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Refugiados do Burundi voltam para casa esperançosos

Comunicados à imprensa

Refugiados do Burundi voltam para casa esperançosos

11 May 2021
Donatien, 35, burundianês retornado, está sentado com sua família no Centro de Trânsito Kinazi em Muyinga, Burundi. © ACNUR / Will Swanson

Donatien, 35, está no telefone negociando o aluguel de uma casa no Burundi, lugar para o qual espera poder mudar com sua família após anos longe de casa.


Ele, sua família e seus três filhos estão entre o grupo de 159 refugiados burundineses que decidiram voltar para casa – uma jornada de 72 km até o posto fronteiriço de Nemba.

“Nós voltamos para casa porque o país é como um parente. Quando você está longe de sua família, você sente que algo está faltando”, afirmou Donatien, enquanto esperava para fazer o teste e de Covid-19 no centro de trânsito de Kinazi, no Burundi.

Quatro anos atrás, ele deixou tudo para trás quando a violência política forçou o deslocamento de mais de 300.000 burundineses. Ele e sua família fugiram para Ruanda, o país vizinho.

“Saí do meu país porque aconteceram muitas coisas que fizeram com que as pessoas se dispersassem”, afirmou. “Continuamos conversando com parentes, amigos e vizinhos que ficaram para entender o progresso que houve em nossa comunidade”.

O ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, está facilitando o retorno de burundineses que decidiram voltar para casa.

Desde 2017, pelo menos 145.000 refugiados burundineses foram assistidos em sua volta para casa, com mais de 25.000 voltando de Ruanda nos últimos meses. Em média, 2.000 pessoas estão sendo ajudadas em seu retorno voluntário para casa. Elas voltam de Ruanda, República Democrática do Congo e Tanzânia.

O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, acompanhou um comboio de Ruanda durante uma visita que realizou a vários países da região dos Grandes Lagos. Ele conversou com famílias como a de Donatien, que estavam cientes dos desafios que os aguardavam, mas expressaram felicidade por finalmente voltar para casa.

“Nós voltamos para casa porque o país é como um parente”

“O que agora é muito importante é que esses retornos sejam sustentáveis – aqueles que querem retornar ao Burundi precisam ter acesso básico a serviços, incluindo empregos, quando eles voltarem”, disse Grandi.

Ele também reiterou que o ACNUR está comprometido em continuar facilitando o retorno voluntário de refugiados burundineses, completando que é crucial que o governo do Burundi garanta as condições seguras e dignas de volta, respeitando os direitos e aspirações dos retornados.

“O retorno de refugiados coloca uma grande responsabilidade nos ombros dos governos, especialmente em garantir segurança nas áreas de retorno”, ele completa, “e todos nós devemos trabalhar juntos para que esses retornos estejam ancorados no progresso do país”.

Durante a visita, o Alto Comissário encontrou o presidente Évariste Ndayishimiye. Eles discutiram a importância de continuar construindo condições para os retornados voltarem ao seu país com segurança e dignidade. Eles também concordaram que será dado mais suporte às comunidades para as quais os refugiados estão retornando para que a reintegração seja bem-sucedida.

Em fevereiro, o ACNUR, o governo do Burundi e outros 19 parceiros lançaram o Plano Conjunto de Retorno e Reintegração de Refugiados (em inglês), que faz um apelo de US$ 104,3 milhões para a comunidade internacional apoiar os retornados e suas comunidades.

Menos de 10% do valor necessário foi arrecadado para ajudar na reintegração de retornados no Burundi, apesar do número de refugiados que estão retornando continuar aumentando na região.

Donatien está cheio de ansiedade, mas também com altas expectativas ao pensar no futuro que o espera. Ele receberá uma pequena quantia para ajudar sua família a se estabelecer em casa e espera começar um negócio para ajudar sua esposa e filhos.

“Nós esperamos que o governo tenha a coragem e energia para não deixar o passado se repetir. Os que estão voltando para casa se sentem encorajados e precisam de ajuda para continuar com suas vidas”, afirmou.


A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) é uma organização dedicada a salvar vidas, proteger os direitos e garantir um futuro digno a pessoas que foram forçadas a deixar suas casas e comunidades devido a guerras, conflitos armados, perseguições ou graves violações dos direitos humanos. Presente em 135 países, o ACNUR atua em conjunto com autoridades nacionais e locais, organizações da sociedade civil e o setor privado para que todas as pessoas refugiadas, deslocadas internas e apátridas encontrem segurança e apoio para reconstruir suas vidas.

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