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ACNUR pede à UE ação urgente para acabar com mortes de migrantes e refugiados no mar

Comunicados à imprensa

ACNUR pede à UE ação urgente para acabar com mortes de migrantes e refugiados no mar

ACNUR pede à UE ação urgente para acabar com mortes de migrantes e refugiados no marMais de 260 migrantes e refugiados morreram ou desapareceram neste mês de julho ao tentarem cruzar o Mar Mediterrâneo a caminho da Europa.
31 Julho 2014

GENEBRA, Suíça, 31 de julho de 2014 (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados pediu aos países da Europa uma atitude urgente reduzir o número de mortes de migrantes e refugiados, após mais de 260 pessoas terem morrido ou desaparecido, neste mês de julho, ao tentarem cruzar o Mar Mediterrâneo a caminho do continente.

Sobreviventes relataram incidentes perturbadores de afogamentos em massa, sufocamentos e uma suspeita de múltiplos esfaqueamentos, disse o ACNUR em comunicado divulgado em Genebra. A contagem traz para cerca de 800 o número total de mortes no mar até agora neste ano, em comparação com um total de 600 mortes em todo o ano de 2013, e 500 em 2012.

"A morte de 260 pessoas em menos de 10 dias, nas mais terríveis circunstâncias, é uma prova de que a crise do Mediterrâneo está se intensificando", disse António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. "Os europeus precisam tomar medidas urgentes para impedir que esta catástrofe piore na segunda metade de 2014."

As tragédias marcam uma crise que se intensifica na costa da Europa, com muitas pessoas fugindo da Eritreia, Síria e outros países devastados pela violência, em busca de segurança no continente europeu e arriscando suas vidas ao fazer a travessia por meio de “coiotes”.

Mais de 75 mil refugiados e migrantes chegaram à Itália, Grécia, Espanha e Malta por via marítima no primeiro semestre de 2014 – 25% a mais do que os 60 mil que fizeram a mesma viagem em todo o ano de 2013 e mais de três vezes mais que os 22.500 que chegaram em 2012.

A Itália recebeu o maior número de chegadas (63.884), seguida pela Grécia (10.080), Espanha (1.000) e Malta (227). Outros 21 mil refugiados e migrantes chegaram à Itália desde 01 de julho deste ano. A maioria veio da Eritreia, Síria e Mali. Muitos saíram do norte da África e, principalmente da Líbia.

Vários destes - quase 11 mil - são crianças, e cerca de 6.500 delas, a maioria eritreus, foram por conta própria ou separadas de suas famílias.

Durante o fim de semana dos dias 19 e 20 de julho, autoridades italianas e maltesas, em conjunto com vários navios mercantes, resgataram oito mil pessoas.

Guterres elogiou os dois países por seus esforços, mas disse que os Estados europeus necessitam intensificar sua ajuda. Ele pediu aos governos para fortalecerem as operações de resgate, para fornecerem acesso rápido aos procedimentos de asilo àqueles que necessitam de proteção, e para oferecerem alternativas legais às travessias marítimas perigosas.

Refugiados e migrantes resgatados relataram entregar todas suas economias aos coiotes, a fim de viajar em botes inapropriados para navegação e superlotados, com poucos metros de espaço, sem comida, água ou coletes salva-vidas.

A viagem pode demorar entre um e quatro dias, dependendo das condições meteorológicas, do mar e do barco. Em vários incidentes, as pessoas ficaram presas por mais de duas semanas antes de ser resgatadas.

No dia 14 de julho, autoridades italianas resgataram 12 pessoas a 40 milhas da costa da Líbia. Sobreviventes contaram que o bote em que estavam carregava 121 pessoas. Os passageiros entraram em pânico quando ele começou a desinflar de um lado e então capotou. 109 pessoas estão desaparecidas, e um homem afirmou ter perdido sua esposa grávida no incidente.

No dia 15 de julho, 29 pessoas foram encontradas mortas aparentemente por asfixia no porão de um barco de pesca. A polícia italiana prendeu cinco homens suspeitos de assassinar e jogar ao mar mais de 100 migrantes que tentavam cruzar da África para a Europa naquele barco. Relatos dizem que cerca de 130 pessoas estão desaparecidas e com morte presumida, depois de terem sido esfaqueadas ou jogadas ao mar enquanto tentavam escapar de gases venenosos sufocantes no convés.