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Em missão ao Afeganistão, Chefe do ACNUR diz que estabilidade no país é necessária

Comunicados à imprensa

Em missão ao Afeganistão, Chefe do ACNUR diz que estabilidade no país é necessária

15 Setembro 2021
Afegãos deslocados distribuem comida em um acampamento de pessoas deslocadas internamente na capital Kabul, na última segunda-feira (13). © Associated Press/Bernat Armangue
CABUL, Afeganistão (AP) - A comunidade internacional e o Taleban precisarão encontrar uma maneira de lidar uns com os outros para estabilizar a situação no Afeganistão, disse o Alto Comissário do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, na última terça-feira (14).

Em entrevista à Associated Press, Filippo Grandi afirmou que o mundo enfrenta uma escolha difícil. Segundo ele, é preciso encontrar o equilíbrio entre o perigo de um Afeganistão isolado, que pode se transformar em caos e violência, e o campo minado político que apoiará o governo liderado pelo Taleban.

“A comunidade internacional terá que equilibrar o pragmatismo, a necessidade de manter o Afeganistão estável e viável e as implicações políticas em apoiar um governo liderado pelo Taleban”, disse Grandi.

O Taleban derrubou o então governo do Afeganistão, que tinha o apoio dos EUA, em 15 de agosto. O grupo recebeu críticas internacionais por formar um governo interino composto inteiramente de membros do Taleban, mesmo com as promessas de ser mais inclusivo. Países do mundo inteiro disseram que não reconhecerão os novos governantes do Afeganistão até que um comando mais inclusivo seja estabelecido.

Grandi afirmou, ainda, que é urgente que se estabeleça um acordo para evitar um colapso econômico que poderia resultar em violência e caos – situação que causaria o êxodo em massa da população do país. Um colapso da economia já frágil no país iria engolir a dos países vizinhos e se espalharia para o resto do mundo, disse o Alto Comissário.

"É urgente. Esta não é uma daquelas questões de desenvolvimento em que é possível discutir por cinco anos antes de se chegar a uma conclusão, pelo contrário, exige compromissos por parte de todos”, afirma Grandi. “Acredito que a comunidade internacional terá que adaptar algumas de suas regras mais rígidas a respeito de como trabalhar com os governos... e o Taleban também terá que fazer concessões”.

Grandi contou que se reuniu com ministros do Talibã e atestou que eles ouviram. De acordo com Grandi, eles discutiam entre si sobre o fato de alguns membros do grupo estarem mais abertos a uma abordagem menos extremista e menos restritiva do que a administração anterior. O Alto Comissário do ACNUR acrescentou, no entanto, que integrantes do Taleban serão julgados por suas ações.

A tarefa de atender às necessidades humanitárias do Afeganistão tem apoio global, conforme indicado pelos 1,2 bilhões de dólares levantados pela ONU na última segunda-feira (13).

Grandi disse que a ajuda humanitária deve ser entregue o mais rápido possível para manter as pessoas alimentadas e protegidas, levando em consideração que o inverno no hemisfério norte se aproxima.

Enquanto o mundo está unido para fornecer ajuda humanitária ao Afeganistão, o desafio logístico é enorme em um país que nem mesmo tem um sistema bancário funcionando. Todos os dias, milhares de pessoas se reúnem do lado de fora dos bancos na capital afegã, na esperança de conseguir sacar os $200 dólares que lhes são permitidos a cada semana.

A ONU advertiu que, até o final do ano, 97% dos afegãos viverão abaixo da linha de pobreza.

Mais de 3,5 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocarem decorrência dos combates nos últimos anos, e mais de meio milhão apenas no último mês. Muitos estão vivendo em acampamentos improvisados ​​em parques na capital afegã. Dezenas de famílias se abrigam em cabanas feitas com lençóis esfarrapados e amarrados em cordas.

No parque Shahr-e-Now de Cabul, 63 famílias vivem em condições precárias, muitas das crianças estão doentes e o único banheiro químico disponível já excedeu a capacidade há tempos. As mulheres lavam-se atrás de cortinas imundas.

A tendência é que as condições piorem à medida que o inverno se aproxima, afirma Grandi. Ele está trabalhando para fornecer abrigos.

“A crise política e militar, somada a essa mudança de governo, atingiu toda a população no pior momento possível, após anos de insegurança”, comenta Grandi. “É por isso que é tão difícil lidar com essa situação agora".

Para mais informações sobre este assunto, entre em contato:

Em Brasília, Luiz Fernando Godinho, [email protected], + 55 61 98187-0978