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Paquistão: Retorno à casa ainda um sonho para muitos deslocados das enchentes

Comunicados à imprensa

Paquistão: Retorno à casa ainda um sonho para muitos deslocados das enchentes

Paquistão: Retorno à casa ainda um sonho para muitos deslocados das enchentesQuando as enchentes varreram sua vila na província de Sindh ao sul do Paquistão, no início deste ano, Mumtaz Ali e sua mulher grávida perderam seu filho de sete anos.
18 Novembro 2010

DISTRITO DE KAMBER SHADADKOT, Paquistão, 18 de novembro (ACNUR) – Quando as enchentes varreram sua vila na província de Sindh ao sul do Paquistão, no início deste ano, Mumtaz Ali e sua mulher grávida perderam seu filho de sete anos. Semanas depois, Zulekha deu a luz, mas seu bebê morreu pouco tempo depois.

Além destas trágicas perdas, as enchentes destruiram as plantações do fazendeiro, causando prejuizo de 150.000 rúpias paquistanesas (US$1.800). “O dono da fazenda vai cobrar o dinheiro, mas a plantação de arroz foi destruída,” disse ele. “Terei que arcar com as consequências.”

E o calvário da família parece não ter perspectivas de melhora num futuro próximo, pois o inverno se aproxima e sua vila no distrito de Kamber Shadadkot, em Sindh, permanece debaixo d’água.

A única novidade positiva é que Ali, Zulekha e seus quatro filhos sobreviventes, um filho e três filhas, foram recentemente transferidos de seu abrigo provisório para o acampamento de Seelara Kot, montado pelo ACNUR, que abriga atualmente cerca de 180 familias.

O ACNUR já estabeleceu 42 novos acampamentos, abrigando milhares de pessoas como Ali e Zulekha no norte e no sul de Sindh, onde a agência de refugiados e seus parceiros estão ajudando a melhorar as condições de vida.

As maiores necessidades incluem abrigos, utensílios domésticos, comida e água potável. Os deslocados nesta região provavelmente dependerão desse tipo de assistência por pelo menos outros três meses devido à aproximação do inverno e pelo fato de as águas das enchentes estarem baixando mais lentamente que o esperado. O retorno para casa permanece um sonho distante.

A maioria daqueles que estão no novo acampamento estava morando em escolas e outros prédios públicos, que foram requisitados pelas autoridades locais.

Enquanto isso, Ali e sua esposa continuam lamentando a morte de seus dois filhos. O fazendeiro disse que sua esposa “sempre chora quando vê os filhos de outras pessoas.” Relembrando a perda de seu filho Diba, de sete anos, Ali diz que enquanto fugiam de sua casa, “eu pensei que ele estava com a mãe dele, e a minha mulher pensou que ele estivesse comigo. Quando nós chegamos à terra seca, percebemos que tínhamos perdido ele.”

A morte de seu filho recém-nascido, por outro lado, foi exacerbada pela debilidade de Zulekha e a falta de infraestrutura médica no primeiro local onde encontraram abrigo. No fim, eles tiveram que recorrer a uma parteira tradicional para conseguir ajuda. Uma recente pesquisa do ACNUR indicou que aproximadamente 28% das pessoas atingidas pelas enchentes na província de Sindh não possuem acesso a serviços de saúde.

“Minha pobreza é a razão de meu sofrimento. Se eu tivesse recursos suficientes ou um barco eu poderia ter salvo meu filho das enchentes; se nós tivéssemos recursos suficientes nós poderíamos ter salvo nosso bebê recém-nascido,” disse Ali choroso.

Mas ao menos ele e sua família agora têm melhores condições de vida. “Nós estamos mais confortáveis neste acampamento em comparação com o outro abrigo, que estava muito lotado,” disse, acrescentando que, apesar de terem acesso à água potável, ainda enfrentam escassez de alimentos.

Qaisar Khan Afridi do distrito de Kamber Shadadkot, Paquistão