Número de deslocados na Ucrânia se aproxima de um milhão à medida que conflitos aumentam na região de Donetsk
Número de deslocados na Ucrânia se aproxima de um milhão à medida que conflitos aumentam na região de Donetsk
KIEV, Ucrânia, 6 de fevereiro (ACNUR) – A Agência das Nações Unidas para Refugiados divulgou na última semana que os conflitos no leste da região de Donetsk, na Ucrânia, estão gerando novos deslocamentos, elevando o número de pessoas internamente deslocadas já registradas no país para cerca de um milhão.
De acordo com o Ministério de Políticas Sociais da Ucrânia, o número de deslocados em todo o país está em torno de 980 mil e tende a subir com o registro das pessoas mais recentemente deslocadas. Além disso, cerca de 600 mil ucranianos têm buscado refúgio ou outras formas de permanência legal em países vizinhos, particularmente na Rússia, mas também Belarus, Moldávia, Polônia, Hungria e Romênia, desde fevereiro de 2014.
O porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, disse a jornalistas em Genebra que as equipes da agência reportam que que conflitos pesados na região de Donetsk ao longo das últimas duas semanas têm resultado na destruição massiva de edifícios e infraestrutura, além de provocar o colapso de serviços básicos.
“Autoridades locais começaram a evacuar pessoas de zonas de conflito, mas muitas ainda estão presas pelos embates, inclusive em porões e edifícios sob constante bombardeio. As evacuações estão sendo organizadas pelo governo com ajuda de voluntários locais”, afirmou Edwards.
Mais de 2.800 civis, incluindo cerca de 700 crianças e 60 pessoas portadoras de necessidades especiais, foram retiradas das cidades de Debaltseve, Avdiika e Svitlodar, onde os combates estão acirrados. Foram reportados diversos bombardeios de ônibus transportando civis sendo retirados das zonas de conflito.
O Governo ucraniano disse estar preocupado que as áreas próximas à linha de frente, que também estão sob forte bombardeio, não poderão acomodar as novas chegadas. consequentemente, as pessoas terão de se deslocar para locais mais distantes no centro, sul e oeste do país.
As pessoas retiradas estão sendo levadas para cidades controladas pelo governo no norte de Donetsk, tais como Slovyansk, Sviatohirsk, Kramatorsk e Grodivka, bem como para a região vizinha de Kharkiv. O transporte delas é feito por carros e ônibus e, no caso das mais vulneráveis, de trem. Algumas delas estão temporariamente acomodadas em vagões de trens na estação ferroviária em Slovyansk, aguardando transporte para seguir viagem.
Além das evacuações organizadas, os civis continuam abandonando as zonas de conflito por seus próprios meios, encarando inúmeros perigos no caminho. “Como muitas casas e outras estruturas civis estão avariadas ou destruídas, o ACNUR espera que mais pessoas desloquem-se para áreas no centro, sul e oeste da Ucrânia sob o controle do governo, mas também para áreas não controladas pelo governo nas regiões de Donetsk e Luhansk”, disse o porta voz do ACNUR.
As equipes do ACNUR em campo reportam que muitos dos recentemente deslocados estão chegando com poucos pertences e sem roupas adequadas para o inverno. Para atender as necessidades mais urgentes, o ACNUR, por meio de redes e ONGs locais, começou a distribuir itens de emergência nas áreas do norte de Donetsk, principal local de chegada de deslocados provenientes de zonas de conflito. Cerca de 2 mil pessoas recém-chegadas e em situação mais vulnerável receberam cobertores, sacos de dormir, roupas de cama, roupas quentes e vasilhas.
Além disso, cerca de 1.600 deslocados recém-chegados de Debaltsevo e Vuhlehirsk foram atendidos por parceiros do ACNUR em zonas afetadas pelo conflito que não estão sob controle do governo.
A falta de acesso a serviços públicos anteriormente fornecidos pelas autoridades centrais piorou drasticamente o estado da população civil em áreas fora do controle do governo. A situação foi agravada pela restrição de movimento de pessoas e bens. A eclosão dos embates limitou também o fornecimento de bens emergenciais necessários em zonas de conflito.
“O ACNUR mantém seu pedido a todos os lados do conflito para evitarem quaisquer ações que possam pôr em perigo a vida de civis, e a aderirem aos princípios do Direito Humanitário Internacional”, reiterou Edwards.
Por Nina Sorokopud em Kiev, Ucrânia