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Cerimônia, esporte e artesanato: saiba como foi a celebração dos 100 dias do novo abrigo indígena

Comunicados à imprensa

Cerimônia, esporte e artesanato: saiba como foi a celebração dos 100 dias do novo abrigo indígena

23 Junho 2022
Indígena da etnia Warao exibe artesanato durante evento marcando 100 dias do abrigo Waraotuma a Tuaranoko e o Dia Mundial do Refugiado. ©ACNUR/Tainanda Soares
Boa Vista, 23 de junho de 2022 - “Meu plano nunca foi viver em um abrigo. Mas isso foi necessário, mesmo se de maneira temporária, e hoje sou muito grata, pois foi fundamental para que minha filha tivesse atenção médica e cuidados básicos garantidos”, conta a indígena venezuelana Merlina Romero, mãe de uma criança com necessidades especiais.

Hoje, ela vive no Waraotuma a Tuaranoko, maior abrigo para pessoas refugiadas e migrantes indígenas da América Latina, que acaba de completar 100 dias de funcionamento. O abrigo é um dos equipamentos da Operação Acolhida, resposta governamental ao fluxo de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela para o Brasil.

Com capacidade para abrigar 1.500 pessoas e infraestrutura culturalmente adaptada aos costumes e práticas das indígenas da Venezuela, o espaço é gerido pelo Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização por meio de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Cidadania e o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), com o apoio da AVSI Brasil.

Na última segunda-feira, Merlina e os moradores do abrigo participaram das atividades que celebraram o centésimo dia de funcionamento do local. Ela vive no Tuaranoko desde sua inauguração, em 14 de março de 2022.

Da etnia Pemon, Merlina encontrou no Tuaranoko um espaço seguro para ficar enquanto esperava para se reunir com suas irmãs. Agora, ela, o marido e os filhos estão na lista de espera para serem levados ao Paraná, onde irá se encontrar com seus familiares e pretende trabalhar. “Agora me sinto pronta para continuar, agradecida pelos 100 dias que estive no abrigo”, diz Merlina, que compartilhou sua experiência com a população abrigada e os convidados que participaram da celebração pelos 100 dias do abrigo.

As atividades coincidiram com o Dia Mundial do Refugiado (observado em todo mundo no dia 20 de junho), que neste ano reforça a mensagem de que todas as pessoas, não importando onde ou quando, têm o direito de serem protegidas em caso de guerras, perseguições e violações dos seus direitos humanos.  O abrigo Waraotuma a Tuaranoko prova que isso é possível.

A programação do aniversário de 100 dias começou pela manhã com as finais dos campeonatos de vôlei e futebol, disputados por equipes formadas pelos moradores dos abrigos, além de concurso de culinária, com a preparação de domplinas, um prato tradicional da Venezuela. A narração do campeonato e a premiação ficaram a cargo de Hermes Mariano, que é um morador Warao entusiasmado com o novo espaço.

“As carpas aqui são mais confortáveis, gosto do espaço amplo desse abrigo”, comentou Hermes, ex-morador do Pintolândia - abrigo indígena que foi desativado com o início das atividades do Tuaranoko. Ele se mudou para o novo espaço logo após a sua inauguração e relata que a Operação Acolhida lhe garantiu dignidade. Mas agora ele busca a autossuficiência. “Quando vim da Venezuela, comia só inhame. Aqui estou melhor, me alimento bem, já fiz vários cursos. Agora quero um emprego, para não depender mais do abrigo”, disse ele.

Hermes Mariano fala na cerimônia dos 100 dias do abrigo Tuaranoko. ©ACNUR/Pedro Sibahi

As atividades para marcar os 100 dias do Tuaranoko e o Dia Mundial do Refugiado no abrigo tiveram a participação de representantes do ACNUR, da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida e da AVSI Brasil. Também estiveram presente Dorete Padilha, Diretora Técnica do Sebrae-Roraima e outras organizações parceiras que atuam na Operação Acolhida em Roraima.

Representando o ACNUR, o chefe do escritório de Boa Vista, Oscar Sanchez, afirmou que é um orgulho ver como o abrigo Tuaranoko se consolidou como espaço de estabilização para a população indígena refugiada e migrante, com opções mais amplas de moradia e lazer.

Destacou também que “os abrigos são pensados para serem locais temporários de acolhida e que justamente por isso o ACNUR segue trabalhando em iniciativas para fomentar a integração econômica e social da população refugiada e migrante, visando a independência financeira dessas pessoas e que consigam se integram no país que escolheram para viver.”

A Coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização (SUFAI), Niusarete Margarida de Lima, não pode estar presente no evento, mas enviou seus agradecimentos e uma mensagem, na qual reforçou o tema para o Dia Mundial do Refugiados de 2022, segundo o qual “Seja quem for, seja quando for, seja onde for, todas as pessoas têm direito a buscar proteção”. Niusarete frisou em sua mensagem que “não podemos nos esquecer da existência desses milhões de pessoas ao redor do mundo que foram obrigadas a abandonar suas casas e suas pátrias enfrentando todo tipo de diversidade e violação de direitos. Recebê-los com dignidade é uma atitude de respeito aos direitos humanos”.

Heli Mansur, gerente da AVSI Brasil em Roraima, destacou que “o abrigo Tuaranoko foi pensado conjuntamente com a população indígena refugiada e migrante para que atendesse da melhor maneira possível suas especificidades culturais. Assim, conta com fornos tradicionais a lenha para o preparo de alimentos, além de moradias duplas com estrutura para redes e espaços de lazer”.

Segundo o Tenente-Coronel Charleston de Oliveira Fernandes, coordenador do abrigo que também participou do evento, “os 100 dias de criação do Waraotuma a Tuaranoko, representam a materialização da ajuda humanitária prestada aos venezuelanos indígenas pela Operação Acolhida”. Ele destacou ainda a atuação conjunta com diferentes agências e organizações de maneira integrada.

Após a cerimônia, a população refugiada e migrante do abrigo pode acompanhar uma palestra sobre empreendedorismo ministrada pelo SEBRAE-RR, enquanto jornalistas e representantes de outras organizações foram convidados a conhecer o espaço em uma visita guiada.