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Refugiados camaroneses no Chade buscam alternativas para sobreviver

Comunicados à imprensa

Refugiados camaroneses no Chade buscam alternativas para sobreviver

2 Fevereiro 2022
Refugiado camaronês Issa Hassane, 25, ganha dinheiro consertando telefones celulares em um local de recepção em Oundouma, Chade. © ACNUR/Aristophane Ngargoune

Quando a violência eclodiu em sua cidade natal de Kidam, no norte de Camarões, no final do ano passado, o único pensamento de Vahindi Martin Assinga era deixar sua família em segurança. Como milhares de outras pessoas que fugiram de confrontos intercomunitários mortais na região, Martin e sua família buscaram refúgio no país vizinho, o Chade.

Depois de passar as últimas semanas morando com sua esposa e oito filhos em um local de recepção em Oundouma, uma cidade perto da fronteira com Camarões, Martin está preocupado com o sustento da família.

“Em Camarões, eu era guarda florestal. Isso me permitiu sustentar minha família e contribuir para o desenvolvimento da minha comunidade. Eu fazia parte do comitê de desenvolvimento do vilarejo”, disse ele.

Para ele, contar com ajuda indefinidamente não é uma opção. “Preciso de uma bomba de água e um pedaço de terra para poder plantar e ter uma vida decente.”

Em 5 de dezembro de 2021, confrontos entre pastores, agricultores e pescadores surgiram na vila de Ouloumsa, no norte de Camarões, após uma disputa por recursos hídricos que se tornaram mais escassos como resultado da crise climática. Os combates se espalharam rapidamente para as comunidades vizinhas antes de chegar ao principal centro comercial de Kousseri, deixando 44 mortos, 111 feridos e arrasando 112 aldeias.

No total, a violência deslocou mais de 100 mil pessoas dentro de Camarões e através da fronteira com o Chade, onde até agora a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) registrou quase 36 mil refugiados camaroneses em 31 distritos. Mulheres e crianças representam cerca de 90% desses refugiados registrados. A sua doação nos ajuda a proteger famílias como a de Martin.

Nas últimas semanas, o ACNUR aumentou suas operações para ajudar as pessoas afetadas. Juntamente com as autoridades e outros parceiros humanitários, a agência está prestando assistência imediata aos refugiados camaroneses e deslocados internos que precisam urgentemente de comida, abrigo, cobertores, colchonetes e kits de higiene.

A maioria dos refugiados recém-chegados foram surpreendidos pela violência e fugiram sem pertences ou documentos. Embora muitos tenham sido acolhidos e generosamente assistidos pelas comunidades locais de acolhimento, há um desejo crescente entre muitos refugiados de encontrar emprego ou outras formas de se sustentar.

Em seu país, a viúva e mãe de cinco filhos Khadidja Herre sempre conseguiu suprir as necessidades de sua família e pagar os estudos de dois de seus filhos com seu negócio de venda de peixe.

Sem trabalho desde sua chegada ao Chade, ela diz que os dias se arrastam e sua família sofre. “Não fiz nada desde que cheguei aqui e meus filhos não vão mais à escola”, disse ela.

Sem pensar em um retorno imediato à Camarões devido à situação de segurança, ela está ansiosa para refazer sua antiga empresa no Chade enquanto espera por um pouco de paz. “Retomar meu negócio me permitirá viver com dignidade por meio do meu próprio trabalho. Eu também poderia garantir que meus filhos voltassem à escola.” Com o seu apoio, mães como Khadidja podem garantir um futuro melhor para seus filhos. Doe agora mesmo.

Alguns refugiados camaroneses já encontraram maneiras criativas de ganhar o suficiente para suprir suas necessidades básicas. Originário de Kousseri, na fronteira de Camarões com o Chade, Issa Hassane, 25, ganhava a vida vendendo roupas de segunda mão e lenha que coletava.

Desde sua chegada ao Chade, ele passou a consertar telefones celulares – uma habilidade que aprendeu praticando em seu próprio telefone, o que lhe permite ganhar entre 1.000 e 1.500 francos CFA (R$ 9,12-13,96) por dia.

“Conserto telefones de todas as marcas. Meus clientes incluem outros refugiados e chadianos”, explicou.

Enquanto alguns, como Issa, encontraram maneiras de se sustentar, muitos outros milhares sobrevivem com a ajuda de apoio humanitário. Em resposta, o ACNUR pediu um adicional de US$ 59,6 milhões para suprir necessidades urgentes dos refugiados camaroneses e dos deslocados internos nos próximos seis meses.