Equador: Padeiro colombiano amassa seu futuro com a ajuda do ACNUR
Equador: Padeiro colombiano amassa seu futuro com a ajuda do ACNUR
QUITO, Equador, 7 de setembro (ACNUR) – A padaria de bairro “Delícias do Vale” em Quito tem produzido montanhas de massa desde que seu dono Carlos Quintero obteve um microcrédito com a ajuda da agência da ONU para Refugiados.
“Posso viver do meu próprio negócio. Pago o aluguel e posso alimentar meus filhos,” contou o refugiado de 48 anos aos funcionários do ACNUR que visitaram sua pequena loja, localizada sobre a encosta do vulcão Pichincha na capital equatoriana. “Consigo US$300 por semana, e posso economizar entre US$120 e US$150 por semana.”
A padaria abastece principalmente refugiados colombianos – há em torno de 40.000 pessoas de interesse do ACNUR em Quito de um total de 135.000 em todo o país. Mas 20% da clientela de Quintero é equatoriana – um tributo a sua personalidade agradável e suas qualidades como padeiro. Carlos é um exemplo de integração que o ACNUR promove para os refugiados em zonas urbanas.
Os refugiados podem matar a saudade dos sabores de sua terra natal em Delícias do Vale, cujo nome dá a entender o lugar de origem de Quintero. Ele é de Cali, capital do volátil departamento de Valle de Cauca, uma das três principais regiões de origem dos refugiados colombianos no Equador.
“Minha especialidade são produtos tradicionais da Colômbia: buñuelos, pandebono, cuajadas, pão colombiano e tortas de laranja," explicou enquanto a comida que sua esposa preparava cozinhava em fogo brando. O casal também serve pratos típicos colombianos e equatorianos no almoço para complementar a renda da padaria.
A situação não era nada boa quando Quintero chegou ao Equador. “Escapei da Colômbia em junho de 2004 porque era perseguido e temía por minha segurança,” explicou Quintero, que trabalhou como padeiro em Cali por 25 anos. “Eu gosto do Equador porque é tranquilo e seguro,” acrescentou.
Em pouco tempo, o pai de três filhos montou uma pequena padaria em Quito, mas – como muitos outros colombianos no Equador – encontrou certa hostilidade “por ser colombiano, e as pessoas não queriam comprar meus produtos”. Seu negócio o ajudou a ter boas relações com seus vizinhos equatorianos.
No ano passado, ele quis expandir a padaria. Quintero contatou o escritório do ACNUR em Quito para pedir ajuda. Encaminharam-no à Fundação Ambiente e Sociedade (FAS), agência implementadora dos programas do ACNUR que concede microcrédito como uma maneira de facilitar a integração dos refugiados colombianos, especialmente em zonas urbanas.
A organização não-governamental lhe deu US$100 para comprar equipamentos e outros materiais, e ele tambem recebeu um micro-crédito de US$400 de outras fundações. A FAS ofereceu, também, os componentes do forno que ele mesmo montou para economizar custos.
Essas injeções de capital permitiram a Quintero aumentar a variedade de produtos, contribuindo para a atividade econômica e o lucro. Ele pôde até mesmo empregar um equatoriano para ajudar com a sobrecarga de trabalho.
Animado com o sucesso, Quintero quer mais. “Preciso de mais dinheiro,” disse o emprendedor com um pouco de ambição. Abriu uma conta no banco em janeiro e solicitou um crédito de US$1.000 da Fundação Maquita Cushunchic, que usa de fundos do ACNUR para ajudar pequenos comerciantes – refugiados e equatorianos – que vivem em comunidades mistas.
“Tenho recebido muito apoio [do ACNUR e seus sócios] e sou independente. Mas o mais importante para mim agora é receber o crédito,” explicou Quintero, que colocou seu equipamento e sua loja como garantia.
Apoiar a integração de pessoas como Quintero através de empréstimos, programas de micro-crédito e capacitação é uma política chave para o ACNUR. “Dos quase 52.000 refugiados reconhecidos nesta data, 60% se encontra em centros urbanos – isso é um exemplo da importância da integração local como solução duradoura”, afirmou Deborah Elizondo, Representante do ACNUR no Equador. Apenas alguns são reassentados.
Enquanto isso, além do desejo de ver crescer seu império, o sucesso motivou Quintero a alcançar alguns outros objetivos pessoais. “Tenho planos. Quero construir uma casa nessa vizinhança,” disse. Mas, apesar de construir uma nova vida, ainda pensa em seu lar na Colômbia. “Sinto saudades de Cali. Gostaria de voltar algum dia.”