad retornaram para suas casas que foram construídas e reconstruídas com financiamento do ACNUR como parte de um programa emergencial para abrigos transitórios aprovado pelo governo no fim do mês, antes da chegada definitiva do inverno.

O trabalho de reconstrução implicou a remoção de um grande número de entulhos e detritos (incluindo amianto) de prédios danificados ou destruidos. O ACNUR e seus parceiros tiveram que realizar rapidamente a compra de uma grande quantidade de materiais de construção, incluindo areia, cimento, tijolos e madeira. Por exemplo, quase 300.000 tijolos foram necessários a cada dia.

Uma trabalhadora do ACNUR falando com uma mulher deslocada em seu abrigo temporário, no sul de Quirguistão.
Foi uma conquista espetacular e muito apreciada por aqueles que perderam suas casas. Mas permanecem a tristeza e amargura pela destruição ocorrida durante o verão. “Nós nascemos aqui, trabalhamos toda nossa vida em Jalalabad, construímos uma casa, investimos todas nossas economias e tudo foi abaixo em um dia”, disse Gulmira. “Nós perdemos tudo”.

Mostrando aos visitantes do ACNUR os danos ocasionados à sua casa, as más lembranças voltam à tona. Gulmira começa a chorar enquanto aponta para o porão onde estava escondida com seus netos quando a casa foi atacada. Um homem pôs uma arma em seu pescoço, mas, naquele momento, ela estava mais preocupada com suas crianças.

Ao mesmo tempo, à parte conseguir acomodar devidamente as pessoas antes do inverno, o programa de abrigo também ajudou a restaurar o senso de comunidade e deu às pessoas esperança para o futuro. Diversas famílias falaram sobre seus planos de melhorar e ampliar suas casas na primavera.

Encorajado pelas autoridades locais, o ACNUR e seus parceiros, incluindo a entidade ACTED, o Conselho Dinamarquês para Refugiados e a organização Salve as Crianças (Save the Children), as comunidades têm ajudado umas às outras na construção de abrigos. Os bairros mais afetados de Osh e Jalalabad agora revitalizados estão novamente cheios de atividades.

“O etapa de reconstrução de casas é um importante primeiro passo na reconstrução de comunidades”, indicou Hans Schodder, representante do ACNUR no Quirguistão. Mas ele acrescentou que muito mais precisa ser feito para assegurar a paz e a estabilidade.

“A confiança entre as comunidades e autoridades foi destruída e será necessário tempo e grandes esforços para reerguê-la. A restauração da lei e da ordem e o respeito aos direitos humanos devem ser as principais prioridades do novo parlamento, governo e todas as autoridades assim como da sociedade civil, dos formadores de opinião e da mídia. O ACNUR continuará a dar suporte a este processo”, frisou.

Gulmira, enquanto isso, está sonhando com o dia quando toda sua família estará reunida em Jalalabad. “Como eles poderiam vir quando não tínhamos um lugar para morar, apenas uma pequena barraca?” indagou. “Essa casa nos dá esperança de ver meus netos de novo”, diz, com um grande sorriso no rosto.

* Nomes alterados por motivo de proteção

Natalia Prokopchuk em Jalalabad, Quirguistão