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Através da arte refugiados reconstroem suas vidas no Brasil

Comunicados à imprensa

Através da arte refugiados reconstroem suas vidas no Brasil

9 Fevereiro 2021
© ACNUR

Levando consigo seus sonhos e suas ambições, foi através de seu talento e resiliência que várias pessoas encontraram na expressão artística uma maneira de reconstruir suas vidas no Brasil, país que as acolhe. Conheça algumas delas:

Artesãos

Auriscar, Arianna e Silvia, naturais da Venezuela, artesãs em Manaus

© Arquivo pessoal​

Em comum, Auri, Arianna e Silvia deixaram a Venezuela em 2018, em busca de melhores condições de vida. Um ano depois, elas se conheceram  durante uma oficina de artesanato em papel promovida pela Hermanitos, organização que promove integrar refugiados e migrantes por meio do trabalho.

Agora, elas conduzem a Ecopapeis, iniciativa de artesanato baseada na capital do Amazonas e que vende blocos feitos à mão, caixas para presente, objetos de decoração e vários outros produtos personalizados. Toda a matéria prima utilizada pela Ecopapeis é sustentável, e os itens são produzidos em papel reciclado a partir de sacos de cimento e da fibra do caule da bananeira.

"Por que não fomentar a consciência e mostrar para o mundo que objetos que a gente considera como lixo podem virar outras coisas”, reflete Arianna sobre sua forma diferente de fazer papel e arte.

Leia a história completa de Auri, Arianna e Silvia

 

Eliezer, natural da Venezuela, artesão e capoeirista em Recife

Eliezer é artesão desde os 16 anos de idade. Ele conta que conheceu este universo ao aprender a fazer crochê com os amigos. Natural de Santa Elena de Uairén, na Venezuela, ele chegou ao Brasil em 2014.
Eliezer viajou por vários estados brasileiros, onde teve a oportunidade de vender os objetos artesanais que produz.

Em 2018, Elizer decidiu se estabelecer em Recife, para treinar capoeira e também para empreender. No ano seguinte ele e a esposa, Dami, abriram a Ajna Joalheria Artesanal. A ideia do empreendimento – totalmente autoral – é ser um espaço contemporâneo que através dos seus produtos conectam essências, aparência e bem-estar. Entre as peças produzidas pelo casal estão brincos, tornozeleiras, pulseiras, colares, cordões, pingentes e mandalas tridimensionais feias de macramê torção em metal, palha, couro, aço, bronze, cobre, cascas, sementes, conchas, perolas, pedras naturais, fios e cordões.

 

Alejandrina, natural da Venezuela, artesã em Boa Vista

© Arquivo pessoal

Alejandrina deixou a Venezuela porque seu esposo tinha problemas de saúde e, em meio à crise que assola o país, não conseguia comprar remédios. “Deixamos nossos filhos com lágrimas nos olhos, pensando que não voltaremos”, conta ela, sobre o momento da partida. Professora de formação e com mais de 40 anos de carreira, ela encontrou no artesanato o seu sustento no Brasil.

Alejandrina conta que o artesanato é uma parte importante da cultura e do patrimônio venezuelano, e afirma ver semelhanças com a atividade no Brasil.Hoje, ela integra o projeto A cadeia de Valor do Artesanato Warao, desenvolvido pelo Museu A Casa e pelo Acnur.

“Me sinto orgulhosa de praticar e carregar tradições como as nossas. A forma com que o artesanato é feito, e o fato de compartilharmos esse costume e levarmos de geração em geração”, descreve a artesã, que hoje em dia conta que sua prioridade é enviar recursos para os filhos, que ficaram na Venezuela. “Eles são todos formados, mas o salário que ganham mal dá para comprar um pão. A situação dos nossos familiares e a nossa maior preocupação”.

Além de ter no artesanato sua principal fonte de renda, Alejandrina também sonha em compartilhar e intercambiar sua cultura com outros povos indígenas no Brasil e se integrar cada vez mais ao país. “Quero compartilhar e ser parte do Estado, contribuir com minhas ideias experiências, para que os outros me conheçam e para que eu possa também conhecê-los”.

Leia a história completa de Eliezer

 

Rosa, natural da Venezuela, artesã em Brasília

© Arquivo pessoal

Rosa cruzou a fronteira da Venezuela com o Brasil em 2017, grávida de sete meses, junto com o marido e o filho mais velho do casal, que na época tinha um ano e oito meses. Caminhando, eles traziam R$ 32 e a esperança de uma vida melhor.

Desde a época em que vivia na Venezuela, Rosa trabalhava com artesanato. No país natal, ela fazia peças de cerâmica e peças em macramê – uma técnica de tecelagem manual que utiliza nós de forma consecutiva e organizada. Sem a estrutura adequada para produzir peças de cerâmica, foi no macramê, no seu talento e na sua persistência que Rosa encontrou sua forma de sustento no Brasil. Desde que chegaram ao país, ela e o marido trabalham juntos vendendo diversas peças, no que definem como “um empreendimento familiar artesanal, onde todos participam, e as crianças brincam”.

Leia a história completa de Rosa

 

Renee, 48 anos, natural da Guiana, artesã em São Paulo

Foto: Flavia Valsani

Renee chegou ao Brasil em 2011, tendo deixado seu país de origem, a Guiana Inglesa, para estar com seu marido Lambert, refugiado da República Democrática do Congo. Ela se interessou sobre artesanato depois que um vizinho brasileiro lhe apresentou o biscuit – uma massa de modelar artesanal e dali em diante, não parou mais. Renee começou a produzir inúmeros acessórios africanos (como colares, brincos, pulseiras, bolsas, quadros…) e fazer bonecas negras Abayomi – cuja simbologia em iorubá significada aquele que traz felicidade ou alegria.

“Comecei a fazer artesanato como hobby, mas se tornou uma fonte de renda depois que as pessoas começaram a pedir para vender meus produtos. Como gosto muito desta atividade, consegui conciliar o prazer de ser artesã com um negócio que gera receita, sendo esta minha fonte de renda”, disse.

Leia a história completa de Renee


Designers e artistas

Ninibe e Leonardo, 40 anos, colombianos, artistas plásticos no Rio de Janeiro

© Luciana Salvatore

Os artistas plásticos Ninibe e Leonardo, colombianos, chegaram ao Brasil no fim de 2015, depois de viajar por mais de 9 mil quilômetros de carro com seus filhos. Partiram da Colômbia para chegar até Copacabana, no Rio de Janeiro, passando pelo Equador, Peru e Bolívia. A arte que tanto inspira o talento dos artistas foi também a causa que os forçou a deixar a Colômbia: sofreram perseguição de grupos paramilitares por realizarem atividades educativas com jovens.

O casal montou seu ateliê na avenida Atlântica com a rua Miguel Lemos, em Copacabana, onde turistas e moradores do Rio geralmente transitavam e se encontram com os artistas, antes da pandemia. As telas que estavam expostas no ateliê agora estão expostas no Instagram dos artistas. São temas variados, pintadas com diversas técnicas, desde pintura clássica tradicional até contemporânea, com tintas óleo, acrílica e aquarela. Tudo de acordo com o pedido dos clientes.

“Cada quadro que pintamos leva nossa identidade, nossa paixão pela arte. Nossos pincéis não carregam só tintas, carregam toda nossa história e sonhos”, disse Ninibe, artista que pinta telas desde criança.

Leia a história completa de Ninibe e Leonardo

 

Dubenson Eduardo, natural da Venezuela, marceneiro em Boa Vista

© Arquivo pessoal

Dubenson Eduardo chegou no Brasil há três anos, junto com a esposa e dois filhos. A família deixou Valência, na Venezuela, por causa da crise econômica que vem castigando o país. A renda de Dubenson e da esposa, que trabalhava como engenheira química, passou a ser insuficiente para sustentar a família.

Na Venezuela, Dubenson trabalhava fazendo sofás mas, pelo preço caro da matéria prima no Brasil, ele resolveu empreender usando madeira sustentável como pallets e pinus branco. Ele faz questão de não usar madeira originária da Amazônia para produzir móveis, justamente por ter presenciado a destruição do bioma do lado venezuelano da fronteira, e por ver a triste história se repetir no Brasil.

Leia a história completa de Dubenson

 

Enmanuel, natural da Venezuela, empresário em Brasília

© Arquivo pessoal

Enmanuel foi o primeiro da sua família a vir para o Brasil, há dois anos. Estudante de engenharia civil, ele conta que deixou sua cidade natal Maturín, na Venezuela, antes mesmo de terminar o curso por causa da piora na condição econômica do país. Já no Brasil, o jovem viu uma oportunidade no setor de estamparia e decidiu abrir seu negócio.

Uma das paixões do jovem é confeccionar produtos que apoiem lutas sociais, como os movimentos antirracista, o LGBT e o movimento feminista. “Meus produtos são uma forma de expressar ideias e opiniões”, garante o criativo empreendedor, que ainda sonha em trabalhar como engenheiro civil no Brasil.

Leia a história completa de Enmanuel

 

Hamza, natural do Marrocos, músico no Rio de Janeiro

© Arquivo pessoal

Hamza é de origem marroquina e vive no Brasil há um ano e meio. Quando chegou no Rio de Janeiro, ele tinha pouco dinheiro para sua estadia, mas por meio da música encontrou oportunidades para se integrar na capital fluminense.

“Quando eu cheguei no Brasil, tinha dinheiro suficiente para 15 dias de estadia. Esforçando-me, consegui dinheiro para comprar um baixolão e então comecei a tocar pelas ruas da cidade, onde fiz amigos e comecei a ser reconhecido como o músico que sou. Eu gosto muito da vida aqui, sinto-me especialmente acolhido pelos brasileiros”.

Leia a história completa de Hamza

 

Jacqueline, natural da Venezuela, empreendedora em Boa Vista

© Arquivo pessoal

Desde a época em que vivia na Venezuela, Jacqueline era dona de uma gráfica. No seu país natal, ela conciliava as atividades do empreendimento com a função de diretora adjunta de uma escola de ensino médio, enquanto seu marido se dedicava inteiramente ao negócio. Recomeçar a vida no Brasil lhe deu mais incentivo para empreender, principalmente por iniciativas que beneficiam pequenos negócio.

Junto com o marido, Jacqueline toca a PubliGrafica, oferecendo serviços de desenho de logomarcas e impressões diversas como cartões de visita, panfletos, banners, assim como a estamparia de camisetas e a plotagem de vidros e carros. ~Nós já estamos formalizados, e queremos nos aperfeiçoar. O que nós sabemos, no entanto, repassamos para outras pessoas”, conta ela, que organiza reuniões periódicas com empreendedores que estejam começando os seus negócios.

Leia a história completa de Jacqueline

 

Kerim, natural da Venezuela, artista plástica em Boa Vista

© Arquivo pessoal

Kerim é artista plástica e chegou ao Brasil no final de 2017. Ela decidiu deixar a Venezuela para se juntar a sua mãe e irmãs que viviam em Boa Vista, capital de Roraima. Logo engajou-se como artista, professora de arte e educadora social na cidade, onde se sente reconhecida. “Para mim é ótimo estar aqui, em Boa Vista, porque as pessoas valorizam meu trabalho”.

“Nós, artistas, sempre pensamos no futuro, sabemos que nada será para sempre. Ainda que muitas coisas foram pouco a pouco sendo cortadas como trabalho, aulas e exposições, sigo produzindo e aproveito meu tempo livre para preparar aulas de arte e compartilhar em grupos de WhatsApp”, explica Kerim, ativa em seu atelier.

Leia a história completa de Kerim

 

Tony, natural da Venezuela, músico em Manaus

© Arquivo pessoal

Musicista de formação, Tony integrou a Orquestra Sinfônica da Venezuela tocando contrabaixo e chegou a dar aulas para cerca de 700 alunos enquanto vivia em Caracas. Já no Brasil, mesmo sem uma oportunidade profissional no páis, Tony fundou em 2018 o projeto Sinos de Quintana. “Essa ideia nasceu pela necessidade dos imigrantes em participarem da área cultural na cidade de Manaus”, explica ele, radicado na cidade desde 2015.

O projeto, que atende cerca de 25 crianças com idades entre quatro e 12 anos funciona aos domingos, no espaço de uma igreja em Manaus. Durante os encontros, as crianças aprendem a tocar diversos instrumentos – teclado, percussão, sinos e outros – e também se familiarizam com lições de canto e de teoria musical. Hoje em dia, ele também trabalha como motorista de aplicativo mas pensa em voltar a atuar com música em tempo integral. “Caso surja a chance de dar aula, farei com todo amor e paixão”, revela ele, que também tem formação em Direção Orquestral.

Leia a história completa de Tony

 

Lavi, 27 anos, natural da RDCongo, artista e designer em São Paulo

© Arquivo pessoal

O mundo das artes em muitos casos reflete as dinâmicas sociais através do olhar do artista. Este diálogo entre a estética e a realidade é evidente na arte de Lavi, artista plástico que desenvolve uma série de projetos gráficos. O artista teve que deixar o seu país de origem, a República Democrática do Congo, antes mesmo de se formar em Artes Plásticas, em 2015, mas aqui no Brasil seu talento é notável nas redes sociais.

“Minha arte reflete as minhas raízes, é uma representação da cultura africana. Aproveito das minhas lembranças e do contexto diverso e de muitas cores da África para retratar através do meu olhar o cotidiano do povo africano, os desafios que enfrentamos, mas também nossas conquistas e valores”, diz o artista.

Leia a história completa de Lavi

 


Dar visibilidade aos negócios liderados por empresários refugiados no Brasil é o objetivo da plataforma Refugiados Empreendedores, desenvolvida pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU e o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados).

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