No Sudão, plantar árvores diminui impacto ambiental de acolher refugiados
No Sudão, plantar árvores diminui impacto ambiental de acolher refugiados
KASSALA, Sudão, 1 de Julho 2010 ACNUR) – Conduza algumas horas para nordeste de Khartoum em direção a Kassala, perto da fronteira Sudanesa com Eritreia, e você irá encontrar uma das maiores conquistas do ACNUR na região – centenas de árvores a perder de vista.
O ACNUR plantou mais de 19 milhões de árvores através de um programa, lançado há 25 anos, para esverdear a paisagem desnuda do leste do Sudão. Espécies de acácia, eucalipto e outras mais, cobrem agora aproximadamente 28.400 hectares de terras que antes eram áridas.
A Agência para Refugiados tem conduzido o programa de reflorestamento como parte do seu mandato para proteger e auxiliar refugiados no leste do Sudão, incluindo aos que se encontram lá há mais de 40 anos.
Na década de 1980, mais de um milhão de refugiados vivia na área. Hoje, 66 mil refugiados da Etiópia e Eritreia vivem em 12 campos em quatro Estados do centro e leste; enquanto cerca de 40 mil residem em comunidades locais. Cerca de dois mil novos solicitantes de asilo chegam à fronteira todos os meses.
A presença de tantas pessoas vivendo na área e necessitando lenha para cozinhar e se abrigar tem tido um forte impacto no ambiente. O ACNUR lançou o programa de reflorestamento em 1985 numa tentativa de reequilibrar e sarar a terra generosamente cedida pelo país anfitrião.
O primeiro programa de reflorestamento em áreas impactadas pela presença de refugiados foi implementado para o ACNUR, entre 1985 e 1996, pelo Enso, uma organização não-governamental Finlandesa especializada em silvicultura. A Corporação Nacional de Florestas do Sudão (CNF), com o apoio do ACNUR, tem mantido essas atividades desde 1997.
A CNF fornece materiais, sementes e ferramentas, bem como treino e aconselhamento técnico em projectos agro-florestais que beneficiam os refugiados bem como a comunidade local. As mulheres executam a maioria dos projetos, que combinam atividades ambientais e de auto-confiança com a construção da paz.
Ao preservar árvores e arbustos, em vez de corta-los para ganhos temporários, estes projetos fornecem uma fonte sustentável para a aquisição de frutas, remédios e pasto. Também previnem a erosão, uma grande preocupação numa área cada vez mais invadida pelas areias do Sahara.
O ACNUR patrocina projetos agro-florestais e de reflorestamento dentro e ao redor dos campos onde sua equipe trabalha. No Campo de Refugiados KILO 26, novas árvores e terras de cultivos irrigadas cobrem 37 hectares.
Os cultivos, incluindo quiabo, tomate, pepino, melancia, feijão, cebola, sorgo, amendoim e pasto para os animais, são plantados entre as linhas das árvores, o que cria um microclima que aumenta a produção e possibilita o crescimento de vegetais fora de época.
Habitantes locais e refugiados asseguram o sucesso do projeto. Os seus viveiros produzem entre sete e oito mil sementes para campos ou quintais. O programa beneficia seis mil moradores locais e nove mil refugiados. “O projeto tem nos ajudado através da agro-florestamento, no cultivo de vegetais para consumo próprio e para venda nos mercados,” disse um refugiado.
A CNF tem um centro de treinamento para os refugiados no campo Shagarab, onde há aulas sobre conscientização ambiental, plantação de árvores, produção de sementes e uso de energia alternativa. Além disso, fogões de barro produzidos localmente reduziram o consumo de gasóleo em 40%.
“Envolver os refugiados através deste projeto de gestão de recursos naturais tem aumentado o sentimento de pertencimento e de responsabilidade dos refugiados, ao mesmo tempo em que beneficia o meio ambiente e as comunidades anfitriãs,” disse Dualeh Mohamed, um funcionário do ACNUR envolvido no programa.
Por Karen Ringuette em Kassala, Sudão