Grameen Trust fecha acordo com ACNUR para incentivar geração de renda
Grameen Trust fecha acordo com ACNUR para incentivar geração de renda
GENEBRA, 19 de janeiro (ACNUR) – A empresa de microcrédito criada pelo economista ganhador do prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, em Bangladesh, assinou um acordo com o ACNUR para ajudar milhares de pessoas que foram forçadas a se deslocar à força a criarem seus próprios negócios e se tornarem auto-suficientes. O acordo poderá beneficiar milhões de refugiados e deslocados internos em todo o mundo.
Segundo o memorando de entendimento assinado recentemente por Yunus e o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, o Grameen Trust criará programas de fornecimento de microcréditos para esta população deslocada, principalmente refugiados, retornados e deslocados internos.
O acordo de três anos prevê inicialmente a cooperação em 14 países na África, América, Ásia e Europa, onde as duas organizações acreditam que há uma demanda de serviços de microcréditos para estimular meios de subsistência e a auto-sustentabilidade das populações atendidas pelo ACNUR. Um estudo preliminar de viabilidade será realizado no início deste ano em três destes países – Egito, Tanzânia e África do Sul.
O ACNUR e a equipe do Grameen Trust avaliarão o número e o perfil de beneficiários. O projeto também procurará reativar e melhorar as atividades de microcréditos que o ACNUR já possui. Em geral, o Grameen Trust cria programas de geração de renda ou ampliação de financiamento, com base em uma abordagem pioneira desenvolvida pela instituição bancária Grameen Bank, que é replicada no mundo todo.
O preâmbulo do Memorando de Entendimento declara que o acordo tem como objetivo fornecer “oportunidades de melhoria de vida, inclusive através de microcréditos, para promover subsistência segura e produtiva e o bem-estar econômico das pessoas de interesse [do ACNUR].”
Resultados concretos incluem “acesso direto aos serviços do Grameen Trust para população de interesse... em locais onde exista o Grameen Trust e em países de prioridade para os programas de subsistência do ACNUR”, afirma o documento.
“O Banco Grameen forneceu o acesso ao microcrédito a milhões de pessoas pobres”, observou Guterres, que discutiu pela primeira vez um acordo de cooperação com o Professor Yunus em Genebra, há dois anos. “Eu acredito que o Grameen Trust possa fazer uma contribuição fundamental para a auto-suficiência dos refugiados e para a promoção do modo de vida sustentável”, acrescentou.
Microcréditos são importantes para o ACNUR, pois ao permitirem que as pessoas executem seus próprios negócios e aprendam novas habilidades, pode também ajudar os deslocados – especialmente mulheres – a se tornarem auto-suficientes, prepará-las caso voltem para casa, se integrarem em seu país de acolhida ou iniciarem uma nova vida em um país de reassentamento.
No entanto, apesar de seus benefícios, os microcréditos nem sempre são considerados nas operações de refugiados. Em alguns casos, as políticas dos governos de acolhida de refugiados podem impedir o acesso às instituições financeiras. Em outros, o pouco conhecimento do ACNUR e de seus parceiros sobre microcrédito é um fator limitador.
É na superação destas e de outras limitações, que o ACNUR tem estabelecido parcerias com organizações como o Grameen Trust e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Yunus, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2006 por idealizar o Grameen Bank, foi apelidado de “Banqueiro dos Pobres”. Ele começou o projeto Grameen no povoado de Jobra, em Bangladesh, em 1976. Em 1983, o projeto foi transformado em um banco formal para ajudar as pessoas a escapar da pobreza com o apoio de pequenos empréstimos, ou microcréditos.
O Grameen Trust foi criado seis anos depois, para auxiliar pessoas pobres dentro e fora de Bangladesh, oferecendo serviços pioneiros de redução da pobreza criados pelo Banco Grameen. Entre essas medidas estão a oferta de treinamento e assistência técnica, criação de empregos, renda e gesta de capacidades para a população carente. O Grameen Trust tem mais de 140 parceiros em 38 países.