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Começo da estação de navegação no Golfo de Aden faz primeiras vítimas

Comunicados à imprensa

Começo da estação de navegação no Golfo de Aden faz primeiras vítimas

Começo da estação de navegação no Golfo de Aden faz primeiras vítimasAté agora pelo menos três pessoas perderam a vida na tentativa de cruzar o Golfo de Aden a partir do Chifre da África até as costas do Iêmen.
17 Setembro 2010

ADEN, Iêmen, 17 de setembro (ACNUR) – Começou uma nova temporada de navegação para os migrantes e refugiados desesperados para cruzar o Golfo de Aden a partir do Chifre da África até o Iêmen e até agora pelo menos três pessoas perderam a vida nessa tentativa.

Todo ano, dezenas de milhares de pessoas sobem a bordo de barcos fragilizados de contrabandistas para fazer a perigosa travessia durante o período de setembro a junho, mas centenas morrem ou são assassinados todos os anos em alto mar. A maioria são somalis deslocados pelo conflito em seu país ou são refugiados etíopes. Eles atravessam a partir do norte da Somália ou do Djibuti.

Segundo os relatos dos que chegaram ao Iêmen nesta semana, um homem etíope foi espancado até a morte em um barco que transportava 105 imigrantes e refugiados africanos de uma aldeia perto do porto somali de Bosaso. A vítima estava sentada no convés em sufocantes condições e foi espancada pelos contrabandistas e trancada na casa de máquinas após implorar por água. O homem morreu e seu corpo foi atirado ao mar.

Na segunda-feira, duas mulheres da Somália, uma delas grávida de cinco meses, foram encontradas mortas por afogamento na costa da província de Shabwa, no Iêmen, uma vez que os contrabandistas desembarcaram os passageiros muito longe da costa, apesar do mar agitado. Outra pessoa está desaparecida e presumivelmente morta.

De acordo com as embarcações que chegaram, havia 55 somalis a bordo do barco, que partiu de outra aldeia a leste de Bossaso no último sábado. O barco navegou por mares tempestuosos por 41 horas antes de se aproximar de Bir Ali, 500 km a leste de Aden, mas os traficantes supostamente desviaram porque temiam ser capturados pelas autoridades iemenitas. Os passageiros foram obrigados a descer em águas profundas e apenas três chegaram até a costa. Os corpos das duas mulheres foram recuperados e enterrados perto de Bir Ali.

O parceiro local do ACNUR, a organização Society for Humanitarian Solidarity (SHS), proveu aos sobreviventes de ambos os barcos com biscoitos energéticos e água antes de transportá-los para o Centro de Recepção de Mayfa’a para registrá-los, dar assistência médica e descanso.

A Agência da ONU para Refugiados também está acompanhando uma situação dramática à parte na costa iemenita do Mar Vermelho. Nos últimos três meses, o ACNUR e seus parceiros no centro de trânsito de Bab El-Mandab, a 190 km a oeste de Aden, observaram um aumento da mortalidade entre os recém chegados etíopes de Djibuti.

Desde junho, mais de 40 corpos foram descobertos ao longo da costa do Mar Vermelho, no Iêmen. Além disso, um crescente número de etíopes recém chegados foram encontrados sofrendo violenta diarréia, vômitos e desidratação. A Sociedade do Crescente Vermelho do Iêmen e a SHS têm transportado estas pessoas às instalações médicas. A única clínica no campo de refugiados de Kharaz perto de Bab El-Mandab tratou 47 casos.

Esses etíopes começaram sua viagem por mar em Obock no Djibuti e disseram aos funcionários do ACNUR que muitas pessoas morrem diariamente em Obock por sofrer de diarréia grave. Eles dizem que os etíopes chegam a Obock exaustos depois de andarem por dois dias a partir da fronteira. Eles são detidos em Obock pelos traficantes somalis e djibutianos que os deixam por dias ou semanas sem acesso à comida e água potável.

Segundo os recém chegados etíopes, oito dos 10 poços em Obock estão contaminados e outros dois possuem água salgada. Fome, desidratação, água salgada e diarréia severa parecem ser as principais causas das mortes.

No Iêmen, o ACNUR estabeleceu mecanismos de encaminhamento, identificação e sepultamento dos corpos encontrados nas praias. A Sociedade do Crescente Vermelho do Iêmen, em coordenação com as autoridades locais, identifica as vítimas e emite relatórios médicos para confirmar a causa da morte. Uma ONG parceira local está emitindo atestados de óbito para os corpos encaminhados ao ambulatório de Kharaz. A maioria dos corpos foi enterrada nos arredores do estreito de Bab El-Mandab e outros no campo de Kharaz.

Segundo os dados disponíveis, desde o início do ano 32.364 migrantes e refugiados africanos chegaram ao Iêmen desde o Chifre da África a bordo de 677 embarcações de contrabandistas para fugir de situações de conflito, instabilidade, seca e pobreza. Durante este período, cerca de 50 pessoas perderam suas vidas no mar tentando chegar ao Iêmen devido a problemas de saúde e as condições sanitárias durante a viagem, afogamento ou ferimentos fatais nas mãos dos contrabandistas.

Rocco Nuri em Aden, Iêmen