Pelo menos 35.000 civis congoleses deslocados devido a conflitos na província de Kivu Sul
Pelo menos 35.000 civis congoleses deslocados devido a conflitos na província de Kivu Sul
GOMA, República Democrática do Congo, 24 de Julho (ACNUR) – O início de novos conflitos na província congolesa oriental de Kivu Sul obrigou 35.000 civis a deixar as suas casas nas duas últimas semanas.
Estos últimas deslocamentos da população eleva para perto de 536.000 o número total de civis forçados a deslocarem-se no Kivu Sul desde Janeiro. Estes deslocamentos forçados são resultado dos conflitos entre forças do governo e rebeldes ruandeses e ainda dos ataques de represália a civis.
"Estamos seriamente receosos que estes novos conflitos no Kivu Sul tenham um impacto negativo no repatriamento voluntário, promovido pelo ACNUR, de refugiados congoleses da vizinha Tanzânia, cuja maioria é proveniente daquela província congolesa" disse na passada sexta-feira um porta-voz do ACNUR.
As estimativas iniciais do ACNUR mostram que pelo menos 35.000 pessoas estão deslocadas na planície do rio Ruzizi, onde a República Democrática do Congo faz fronteira com o Ruanda e com o Burundi. Segundo informações recebidas estas pessoas fugiram depois de o governo lançar, em 12 de Julho, uma nova campanha militar na área de Uvira, em Kivu Sul. A campanha visa o desarmamento das chamadas Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR) e das suas milícias locais aliadas.
Muitos dos residentes de Lemera e de Mulenge, duas das principais cidades no norte da região de Uvira, teriam fugido e estima-se que 19.000 pessoas se terão escondido nas florestas e nas vilas perto de Lemera.
A maioria dos civis deslocados procura proteção junto a famílias nas áreas onde é ainda seguro, outros procuram abrigo em escolas, igrejas e em outros edifícios públicos. Os deslocados internos (DIs) nas áreas de conflito das montanhas do centro da região de Plateaux permanecem quase completamente inacessíveis.
Há relatórios de DIs sobre as atrocidades, incluindo acusações do assassinato, violação e tortura por parte dos rebeldes de FDLR. As populações em fuga relatam também detenções arbitrárias, raptos, extorsões e tributação forçada pelo FDLR e pelos vários grupos armados que apoiam os rebeldes hutus ruandeses.
Devido à falta de acesso e à insegurança é extremamente difícil estimar um número para os últimos deslocamentos. Até agora, o ACNUR tentou registar provisoriamente uns 20.000 indivíduos na linha central de Luberizi – Kamanyola, ao longo da fronteira com Burundi, onde a maioria dos DIs se reuniu.
O escritório do ACNUR, situado na cidade de Bukavu em Kivu Sul, relata que há famílias que continuaram a deslocar-se ao longo da semana. Avaliações preliminares conduzidas em coordenação com outros parceiros humanitários mostram que estas pessoas precisam de alimentos, água, medicamentos e outros itens básicos como cobertores, colchões e utensílios de cozinha.
A agência das Nações Unidas para refugiados segue monitorando a situação dos mais vulneráveis, identificando pessoas em risco e com necessidades específicas, incluindo vítimas de violência sexual e de detenção arbitrária. O ACNUR avaliará igualmente a necessidade de abrigos, de forma a minimizar a pressão a que as famílias de acolhimento e a comunidade local estão sujeitas.
O número total de pessoas deslocadas devido à violência e aos conflitos na parte oriental da República Democrática do Congo excede os 1.8 milhões.