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Vídeo, livro e exposição virtual de artistas latino-americanos marcam 70º aniversário do ACNUR

Comunicados à imprensa

Vídeo, livro e exposição virtual de artistas latino-americanos marcam 70º aniversário do ACNUR

14 Dezembro 2020
© ACNUR/Allana Ferreira
Brasília, 14 de dezembro de 2020 – No dia em que completa 70 anos de existência, o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) lançou hoje diversos produtos de comunicação para marcar a data. Na página www.acnur.org.br/70anos estão disponíveis um vídeo sobre a história da organização humanitária, um livro eletrônico com receitas preparadas por pessoas refugiadas e o link para uma exposição virtual com 16 obras de artistas latino-americanos que refletem sobre o crescente deslocamento forçado na América Latina.

Criado em 1950 com 34 funcionários e a tarefa de solucionar os problemas de refugiados europeus vítimas da 2ª Guerra Mundial, o ACNUR deveria existir por apenas três anos. Mas acabou se convertendo em uma das maiores agências humanitárias do mundo, atualmente presente em 135 países e com mais de 17 mil funcionários.

A situação do deslocamento forçado nestas sete décadas também evoluiu consideravelmente, sendo que a última atualização estatística feita pelo ACNUR informa que mais de 80 milhões de pessoas encontram-se fora dos seus locais de origem devido a guerras, conflitos, perseguições e violações de direitos humanos – tal número representa cerca de 1% da população mundial, é o maior já registrado pela organização e o dobro em relação à década anterior.

Em um artigo de opinião publicado hoje pelos principais jornais do mundo, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, faz uma reflexão sobre os 70 anos da organização. “Para uma organização que deveria deixar de existir três anos após ser criada, este é um aniversário desconfortável que não temos a intenção de celebrar”, afirma o Alto Comissário.

Para ele, a existência do ACNUR por um período tão longo mostra que a comunidade internacional tem falhado na sua tarefa de prevenir e solucionar conflitos, o que está na raiz das grandes crises humanitárias do passado e do presente. “Um mundo que prometeu embarcar em uma nova era de paz se mostrou muito bom em escolher brigas, mas pouco adepto a resolvê-las”, reflete Filippo Grandi, que é o 11º Alto Comissário da ONU para Refugiados. Em seu artigo, Grandi lança um desafio à comunidade internacional: “Façam a paz e tirem-me do meu emprego”.

“Desde sua criação, a missão do ACNUR tem sido proteger pessoas forçadas a se deslocar por causa de guerras, conflitos e violações de direitos humanos, provendo assistência humanitária e soluções duradouras para milhões de pessoas ao redor do mundo”, completa o Representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.

O vídeo disponível na página www.acnur.org.br/70anos conta, de forma suscinta, a história da organização. Lembra que, desde sua criação, o ACNUR esteve envolvido na resposta emergencial a diversas crises humanitárias além daquela gerada pela 2ª Guerra Mundial: desde os refugiados húngaros nos anos 50 esmagados por tropas soviéticas (sua primeira operação de emergência), passando pelas vítimas das guerras de independência dos anos 60 e dos regimes ditatoriais na América Latina dos anos 70 e 80, até os recentes conflitos no Oriente Médio e suas repercussões na Europa, chegando aos atuais fluxos de deslocamento forçado originários na Venezuela, na América Central e em países africanos e asiáticos.

Por conta do seu incansável trabalho humanitário em prol das pessoas mais vulneráveis do mundo, o ACNUR recebeu o Prêmio Nobel da Paz (em 1954 e 1981). “Se partes conflitantes concordassem um cessar-fogo, se pessoas deslocadas pudessem retornar para casa em segurança, se governos compartilhassem a responsabilidade pelo reassentamento e mantivessem suas obrigações sob as leis internacionais de asilo e o princípio da não devolução, nós no Acnur teríamos muito menos com o que se preocupar”, afirma o Alto Comissário em seu artigo – também disponível na página www.acnur.org.br/70anos.

“Os tempos mudam, mas nosso mandato continua o mesmo: salvar vidas e permitir que pessoas refugiadas, apátridas e deslocadas por conflitos dentro de seus próprios países possam reconstruir suas trajetórias com dignidade e respeito aos seus direitos como seres humanos”, afirma o representante do ACNUR no Brasil, José Egas.

RefugiArte – A exposição virtual RefugiArte é uma iniciativa iniciada há cinco anos pelo ACNUR na América Latina e no Caribe que busca atrair artistas interessados em dar visibilidade às situações de deslocamento forçado na região. “Com esta ação cultural, queremos conscientizar os públicos de diversos países sobre as necessidades de proteção das pessoas refugiadas e deslocadas internas e promover atitudes mais positivas em relação a esta população”, afirma Jose Egas.

Nos últimos anos, a região da América Latina tem experimentado dinâmicas complexas e um crescente deslocamento forçado, tanto da América Central em direção ao norte do continente americano, como da Venezuela para seus vizinhos na América do Sul e no Caribe. O deslocamento interno também continua a acontecer de maneira acentuada em países como Honduras, El Salvador e Colômbia – com reflexos na segurança e estabilidade de toda a região.

“Considerando o número crescente de pessoas no mundo forçadas a se deslocar em busca de proteção, este não é um momento de celebração. Mas estamos orgulhosos do nosso trabalho dentro das Nações Unidas e nos sentimos privilegiados de servir às pessoas refugiadas, deslocadas internas e apátridas”, reflete o Representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas. Para ele, o 70º aniversário da organização “é uma lembrança ao mundo para que enfrente as profundas causas das crises de deslocamento. Apenas uma ação internacional coordenada e vontade política podem resolver novas e permanentes crises”.

E-book – O livro eletrônico Prato do Mundo também foi lançado hoje pelo ACNUR para marcar o seu 70º aniversário. Com sete receitas elaboradas por pessoas refugiadas da Colômbia, Síria e Venezuela, a publicação pode ser acessada gratuitamente na página www.acnur.org.br/70anos ou no site www.pratodomundo.com. A culinária tem sido um dos pilares de inserção no mercado de trabalho da população refugiada, e o lançamento do livro virtual é uma homenagem para enaltecer a história de superação dessas pessoas que hoje reconstroem suas vidas no Brasil com um ingrediente comum: a empatia.

Globalmente, o ACNUR promoverá atividades ao longo do próximo ano, quando também serão lembrados dos 70 anos da Convenção da ONU sobre o Estatuto dos Refugiados, que é base do trabalho da agência em todo o mundo. Entre estas atividades estão seminários acadêmicos virtuais, um podcast em língua inglesa e o lançamento de uma edição atualizada da publicação “State of the World’s Displaced” (ainda sem tradução para o português).

“O 70º aniversário do ACNUR também é uma oportunidade para refletir sobre a dedicação dos trabalhadores humanitários do passado e do presente, assim como sobre a resiliência das pessoas refugiadas, que há tanto tempo enfrenta dificuldades e obtém muitas conquistas na sua busca por uma vida digna e com respeito aos direitos humanos”, afirma Jose Egas.

“Estamos determinados a seguir trabalhando e enfrentando novos desafios, como a emergência causada pela COVID-19, para que as pessoas refugiadas, apátridas e deslocadas dentro de seus próprios países tenham assegurados seus direitos e possam reconstruir suas vidas com dignidade”, completa o Representante do ACNUR.

No Brasil, o ACNUR está presente desde 1982, atuando em parceria com o governo federal e demais instâncias do poder público, instituições da sociedade civil, academia e o setor privado para apoiar a resposta nacional às pessoas refugiadas e apátridas. O governo brasileiro estima que cerca de 50 mil pessoas já foram reconhecidas como refugiadas no país, sendo originárias de 55 países diferentes.

“O Brasil tem desempenhado uma importante liderança regional na defesa das pessoas que precisam de proteção internacional, e o ACNUR está feliz por fazer parte desta jornada. Com o apoio decidido de nossos doadores, seguiremos ajudando o poder público e a sociedade civil organizada a proteger, assistir e integrar pessoas refugiadas e apátridas no país”, conclui o Representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.