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Refugiados de Kobani são encorajados a buscar abrigo no maior e mais novo campo da Turquia

Comunicados à imprensa

Refugiados de Kobani são encorajados a buscar abrigo no maior e mais novo campo da Turquia

Refugiados de Kobani são encorajados a buscar abrigo no maior e mais novo campo da TurquiaAysha, seu marido Wazam e os seis filhos estão entre os primeiros moradores do maior e mais novo campo de refugiados da Turquia.
20 Fevereiro 2015

SURUC, Turquia, 16 de fevereiro (ACNUR) - Aysha, seu marido Wazam e os seis filhos estão entre os primeiros moradores do maior e mais novo campo de refugiados da Turquia, inaugurado no final de janeiro para abrigar dezenas de milhares de refugiados sírios da cidade de Kobani, perto dali, do outro lado da fronteira.

Até o momento apenas 5 mil pessoas mudaram-se para o campo, que tem capacidade para abrigar 35 mil das cerca de 192 mil pessoas que deixaram Kobani por causa dos combates entre militantes e as forças curdas da Síria, que começaram em setembro do ano passado. Embora a maioria do 1,5 milhão de refugiados sírios na Turquia viva em áreas urbanas, muitos lutam para sobreviver sem nenhuma ajuda. Assim, as autoridades turcas tentam encorajar mais refugiados das regiões vizinhas a se estabelecerem no campo de Suruc.

Aysha e o marido Wazam, ambos com 51 anos, e os filhos – uma adolescente e cinco meninos entre 18 meses a 13 anos – partiram em direção ao campo pouco tempo após sua inauguração, em 25 de janeiro. A família fugiu da província de Raqqa no ano passado, lutou para por sua sobrevivência no leste da Síria e depois na Turquia, e chegou a Suruc desesperada.

"Para onde deveríamos ir? Nos esforçamos para chegar aqui", disse Aysha, de 38 anos, segurando no colo o filho mais novo, inquieto. Eles ouviram amigos e vizinhos comentando sobre o campo, dizendo que as instalações eram boas e espaçosas. E, principalmente, que não precisava pagar para viver no campo. "Não temos casa e nem dinheiro para aluguel. Nem sequer temos dinheiro para comprar açúcar", explicou Aysha.

O ACNUR encontrou a família de Kobani enquanto esperava para ser registrada por funcionários do campo. Suas informações foram inseridas em um banco de dados, eles foram fotografados e tiveram as impressões digitais recolhidas antes de receberem uma barraca e itens como fogão, colchões e cobertores.

O campo de Suruc, um dos 24 construídos pelo governo turco para os refugiados sírios (atualmente 230 mil) em toda a Turquia, é essencialmente uma pequena cidade,  segura, com lojas e restaurantes, uma escola em construção, rede de distribuição de água, energia elétrica, posto de bombeiros, etc. Mas, apesar dos atrativos, o número de pessoas que se desloca para Suruc não é tão alto quanto o esperado.

Mehmethay Ozdemir, diretor do campo, disse que a baixa procura se deve ao desconhecimento dos refugiados sobre a existência de Suruc e as boas condições de suas instalações. "Os problema é que os refugiados não estão cientes da existência deste campo", disse ele, antes de produzir uma leva de panfletos para serem distribuídos em cidades próximas para encorajar os sírios a buscarem o campo.​

A Presidência de Gestão de Emergência e Desastres, ligada ao governo, opera o campo e também está realizando contatos com a comunidade na cidade de Suruc e na cidade vizinha de Urfa, incentivando os líderes locais a divulgar o campo em cidades e aldeias. Ozdemir espera que estes esforços sejam recompensados e que as 7 mil tendas de Suruc sejam ocupadas até março. "Estamos levando este trabalho muito a sério", frisou.

Alguns dos públicos-alvo da campanha do governo incluem refugiados que vivem na aldeia de Saygin, a 14 km do campo, que estão sendo incentivados a se deslocarem. Mas, até agora, a maioria tem recusado.

"Eu sei que o campo é melhor, mas prefiro ficar aqui", disse Layla, uma refugiada de Kobani de 22 anos de idade. Do lado de fora de sua barraca improvisada à beira de uma área rural, Layla admitiu as condições de vida difíceis, especialmente quando chove e a terra vira lama. Porém, Layla insistiu que, “de modo geral, lá é mais confortável” e mais como um lar. "Aqui é menos cheio” que um campo de refugiados, acrescentou. 

De volta a Suruc, onde as tendas são dispostas em linhas retas e as estradas de cascalho são perpendiculares entre si, Aysha e sua família receberam cartões de identificação e foram apresentados a sua barraca poucas horas depois da chegada.

Funcionários do campo rapidamente descarregaram suprimentos de um caminhão para distribuí-los aos recém-chegados. Pouco depois, Aysha encontrou sua tenda, colchões embalados, um armário de cozinha, panelas e frigideiras que estavam amontoados na entrada.

Fumando um cigarro e tentando acalmar um dos filhos, Aysha assinou mais documentos enquanto sua filha empilhava um novo conjunto de pratos em uma prateleira. À noite, um micro ônibus distribuiu refeições na rua perto da casa nova de Aysha.

Apesar da recepção calorosa, o campo não pode substituir a casa de Aysha em Raqqa.

"Não me sentiria em casa nem se me dessem quilos de ouro", disse ela, de pé em meio a pilhas de mantimentos. "Ganhei tudo isso, mas não posso me sentir feliz".

Por Susannah George em Suruc, Turquia.