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Jordânia: conflitos e desespero aumentam o número de pessoas fugindo da Síria

Comunicados à imprensa

Jordânia: conflitos e desespero aumentam o número de pessoas fugindo da Síria

Jordânia: conflitos e desespero aumentam o número de pessoas fugindo da SíriaUm grande número de sírios tem buscado refúgio na Jordânia recentemente, incluindo um crescente número de pessoas da província de Dara'a.
26 Março 2015

CAMPO DE REFUGIADOS DE AZRAQ, Jordânia, 26 de março de 2014 (ACNUR) – Um grande número de sírios tem buscado refúgio na Jordânia recentemente, incluindo um crescente número de pessoas da província de Dara'a. O motivo é o recrudescimento dos conflitos na região que, segundo os refugiados, não deixam outra opção a não ser fugir.

Em média, 250 sírios cruzaram a fronteira da Jordânia diariamente na última semana – o maior número desde o verão passado e um forte aumento comparado aos últimos meses. De domingo a quarta, os dados do ACNUR para a Jordânia mostravam que pelo menos 1,014 mil pessoas cruzaram as fronteiras, das quais mais de 160 de Dara'a. Nos quatro dias anteriores, foram 412 pessoas e um número menor de pessoas de  Dara'a.

O Representante do ACNUR na Jordânia, Andrew Harper, afirmou que estes últimos acontecimentos reforçam a necessidade de mais ajuda internacional às vítimas do conflito na Síria e aos países que os recebem.

“Temos visto um aumento no número de pessoas cruzando as fronteiras da Jordânia nos últimos dias. São famílias que, após quatro anos de conflito, chegaram ao seu limite e nós, como comunidade internacional, somos responsáveis por elas”, disse ele.

Juntamente ao contínuo fluxo de pessoas deixando o leste de Aleppo e a área rural de Damasco, muitos dos que têm entrado na Jordânia são de Dara'a, localizada na fronteira do sul da Síria. Eles trazem consigo histórias dos seus vilarejos destruídos, familiares capturados e vizinhos mortos.

Os últimos a chegar ao campo de refugiados de Azraq contaram ao ACNUR que permaneceram em Dara'a durante os quatro anos do conflito na Síria, preferindo continuar – apesar dos perigos- a se tornar refugiados. No entanto, o aumento da presença de grupos armados na província, bombardeios diários e os ataques aéreos tornaram a região muito perigosa.

Em uma área de recepção dentro do campo, dezenas de refugiados exaustos descansam em colchões depois da viagem de ônibus feita de madrugada. Muitos enfrentaram trajetos noturnos de carro pagos a coyotes, postos de controle e áreas de conflito antes de serem abandonados a horas de caminhada pelo deserto até chegar à Jordânia.

“As coisas começaram a piorar em novembro do ano passado, quando mais grupos armados de todos os lados chegaram em Dara'a. Os bombardeios e conflitos em áreas populosas começaram a ficar cada vez piores”, disse Ismaael, de 44 anos, que chegou ao campo com sua esposa. “Dizíamos que ficaríamos mais um mês, mas, agora que a maioria das pessoas do nosso vilarejo fugiu ou foi morta, nós fomos fugimos”.

Apesar de estar seguro, ele continua traumatizado devido aos meses de insegurança e com a difícil decisão de deixar para trás sua mãe de 65 anos, que não pode caminhar, além dos irmãos e as crianças mais novas, para evitar riscos durante a jornada.

“Na Síria era muito inseguro. Não dormíamos bem à noite. Nos deitávamos e ficávamos com os olhos abertos”, disse Ismaael. “Então, quando chegamos à Jordânia, eu me senti um pouco aliviado por estar seguro, mas, ainda me preocupo com a minha família na Síria e não tenho como me comunicar com ela”.

Outro recém-chegado ao campo de Azraq, Mohannad, de 24 anos, decidiu ir a Jordânia com a sua esposa grávida, Nermin, após ficar sem saída em Dara'a. “Antes tínhamos como viver lá. Era seguro, mas nos últimos meses ficou muito pior”, ele disse. “Toda vez que ficava perigoso em um lugar, buscávamos outro. No entanto, ficamos sem lugares seguros para ir”.

Contemplando um futuro incerto dentro do campo de refugiados, o futuro pai pareceu resignado ao seu destino. “Não esperávamos mais que isso. Somos refugiados vindos de um país diferente, então não esperávamos viver em castelos. Aceitamos que esta é a realidade”.