Vietnã põe fim ao limbo para 2.300 ex-cambojanos apátridas
Vietnã põe fim ao limbo para 2.300 ex-cambojanos apátridas
Cidade de Ho Chi Minh, Vietnã, 19 julho (ACNUR) - Em uma alegre cerimônia de cidadania, o Vietnã deu um passo inovador em direção ao último capítulo de uma saga de 35 anos para 2.300 ex-cambojanos apátridas.
“Estou muito feliz” disse Luong Vê, 77, o mais velho entre os 287 antigos refugiados que receberam o certificado de nacionalidade vietnamita na última sexta-feira, um documento valioso que agora dará a ele o acesso a um grande número de direitos que para muitas pessoas são bastante comuns.
Esse é o resultado dos esforços do ACNUR, juntamente com o governo vietnamita, para a resolução do legado do sangrento regime de Pol Pot no Camboja, entre 1970 e 1975. Os 2357 ex-cambojanos refugiados que receberão cidadania fugiram para o Vietnã em 1975, onde aprenderam a língua e se integraram totalmente em seu novo país.
Os 287 refugiados naturalizados no dia 16 de julho na cidade antes conhecida como Saigon, no sul do Vietnã, vivem no que foram dois campos de refugiados organizados pelo ACNUR em 1980. O restante está a caminho de conseguir sua documentação até o fim deste ano.
“Isto serve como um excelente exemplo da região para a solução da problemática dos apátridas e é uma ótima maneira de iniciarmos as comemorações do aniversário de 50 anos da Convenção para a Redução da Apatridia de 1961”, disse Thomas Vargas, conselheiro regional de proteção do ACNUR, que assistiu à cerimônia. Ele encorajou outros países asiáticos a seguirem o exemplo do Vietnã para o encontro de soluções para a apatridia.
No ano passado, o Vietnã também promulgou uma nova lei para preencher lacunas que deixaram centenas de mulheres apátridas após se casarem ou se divorciarem de homens estrangeiros.
Os recentes e valiosos documentos de cidadania- expostos entre bandeiras em um palco do Departamento de Justiça da cidade de Ho Chi Minh - irão conferir o registro familiar e a cédula de identidade que darão acesso a diversos serviços, tais como seguro saúde e social, habitação própria, educação superior e melhores empregos.
Ho Manh Cong, cuja família chegou ao Vietnã em 1975, nasceu na cidade de Ho Chi Minh há 28 anos, mas nunca pode comprar uma motocicleta por não possuir cidadania.
“Não ter a cidadania vietnamita criou vários problemas no meu cotidiano”, ele disse. “Eu trabalho para uma empresa há mais de cinco anos, mas ainda não posso usufruir do seguro social.”
Para Vu Anh Son, chefe das operações da ACNUR no Vietnã, a cerimônia foi tão emocionante quanto para os 287 que receberam os certificados.
“Eu conheço a maioria destas pessoas há 10 anos”, ele disse. “Tudo o que eles queriam era que a ACNUR os ajudasse a obter o status legal para que pudessem viver no Vietnã permanentemente porque não havia outra solução que forneceria a eles um bom futuro.”
“Isto é pelo que venho trabalhando junto ao governo do Vietnã por cinco anos. Eu estou maravilhado por dividir esta alegria com todas estas pessoas com o certificado de cidadania em mãos.”