ACNUR diz ter recebido ordem para fechar escritório na Líbia

GENEBRA, 8 de junho (ACNUR) – A agência de refugiados da ONU disse, na terça-feira, ter sido ordenada pelo governo da Líbia a fechar seu escritório naquele país e a cessar suas atividades.

Ao falar em uma conferência de imprensa em Genebra, a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, disse aos jornalistas que o ACNUR esperava que o fechamento fosse temporário, e que as negociações para chegar a uma solução prosseguiam. No entanto, ela deu a entender que, até que a questão fosse resolvida, haveria dificuldades para atender às necessidades vitais dos refugiados.

"Nós lamentamos essa decisão, uma vez que acreditamos que o ACNUR tem muito trabalho a fazer na Líbia para proteger, auxiliar e encontrar soluções duradouras para os refugiados que lá estão", disse Fleming. "Isso deixará um enorme vazio para os milhares de refugiados e solicitantes de refúgio que já estão lá e, é claro, para aqueles que continuam a chegar em barcos toda semana".

O ACNUR tem trabalhado na Líbia desde 1991, a convite do governo. A maioria dos refugiados com os quais lida são palestinos e iraquianos, sendo os demais, geralmente, oriundos do Sudão, Somália, Eritreia, Libéria e Etiópia.

A questão do fechamento ganhou mais relevância na terça-feira, com a notícia de que um barco naufragante, carregando mais de 20 pessoas, principalmente eritreus, tinha sido interceptado por navios líbios, dentro da zona de busca e salvamento de Malta. Fleming referiu-se ao incidente na conferência de imprensa, expressando preocupação com a demora no resgate por parte das autoridades marítimas italianas e maltesas, que haviam sido alertadas sobre os pedidos de socorro provenientes do barco cerca de 24 horas antes.

O ACNUR teve 26 funcionários na Líbia, sendo todos, exceto três, cidadãos líbios. A Líbia não é signatária da Convenção de Refugiados de 1951 e não tem um sistema nacional para a concessão de refúgio. Na ausência de um sistema nacional para a concessão de refúgio, o ACNUR realizou o registro e o reconhecimento do status de refugiado, visitando centros de detenção e fornecendo auxílio médico e humanitário aos detidos.