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Cidade polonesa transforma ginásio em centro para acolher refugiados da Ucrânia

Comunicados à imprensa

Cidade polonesa transforma ginásio em centro para acolher refugiados da Ucrânia

31 Março 2022
O Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, visitou o ginasio que foi transformado em centro de acolhimento na cidade fronteiriça de Medyka, na Polônia.

Marek Iwasieczko dorme em média apenas quatro horas por noite desde que as bombas começaram a cair na Ucrânia.

Iwasieczko, 64 anos, é prefeito da comuna de Medyka desde 2006. A cidade fica logo após a fronteira da Ucrânia, na Polônia, 85 quilômetros a oeste de Lviv, cidade onde milhões de pessoas aguardam temerosamente antes de decidir se deixam a Ucrânia ou não. Medyka, na Polônia, é o maior ponto de passagem para refugiados que fogem de suas vidas arruinadas na Ucrânia.

4 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o começo da guerra. Ajude agora mesmo quem não teve outra escolha a não ser deixar tudo para trás.

“Claramente não estávamos esperando isto”, disse Iwasieczko ao ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, em uma recente visita ao centro de recepção da cidade, um pavilhão esportivo convertido com capacidade para 240 leitos.

“A prioridade é a vida humana, garantir que ninguém morra de frio ou de outras necessidades. De fato, na semana passada a temperatura durante a noite caiu para -12ºC  aqui. Tivemos sorte que ninguém morreu”, disse. “Acomodamos mais de 700 pessoas, que estavam esperando pelo ônibus de trânsito, em cada esquina, para mantê-las aquecidas."

Dado seu tamanho modesto, a cidade recebeu um número desproporcionalmente grande dos mais de 4 milhões de refugiados da Ucrânia que até agora cruzaram a fronteira para a Polônia. A maioria precisa de um lugar para fazer uma pausa, reencontrar conhecidos e se recuperar antes de seguir a jornada rumo a outras cidades na Polônia ou além.

Iwasieczko entrou imediatamente em ação, trabalhando com moradores locais, ONGs, polícia e bombeiros para transformar o ginásio em um centro de recepção. Animais de estimação são mantidos em um prédio próximo. “Fomos os primeiros a criar um centro de acolhimento por estarmos mais próximos da fronteira e tivemos o maior fluxo nos primeiros dias”, disse. “As autoridades regionais estão nos apoiando.”

Quando o ACNUR visitou o local, o centro estava com apenas 20% da capacidade, embora os recém-chegados tendam a chegar à noite. O ACNUR vem colocando funcionários nas regiões fronteiriças e áreas urbanas para ajudar a monitorar as chegadas, fornecer informações aos refugiados sobre suas opções, aconselhar sobre a seleção de voluntários que ajudam os refugiados e oferecer apoio especializado em proteção infantil e assistência jurídica.

Estamos na linha de frente para apoiar o povo da Ucrânia nesse momento difícil, fornecendo abrigo, proteção e assistência em dinheiro. Doe agora mesmo e ajude os nossos esforços.

“Esses refugiados perderam quase tudo”

O prefeito está ciente de que a guerra deixará uma marca duradoura em Medyka. "Estes refugiados perderam quase tudo". Temos que ajudá-los. Mesmo que isso signifique que teremos que aprender a viver com menos."

Esta parte do sudeste está tradicionalmente entre as regiões menos prósperas da Polônia, mas se beneficiou de fundos da UE na última década. Entre os investimentos que esta comuna de cerca de 6.500 pessoas conseguiu fazer estava um ginásio – agora centro de refugiados – um jardim de infância e melhoria de estradas.

O centro de acolhimento em Medyka foi instalado num pavilhão desportivo para acolher refugiados que fogem da Ucrânia © ACNUR/Valério Muscella

Mas nas últimas semanas, Iwasieczko notou uma degradação nas estruturas locais, com postes quebrados e danos em estradas e calçadas. “Tivemos muitas chegadas e a infraestrutura da cidade não deu conta”, disse. “Todo mundo aqui está bem com isso. Mas precisaremos de mais chuveiros, mais banheiros – inicialmente para os refugiados, mas depois para a comunidade. Precisaremos de mais salas de aula; as necessidades vão crescer.”

Prefeitos de cidades muito maiores, como Varsóvia e Cracóvia, disseram que também estão lutando para acomodar o volume de chegadas e estão pedindo que mais vilas e cidades tomem ação.

“Neste momento, ninguém está pensando em quanto vai custar, ou nas doações. Há coisas imediatas a fazer. Esperamos mais apoio, mas agora estamos focados nos refugiados. O resto virá depois”, disse Iwasieczko.

“No momento, estamos focados nos refugiados”

No centro, os voluntários têm trazido alimentos, preparados nas cozinhas locais com o apoio da UE e de ONGs. A cidade inteira contribuiu, preparando refeições e recebendo famílias de pessoas refugiadas.

De longe há diversas doações dentro e fora do centro, muitas inúteis. Alguns são alimentos vencidos e precisam ser jogados fora, desperdiçando um tempo precioso. “É claro que tivemos apoio de muitas organizações, mas algumas coisas que recebemos eram apenas uma pilha de lixo”, disse o prefeito. “Tivemos que passar muito tempo analisando e jogando coisas fora. Foi uma loucura.”

“Precisamos de um bem universal, que se chama dinheiro”, acrescentou. Isso permite que ele invista no que é necessário, quando é necessário.

Ao fazer uma doação financeira para o ACNUR, você nos ajuda a suprir as necessidades de quem foi forçado e deixar tudo para trás. Doe agora mesmo.

Essa mensagem foi repetida por Piotr, um voluntário do centro. “Não há necessidade de mais roupas. As pessoas estão vindo aqui com meio ônibus [carregado] e não podemos levá-las, estamos superlotados. Alimentos em latas com validade longa são úteis e podem ser mantidos do lado de fora. Há muita comida agora, mas os estoques ficam baixos durante a semana. As pessoas que fogem da guerra precisam de certas coisas: abrigo e aquecimento, comida, remédios, informação, transporte, internet.”

Um dos coordenadores do centro acrescentou que o trauma se tornou mais um problema. “Muitas crianças que chegam se escondem debaixo de cobertores ou camas, ainda temendo que as bombas caiam”, disse. “Leva tempo para se sentirem seguras e começarem a brincar novamente; temos um espaço para crianças e psicólogos para ajudar. A maioria dos adultos precisa de mais tempo para se abrir. Esse apoio será necessário quando eles estiverem mais instalados.”

Enquanto isso, Iwasieczko, que nasceu a poucos passos do centro, está tendo que deixar qualquer pensamento de aposentadoria para o fundo de sua mente. “Não sabemos quando isso vai acabar e essa é a parte mais difícil”, disse ele. “Mas estaremos aqui enquanto formos necessários e pudermos ajudar.”