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Lewis Hamilton reforça importância de garantir acesso de refugiados à educação

Comunicados à imprensa

Lewis Hamilton reforça importância de garantir acesso de refugiados à educação

16 Setembro 2022
© Divulgação

'Educação para todos' deve significar o que diz: pessoas refugiadas incluídas.

Como disse certa vez o incrível Nelson Mandela, “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."

A educação é uma chave que pode abrir muitas portas, mas nem todos têm garantia de acesso equitativo a uma educação de qualidade. Eu enfrentava dificuldades na escola, não importa o quanto eu tentasse. Em parte, isso foi porque eu tinha dislexia, que não foi diagnosticada até os 17 anos, mas também porque tive minha confiança abalada por professores que me disseram que eu não era suficientemente inteligente e que eu não seria nada. Eles olharam para mim, para o meu passado e para a cor da minha pele e subestimaram o meu potencial.

É um sentimento familiar a muitos jovens, particularmente aqueles de comunidades marginalizadas cujos talentos e habilidades são descartados antes que eles tenham a chance de provar a si mesmos. Por muito tempo, a trajetória educacional de uma pessoa foi influenciada por sua origem – sua aparência, o perfil social e econômico de sua família, sua religião e fatores semelhantes.

E ninguém sabe disso melhor do que um jovem refugiado, porque muitos dos fatores que determinam seu futuro estão totalmente fora de seu controle.

A lista de barreiras é longa. Não existem apenas questões práticas, como a falta de escolas, professores qualificados, materiais didáticos ou computadores. As pessoas refugiadas também enfrentam os desafios de serem deslocadas – barreiras linguísticas, separação de suas redes de apoio, amigos e familiares, períodos  prolongados fora da sala de aula, discriminação e alienação.

No meu caso, consegui provar que os céticos estavam errados. Hoje, graças ao apoio da minha família e de muitos outros, viajo o mundo fazendo o meu trabalho dos sonhos. Como piloto de corrida, atingi o nível mais alto no meu esporte. Embora minha formação não tenha tido o melhor começo, ela desempenhou um papel fundamental em todos os aspectos da minha carreira – e ainda estou aprendendo, trabalhando ao lado de engenheiros, mecânicos e cientistas de dados da Fórmula 1. É uma indústria empolgante e gratificante, e que qualquer pessoa deve poder acessar se tiver habilidades, paixão e determinação. E, no entanto, neste momento é uma indústria que não reflete a sociedade em geral.

“ Tive minha confiança abalada por professores que me disseram que eu não era inteligente o suficiente e que eu não seria nada"

Ano após ano, observei as fotos de final de temporada das dez equipes de F1. Fotos de homens e mulheres brilhantes – mas tão poucas pessoas de cor. Quando me tornei o primeiro piloto negro de Fórmula 1, pensei que isso incentivaria crianças de origens mais diversas a se envolverem no esporte. Infelizmente, esse não foi o caso – e eu tive que me perguntar, por quê? Então comecei a olhar mais fundo para entender as razões.

A Comissão Hamilton é um projeto de pesquisa que fundei em parceria com a Royal Academy of Engineering. O projeto destacou os desafios da indústria do automobilismo, mas também identificou uma série de barreiras persistentes na educação. Para minha surpresa, muitos dos problemas que vivenciei na escola ainda estavam afetando o acesso e a inclusão de jovens marginalizados na educação hoje. O relatório da Comissão Hamilton levantou questões sobre justiça, oportunidade e diversidade, e sobre a necessidade urgente de combater a desigualdade enfrentada pelos jovens desfavorecidos.

Essas lições têm ressonância global. Hoje, existem mais de 10 milhões de pessoas refugiadas em idade escolar em todo o mundo, jovens que estão perdendo as oportunidades de mudança de vida que a educação pode oferecer. Se não fizerem parte do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 da ONU – garantir educação de qualidade inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos – esse objetivo permanecerá não cumprido. “Para todos” deve significar o que diz.

“Tenho orgulho de emprestar minha voz à campanha para que as pessoas refugiadas tenham acesso justo e igualitário a uma educação de qualidade total”

A educação não apenas amplia os horizontes das pessoas e apresenta-lhes oportunidades que de outra forma nunca sonhariam em ter. Ela neutraliza os efeitos prejudiciais da injustiça sistêmica. E não se trata apenas de criar melhores oportunidades de vida para os jovens, ajudando-os a encontrar seu propósito e construir seu próprio futuro. É sobre os efeitos indiretos disso: maior diversidade em cargos de liderança e influência no mundo do trabalho, no esporte, na cultura e na política.

Nelson Mandela entendeu isso melhor do que ninguém. Em 2004, ele afirmou estar se aposentando da vida pública, mas na realidade foi um militante até o fim de seus dias. Como ele disse: “Enquanto a pobreza, a injustiça e a grande desigualdade persistirem em nosso mundo, nenhum de nós poderá realmente descansar”.

A menos que resolvamos essas injustiças e desigualdades, uma sociedade mais justa continuará sendo um slogan de campanha vazio e a injustiça prevalecerá.

É por isso que tenho orgulho de emprestar minha voz à campanha pelas pessoas refugiadas, independente de onde estejam ou de onde venham, para que tenham acesso justo e igualitário a uma educação de qualidade.