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Enchentes destroem campo no Sudão e refugiados contam suas perdas

Comunicados à imprensa

Enchentes destroem campo no Sudão e refugiados contam suas perdas

9 Dezembro 2021
Uma família de refugiados do Sudão do Sul fica dentro de um abrigo comunitário depois que foram realocados do campo de Alganaa. © ACNUR / Sylvia Nabanoba

Nyawiga Toch olha para a água que cobre o campo de refugiados de Alganaa, no estado sudanês do Nilo Branco. Ela não pode acreditar que há apenas um mês, o campo estava fervilhando de vida.


Atualmente, as pequenas casas de barro e de papelão e as lojas que delimitavam a comunidade e seus limites não existem mais. As únicas estruturas restantes são três lojas e alguns contêineres que deveriam ser usados ​​como escritórios de registro pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

A mãe de cinco filhos, de 35 anos, e seu marido foram forçados a deixar sua casa em Fangak, Sudão do Sul, em maio deste ano, depois que fortes chuvas destruíram suas plantações e sua casa. “Ficamos sem teto e com fome”, diz.

Milhões de pessoas refugiadas vivem em áreas vulneráveis às mudanças climáticas, como inundações e tempestades. Doe hoje mesmo para ajudar. Amanhã já pode ser tarde demais.

Sua família estava entre cerca de 30.000 sul sudaneses que fugiram pela fronteira devido a enchentes, falta de comida e insegurança. Alganaa foi inaugurado pelo ACNUR e pela Comissão do Sudão para Refugiados (COR) em fevereiro deste ano, tornando-se o décimo campo no estado do Nilo Branco, que atualmente abriga mais de 280.000 refugiados sul-sudaneses. 

“Tínhamos uma nova casa. Agora, mais uma vez, não temos nada”

Em Alganaa, Nyawiga e sua família construíram uma nova casa pouco antes da chegada da estação das chuvas em julho. “No início, a água secou poucos dias depois da chuva. Então, um dia, acordamos e encontramos água pelo campo. O nível foi aumentando gradativamente, circundando nossas casas, até percebermos que não podíamos mais ficar ali”, explica Nyawiga.

Os refugiados fugiram, encontrando segurança com parentes e amigos, e em instalações públicas como escolas e hospitais nos campos próximos de Dabat Bosin e Alagaya. Até agora, mais de 2.000 refugiados deslocados foram transferidos de escolas para abrigos comunitários.

Nyawiga e sua família vivem atualmente em um abrigo comunitário com outros refugiados, enquanto aguardam a transferência para outro local.

“Tínhamos uma casa nova. Tínhamos nos restabelecido. Agora, mais uma vez, não temos nada”, diz ela com tristeza. 

A disponibilidade de terras adequadas continua sendo um sério desafio para encontrar um lar mais permanente, ainda agravado pelo grande número de refugiados que continuam chegando ao país. Neste momento, o ACNUR está proporcionando alívio, incluindo colchões de dormir, conjuntos de cozinha e galões. 

A comunidade sudanesa local que ofereceu o terreno onde o campo de Alganaa foi estabelecido não foi poupada das enchentes. Hussein Albashar, 35, cresceu em uma casa perto do local destruído.

“Nasci nesta aldeia e vivo aqui com a minha família desde então. Nossa casa sempre resistiu às chuvas até este ano”, afirma.

Sua família, incluindo seus pais idosos, agora vivem em um abrigo temporário fornecido pelo ACNUR. Ao contrário de muitas das outras famílias afetadas, ele decidiu ficar perto de sua antiga casa, determinado a reconstruí-la o mais rápido possível.

“Não posso sair do lugar que sempre chamei de lar. Só espero que as chuvas do próximo ano não sejam tão ruins assim”, afirma. 

As inundações deslocaram mais de 314.000 pessoas em todo o Sudão este ano e resultaram na perda de vidas, casas, colheitas e gado, de acordo com a ONU. 

Kofi Dwomo, o chefe do escritório do ACNUR no estado do Nilo Branco, acredita que as enchentes se devem às mudanças climáticas. “Embora chova todos os anos, o impacto geralmente não é tão destrutivo”, diz.

O vizinho Sudão do Sul, de onde vem a maioria dos refugiados no Sudão, também está enfrentando as piores enchentes que o país já viu em décadas. As inundações de Alganaa foram para o Sudão após fortes chuvas no Estado do Alto Nilo no Sudão do Sul.

“Só espero que as chuvas do próximo ano não sejam tão ruins quanto agora”

Dwomo afirma que o que aconteceu em Alganaa é “um claro sinal de que as mudanças nos padrões climáticos e na preservação do meio ambiente precisam ser mais levadas em conta” e apela às autoridades, à sociedade civil e às comunidades locais a continuarem colaborando em ações para evitar futuras catástrofes.

Embora a terra geralmente esteja sujeita a inundações devido ao terreno predominantemente plano, Dwomo diz que melhorar os sistemas de drenagem e construir diques se provou eficaz na redução de inundações em outros campos.

O ACNUR também administra um programa de reflorestamento no Nilo Branco em parceria com a Sudan's Forests National Corporation. Os viveiros de árvores estão produzindo milhares de mudas a cada ano, que os refugiados e moradores locais plantam ao redor dos campos e em áreas florestais designadas.

“O reflorestamento é crucial, pois restaura a cobertura florestal em áreas onde as árvores foram cortadas para lenha e materiais de abrigo”, explica Dwomo.

Ainda há esperança de que o campo de Alganaa possa ser resgatado, dependendo dos resultados de uma avaliação técnica.  

Nyawiga deseja apenas encontrar um lugar onde ela e sua família possam finalmente se estabelecer. 

“Só quero um lar para minha família, onde possamos ficar seguros”, diz ela.