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Com apoio do ACNUR, refugiados em Botsuana agora têm acesso a antirretrovirais

Comunicados à imprensa

Com apoio do ACNUR, refugiados em Botsuana agora têm acesso a antirretrovirais

Com apoio do ACNUR, refugiados em Botsuana agora têm acesso a antirretroviraisCom pequenos gritos de alegria, o jovem Elvis corre para saudar sua mãe, enquanto ela caminha lentamente em direção à cabana da família no campo de refugiados ...
25 May 2010

DUKWI, Botsuana, 25 de maio (ACNUR) – Com pequenos gritos de alegria, o jovem Elvis corre para saudar sua mãe, enquanto ela caminha lentamente em direção à cabana da família no campo de refugiados de Dukwi, no nordeste de Botsuana.

A criança zimbabuana, de quase três anos, é a própria imagem da saúde. Porém, há um ano, por ser portador do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, na sigla em inglês), ele estava à beira da morte. Elvis mal conseguia sentar-se direito. Seu corpo estava arruinado por infecções oportunistas, inclusive tuberculose, e era constantemente hospitalizado para tratamento.

A infecção foi transmitida a ele através de sua mãe, Silibaziso, uma ex-ativista da oposição que fugiu com sua família para Botsuana, temendo agressões físicas depois das eleições presidenciais e parlamentares no Zimbábue, em 2008. Sabendo que seu filho necessitava de medicamentos antirretrovirais (ARV) para sobreviver, ela pediu insistentemente a ajuda do ACNUR.

“Eu vinha ao escritório do ACNUR todos os dias e implorava para ser transferida a outro campo de refugiados na região, onde Elvis teria acesso aos ARV”, recorda Silibaziso. Isso era impossível porque o governo só permitia que cidadãos botsuanos recebessem tratamento com antirretrovirais, em um país que tem o terceiro mais alto índice de infecção por HIV na África, de acordo com números da ONU.

Mas a agência de refugiados repetidamente instou Botsuana a mudar sua política e, graças a essa persistência, o governo, em abril de 2009, concordou em permitir que o ACNUR oferecesse, com apoio dos Estados Unidos, programas de prevenção e tratamento de HIV aos refugiados.

A mudança na orientação do governo veio bem a tempo de salvar Elvis, mas muitos outros haviam morrido antes de conseguirem acesso a medicamentos antirretrovirais, que podem manter a infecção por HIV sob controle e minimizar infecções oportunistas, ajudando, assim, a prolongar a vida.

“Em média, os refugiados soropositivos morriam à razão de quatro por mês. Era um sério problema de proteção”, explicou Marcella Farelly-Rodriguez, uma oficial de proteção do ACNUR em Dukwi. Antes da introdução do novo programa de HIV, em abril do ano passado, cerca de dois terços de todas as mortes em Dukwi entre janeiro e maio foram causadas pela AIDS.

Uma vez que a nova política do governo foi anunciada, o ACNUR organizou uma reunião com os refugiados, em Dukwi, e convidou aqueles que procuravam ajuda a entrar em contato com o ACNUR ou com os funcionários da parceira de implementação da agência, a Cruz Vermelha de Botsuana. “Eu era a primeira da fila para conseguir tratamento para Elvis”, revela Silibaziso Mpofu.

Os refugiados em Dukwi agora podem optar por fazer testes de HIV no posto de saúde mantido pelo governo no acampamento. Se o resultado for positivo, eles recebem aconselhamento da Cruz Vermelha de Botsuana. Depois, são transportados à clínica do Rio Tati, em Francistown, a aproximadamente 90 minutos dali, para mais testes e para receberem gratuitamente os medicamentos ARV, caso seja necessário.

Até agora, 200 refugiados se registraram no programa, dos quais 130 pessoas necessitam de tratamento ARV. Um programa comunitário de Prevenção da Transmissão de Mãe para Criança também foi lançado no assentamento, junto com outras campanhas de prevenção.

“O ACNUR luta para que os refugiados sejam incluídos em programas nacionais de HIV, e embora isto seja idealmente o que o ACNUR gostaria de ter em Botsuana, por agora estamos gratos pelo governo ter permitido que os refugiados tenham acesso ao tratamento, ainda que através de um programa paralelo”, disse Gloria Puertas, coordenadora regional sênior para HIV/AIDS do ACNUR.

Thembay Mguni, um refugiado zimbabuano que trabalha com a Cruz Vermelha de Botsuana, disse que o número de pessoas solicitando testes “aumentou, e o estigma de ser soropositivo está diminuindo. Antes, as pessoas se perguntavam por que deveriam fazer o teste, se não havia nenhum remédio – mas tudo isso mudou”.

Enquanto isso, Elvis agarra-se à saia da mãe, que se vira para caminhar de volta ao escritório da Cruz Vermelha de Botsuana, onde é conselheira. Ela suavemente solta as mãos dele e o deixa sob os cuidados de sua irmã, enquanto está no trabalho. “Eu amo você, Elvis, volto logo”, ela diz, acrescentando: “Sou muito grata ao governo de Botsuana e ao ACNUR por conseguirem esse tratamento para ele. Eu não acho que ele estaria aqui, agora, se tivesse ficado sem recebê-lo por muito mais tempo”.

Botsuana abriga mais de 3.000 refugiados em Dukwi, principalmente do Zimbábue, Namíbia, Angola, Somália, República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi. O governo fornece educação e saúde em Dukwi.

Tina Ghelli, em Dukwi, Botsuana