Refugiados escoteiros limpam praia em Bangladesh
Refugiados escoteiros limpam praia em Bangladesh
COX'S BAZAR, Bangladesh, 28 de setembro (ACNUR) – Nascido e criado no campo de refugiados de Nayapara, o adolescente Rahman, de 17 anos, não tem muitas chances de visitar o balneário de Cox's Bazar, que afirma ter a praia mais longa do mundo.
Ainda assim, ele preza muito por esse lugar, e foi lá recentemente com 30 outros escoteiros do campo e de vilas próximas, juntamente com uma equipe do ACNUR, para coletar embalagens de fast-food e manter a areia branca da praia Labonee, ao sul de Bangladesh, limpas.
“A praia em Cox's Bazaar recebe milhares de visitantes todos os dias”, disse Ziaur, parando por um momento de colocar o lixo em sua sacola de plástico, apesar da chuva fina. “Se a praia não está limpa, os visitantes pararão de vir. Mas se todos se esforçarem em deixar a praia limpa, ela atrairá muitos visitantes no futuro”.
A participação de Bangladesh na 25ª Rodada de Limpeza Costeira, nesse último fim de semana, também marcou uma oportunidade incomum para os refugiados escoteiros Rohingya que passarem um dia fora dos campos ao sul de Cox's Bazar – abrigo para 28.500 refugiados, muitos dos quais deixaram Myanmar há 19 anos e outros que nasceram no campo.
Ziaur estava não só orgulhoso de ser parte da equipe de limpeza da praia, “eu estava muito contente também por conhecer outros escoteiros das comunidades locais”, disse com um sorriso.
Os Escoteiros dos campos de refugiados de Nayapara e Kutupulong, vestindo as tradicionais camisas, lenços e pingente khaki, trabalharam lado a lado com aproximadamente 500 voluntários no evento anual organizado pela organização Ocean Conservancy, que mobiliza pessoas para limpar praias e cursos d'água ao redor do mundo. Localmente, o evento foi organizado por Kewkradong, uma ONG de Bangladesh especializada em turismo de aventura e advocacia ambiental.
Esse é o quinto ano que o evento acontece na praia Labonee, em Cox's Bazar, que recebe milhares ou até mesmo dezenas de milhares de visitantes por dia, dependendo da estação.
A criação de uma tropa de escoteiros mista, com os meninos de Bangladesh e os refugiados de Rohingya, foi obra de Feroz Salah Uddin, do Comissariado para Ajuda e Repatriação de Refugiados, a maior agência dentro do governo Bangladesh trabalhando com o ACNUR para ajudar a lidar com uma das situação de refúgio mais antigas.
“O movimento dos escoteiros representa uma das melhores tradições de auto-empoderamento e serviço à comunidade e o Sr. Salah Uddin fez um trabalho notável para ambos”, disse Craig Sanders, representante do ACNUR em Bangladesh. “A participação dos Escoteiros na limpeza da praia não apenas contribui para Bangladesh, mas também para a construção de um espírito de cooperação e compreensão entre os refugiados e as comunidades locais”.
Ziaur, escoteiro há um ano, disse que as garotas em seu campo têm inveja de suas oportunidades e também querem ter uma equipe própria. Suas vozes foram ouvidas e a espera talvez não seja longa.
“Mesmo que a tropa de escoteiros seja apenas um primeiro passo, nosso maior sucesso será quando começarmos o programa de Guias, para as meninas, (Girls Guides, em inglês) nos campos de refugiados”, disse G.M.Khan, diretora de programa da TAI, uma organização local que provê educação e serviços comunitários em ambos os campos.