“Dream Balls”: impulsionando atividades esportivas no Brasil
“Dream Balls”: impulsionando atividades esportivas no Brasil
Este ano, o concurso de arte “Juventude #ComOsRefugiados” teve como tema “O esporte nos une”. Jovens artistas desenharam suas “bolas dos sonhos” e cinco desenhos vencedores foram transformados em bolas de futebol de verdade por uma empresa de manufatura ética sem fins lucrativos, Alive and Kicking.
Funcionários do ACNUR em todo o mundo estiveram envolvidos na promoção do concurso e nas vendas, e muitos também compraram as bolas para distribuir e usar em comunidades de pessoas refugiadas.
Luiz Fernando Godinho, Oficial de Comunicação do ACNUR no Brasil, explica como o escritório do país esteve engajado e porque o esporte é tão importante para o mandato e o trabalho do ACNUR.
Por que o ACNUR Brasil promoveu o concurso “O esporte nos une” no Brasil?
Essa iniciativa reuniu uma combinação de elementos centrais da cultura brasileira. O futebol em si é particularmente importante no Brasil. Brasileiros e pessoas refugiadas que chegam ao país amam futebol e muitos querem se tornar jogadores de futebol. Outros fatores, como juventude e arte, também são muito importantes para a cultura brasileira. Então, essa iniciativa foi uma grande oportunidade para chegar aos jovens refugiados e envolver a população que atendemos aqui no Brasil.
Qual foi sua estratégia de divulgação do concurso “O esporte nos une”?
Focamos principalmente em abrigos que acolhem pessoas venezuelanas e coordenamos com colegas em nossos cinco escritórios no Brasil para ir a esses abrigos e realizar sessões de informação sobre o concurso. Nessas sessões, os colegas mostravam um vídeo, apresentavam slides e distribuíam modelos impressos para os jovens usarem. Também alcançamos a comunidade de acolhida, publicando um comunicado à imprensa nacional em português e preparando publicações para as redes sociais que poderiam ser utilizadas.
O escritório do Brasil comprou 500 “bolas dos sonhos”. Como serão distribuídas?
Primeiramente distribuímos as bolas de futebol para escritórios em todo o país e agora estamos nos preparando para entregá-las a abrigos, onde desenvolveremos atividades esportivas com a comunidade abrigada. Também separamos um pequeno número de “bolas dos sonhos” para algumas contrapartes.
Vamos engajar autoridades e lideranças com estas bolas, criando momentos em que possamos reforçar uma mensagem de integração das pessoas refugiadas.
Skarly, uma dos cinco vencedores globais de 2021, tem 12 anos e é uma jovem refugiada da Venezuela que vive no Brasil. Você já teve a chance de entrar em contato com ela?
Sim, quando ela foi anunciada como vencedora, entramos em contato com ela e organizamos uma boa cobertura da mídia local sobre sua história. Destacar o exemplo de uma garota venezuelana que ganhou um concurso global de artes e esportes foi uma forma de darmos um exemplo inspirador e combater a discriminação. Ela e sua família ficaram muito felizes com o reconhecimento. Skarly também recebeu uma bola de futebol estampada com seu design vencedor - espero que ela esteja usando para jogar com amigos, brasileiros e venezuelanos.
Considerando que o tema do concurso foi “O esporte nos une”, que tipo de papel o esporte desempenha para ajudar as pessoas refugiadas a reconstruir suas vidas?
O esporte é uma ferramenta de proteção muito importante não apenas para criar um espaço seguro para crianças e jovens, mas também para dar-lhes uma sensação de normalidade em suas vidas.
Desde 2014, quando foi realizada a Copa do Mundo no Brasil, nos associamos à Cáritas São Paulo para organizar uma copa de futebol entre pessoas refugiadas. Por meio de uma parceria com o Santos Futebol Clube, também facilitamos o acesso de famílias de refugiados aos jogos de futebol e acolhemos a participação de crianças refugiadas em escolas de futebol. Às vezes, chegamos a fazer com que crianças refugiadas entrassem em campo com os jogadores no início do jogo, o que contribui para mandar uma mensagem poderosa para todo o público sobre o comprometimento da equipe com a causa das pessoas refugiadas.
Muito obrigado, Luiz. Há mais alguma coisa que você gostaria de dizer que ainda não tivemos a chance de abordar?
A única coisa que eu diria é que é importante continuar a alcançar os jovens que serão os líderes e apoiadores do futuro. Ao envolver crianças e jovens refugiados e comunidades de acolhida, podemos criar um sentimento de pertencimento e plantar as sementes da coexistência pacífica e da inclusão social.