Conflito na Somália devasta a população civil, adverte ACNUR
Conflito na Somália devasta a população civil, adverte ACNUR
GENEBRA, 13 de janeiro (ACNUR) – O conflito na Somália está devastando a população civil e provocando um crescente deslocamento interno, advertiu hoje em Genebra o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
De acordo com o porta-voz da organização, Andrej Mahecic, no início deste mês mais de 150 pessoas foram mortas ou feridas e outras sete mil foram deslocadas pelos últimos confrontos entre dois grupos militares rivais, Al Shabaab e Ahlu Dunna Wal Jaama, nas regiões de Dhusamareb, Galgaduud, no centro da Somália. Este deslocamento pode ser ainda maior, conforme relatórios ainda inconclusos.
Além disso, aumenta o número de somalis que buscam proteção nos países vizinhos. De acordo com o ACNUR, cerca de três mil somalis foram registrados como refugiados na Etiópia só em dezembro. A estimativa de recém-chegados a cada dia subiu de cem para 150. Estabelecido há nove meses, o campo de refugiados de Bokolmanyo, no sudeste da Etiópia, já abriga mais de 22 mil pessoas e já está com sua capacidade esgotada. “Registramos cerca de quatro mil novos refugiados no centro de trânsito Dolo Ado, na fronteira entre Etiópia e Somália, que serão levados a um segundo campo que o ACNUR está estabelecendo para responder ao crescente fluxo vindo da Somália”, explicou o porta-voz. No Quênia, mais de quatro mil somalis foram registrados como refugiados em Dadaab, desde dezembro.
Em Dhusamareb, ONGs locais parceiras do ACNUR relatam que os deslocamentos afetam 16 aldeias da região. “A maioria dos deslocados está vivendo sob árvores, e muitas crianças ficaram doentes por causa das noites frias. Temendo novos combates, os deslocados afirmam que pensam em retornar às suas casas antes da situação ser estabilizada”, afirmou Mahecic.
A falta de segurança está impedindo uma intervenção imediata do ACNUR. Segundo o porta-voz da organização, a agência da ONU para refugiados está planejando com ONGs locais maneiras de prestar assistência aos deslocados pelos últimos combates o mais rápido possível. “Muitas partes da região Central da Somália estão enfrentando uma explosão de combates, incluindo partes da capital Mogadishu e Beled Weyne, e a região de Hiraan. Devido ao conflito contínuo, a população civil está extremamente vulnerável, com serviços e meios de subsistência interrompidos e cada vez mais limitados” disse.
Agencias de ajuda temem o aumento da insegurança, a seca, e a suspensão dos alimentos no sul das regiões centrais poderiam aprofundar as crises humanitárias da Somália, e provocar grandes escalas de afluxo nos países vizinhos, e nos países próximos à Somália.
No ano passado, mais de 110 mil somalis pediram refúgio no Quênia (55 mil pessoas), Iêmen (32 mil pessoas), Etiópia (22 mil pessoas) e Djibout (três mil pessoas0), elevando o número total de somalis na região para mais de 560 mil refugiados.