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Empresário iraquiano baseia-se na própria experiência para ajudar deslocados

Comunicados à imprensa

Empresário iraquiano baseia-se na própria experiência para ajudar deslocados

Empresário iraquiano baseia-se na própria experiência para ajudar deslocadosFarhad Sinjari sabe como é ter que fugir de sua casa. Ele era apenas um menino quando os combates forçaram sua família a fugir para as montanhas da região do Curdistão.
18 Setembro 2014

DUHOK, Iraque, 18 de setembro (ACNUR) – Farhad Sinjari sabe como é ter que fugir de sua casa. O bem-sucedido homem de negócios de meia-idade, vestindo uma camisa nova e um relógio Rolex, era apenas um menino quando os combates forçaram sua família a fugir para as montanhas da região do Curdistão, no norte do Iraque, em 1974.

Ele foi arrancado de casa pela segunda vez em 1991, e novamente em 2003, e foram essas experiências, diz ele, que o levaram a agir quando centenas de milhares de iraquianos deslocados pelos combates recentes procuraram refúgio na cidade de Duhok, na região do Curdistão iraquiano, onde ele vive agora.

"As pessoas estavam vivendo nas ruas, dormindo debaixo de árvores ou ao lado da estrada", diz ele. "Decidi ajudá-los porque eu mesmo estive nesta situação, e eu sei o que eles estão passando." Estima-se que 1,8 milhão de iraquianos foram deslocados desde o início do ano. O ACNUR está mobilizando sua maior distribuição de ajuda em uma década para proporcionar às pessoas barracas, colchões e outros itens essenciais. Mas a escala da emergência também levou inúmeros iraquianos como Farhad a oferecer a ajuda que pudessem.

Quando famílias começaram a chegar em Duhok, Farhad construiu seu próprio acampamento equipado com tendas, água, saneamento e eletricidade. É no topo de uma colina com vista para a cidade, em um pedaço de terra atrás de um empreendimento imobiliário multimilionário exclusivo, no qual ele é o principal investidor.

O acampamento inicialmente acolheu cerca de 300 pessoas. Os primeiros a chegar foram homens que já tinham trabalhado para Farhad em projetos de construção em sua cidade natal, Sinjar, e em torno dela. Eles fugiram daquela região com suas famílias, quando grupos armados ocuparam a cidade no mês passado.

Quatro anos atrás, Abbas, de 37 anos, trabalhou como operário em um dos projetos de Farhad. Depois de fugir de sua casa no início de agosto, ele, sua esposa e 10 filhos passaram nove dias presos no Monte Sinjar, cercado por insurgentes armados.  "Na montanha não havia nada para comer ou beber, meus filhos estavam morrendo de fome", disse Abbas. Após o cerco ser quebrado, eles atravessaram a fronteira com a Síria, juntamente com milhares de outras famílias da minoria étnica Yazidi.

Uma vez lá, Abbas foi surpreendido ao receber um telefonema de seu antigo chefe. "Ele nos disse que se cruzássemos a fronteira e chegássemos a Duhok seríamos acolhidos. Eu não podia acreditar; eu não esperava que ele pudesse e lembrar de mim." Sentado na entrada da tenda de sua família cercado por seus filhos, Abbas diz que se sente um homem de sorte quando vê outras famílias vivendo na cidade em prédios em construção.

A notícia sobre o acampamento se espalhou e mais famílias deslocadas começaram a chegar. Farhad agora estima que existam até 1.000 pessoas vivendo no campo, que foi reforçado com a entrega de 40 tendas de tamanho familiar pelo ACNUR.

Farhad equipou cada tenda com eletricidade e um refrigerador de ar, também forneceu roupas para as crianças. Além disso organiza visitas de médicos locais para tratar as pessoas com problemas de saúde.

Ele diz que sua própria experiência de deslocamento ensinou-lhe que dar às pessoas alimentos, água e abrigo é apenas uma parte do desafio. "Quando chegaram pela primeira vez, o problema não era apenas estarem com fome e sede, elas também não conseguiam esquecer o que tinha acontecido."

O acampamento tem suas próprias cozinhas e padarias, e os moradores se revezam para preparar o pão e as três refeições servidas diariamente. Eles também ajudam com a maior parte da construção e manutenção do próprio acampamento. "Quando você trabalha e ocupa seu tempo consegue desligar a cabeça do que viveu”, explica Farhad.

O trabalho parece estar dando resultado. Um grupo de crianças joga futebol, enquanto os mais novos correm entre as tendas, e os homens conversam animados durante o almoço de cordeiro cozido e arroz na sala de jantar comunitária.

Abbas diz que é grato a Farhad pela ajuda. "É claro que eu não quero que este seja o nosso futuro. Quero que isso seja concluído para que possamos ir para casa e meus filhos possam voltar para a escola. Mas, por enquanto a vida é confortável aqui. Precisamos de mais pessoas como Farhad neste mundo".

Por Charlie Dunmore in Duhok, Iraq.