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Refugiado lidera campanha para diminuir evasão escolar no Sudão do Sul

Comunicados à imprensa

Refugiado lidera campanha para diminuir evasão escolar no Sudão do Sul

22 Outubro 2020
Emad lidera uma sessão de conscientização sobre a COVID-19 © ACNUR

A pandemia do coronavírus trouxe muitas surpresas para os alunos. As escolas estão fechadas, os horários das provas mudaram e as cerimônias de formatura estão sendo realizadas online. O refugiado sudanês Emad certamente não esperava dar aulas no campo onde viveu.


Emad chegou ao Sudão do Sul em 2012 após uma jornada de um mês a pé - o que ele chama de “longa caminhada rumo à segurança” do conflito em sua casa no Estado do Nilo Azul, no Sudão. Depois de ser registrado pelo ACNUR, ele se mudou para o campo Gendrassa do condado de Maban, que hoje abriga 18.000 refugiados.

Emad lembra que, embora o campo de refugiados não tivesse escolas e contasse com poucos professores qualificados, havia uma grande demanda por educação. A comunidade de refugiados rapidamente se mobilizou para criar espaços de aprendizagem. Tendo concluído o ensino médio, o próprio Emad estava entre os poucos membros da comunidade que podiam "ensinar", e ele agarrou a chance de contribuir.

Emad dividiu seu tempo no trabalho como professor voluntário em três escolas primárias, onde deu aulas de ciências, estudos sociais e matemática. A experiência fez com que ele desejasse prosseguir seus estudos em educação e, quando Emad viu um anúncio em 2016 para a bolsa DAFI do ACNUR, parecia o encaixe perfeito.

Infelizmente, a primeira inscrição não foi bem-sucedida, mas ele não desistiu. A sorte veio no ano seguinte, quando Emad se inscreveu novamente, foi selecionado para uma entrevista e finalmente recebeu uma oferta para estudar educação no St. Mary’s College em Juba, capital do Sudão do Sul.

Ele havia completado três anos de estudo quando viajou de Juba para sua casa no campo de Gendrassa, no início deste ano, para as férias da faculdade. Não querendo desperdiçar nem um minuto, ele mobilizou outros bolsistas DAFI para liderar uma campanha de porta em porta incentivando o retorno de jovens alunos que haviam abandonado a escola.

Emad também conduziu sessões de conscientização sobre a importância da educação nas quatro escolas primárias do acampamento. “Foi por causa da educação que tive a oportunidade de viajar para o ensino superior fora de Maban”, explica.

A iniciativa foi um grande sucesso. Com o apoio das associações locais de pais e professores, a campanha resultou em um aumento de 30% na frequência diária dos alunos, mas então o surto do novo coronavírus aconteceu. As escolas no campo de refugiados e a universidade de Emad fecharam como medida preventiva contra a propagação do vírus. Novamente, ele viu isso como uma oportunidade.

Seu grupo de bolsistas DAFI rapidamente se juntou a outros jovens no campo de Gendrassa para liderar uma campanha de conscientização sobre a prevenção da COVID-19, junto com o organização parceira do ACNUR, Save the Children Internacional.

É uma campanha com abordagem dupla: a primeira parte envolve o uso do sistema de anúncios públicos do campo para transmitir mensagens sobre a prevenção à COVID-19, como lavagem das mãos e distanciamento físico em locais movimentados. A segunda área de foco tem sido workshops com jovens influentes, que agora estão agindo como agentes de mudança em suas comunidades para levar a campanha a um grupo mais amplo.

“Eu me tornei um defensor da educação, bem como da prevenção e conscientização sobre a COVID-19 no campo - e estou orgulhoso dessa função”, diz Emad, sorrindo. E há motivos para sorrir: a campanha já teve resultados. Os membros da comunidade agora estão praticando a lavagem das mãos em locais públicos como mercados, bem como aderindo às recomendações de distanciamento físico.

Emad esperava se formar em 2021. Embora a data exata de sua formatura seja incerta, não há dúvida de que ele é um modelo para outros refugiados que desejam continuar seus estudos. “Acredito que isso pode ser uma inspiração para outros alunos da minha comunidade se esforçarem para obter boas notas que possam render a eles bolsas de estudo para uma educação melhor.”


A educação é um direito humano e tem o poder de abrir portas. Mesmo assim, apenas 3% dos refugiados estão matriculados no ensino superior.

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