ACNUR e parceiros distribuem roupas de frio para venezuelanos no DF
ACNUR e parceiros distribuem roupas de frio para venezuelanos no DF
Na manhã do último domingo (12), mais de 100 venezuelanos se beneficiaram de roupas de frios doadas pela empresa japonesa UNIQLO e entregues pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e parceiros em São Sebastião, região administrativa do distrito federal.
Na Praça da Bíblia, ao lado da administração da cidade, a ação solidária também contou com um café da manhã e apresentação musical de crianças, tudo organizado por voluntários brasileiros, venezuelanos e até de outras partes do mundo – como Cuba e República Dominicana.
O ACNUR distribuiu as peças para idosos e crianças de forma prioritária e na sequência para os adultos. Uma das famílias beneficiadas foi a de Luz (70), sua filha e neto. Segundo a venezuelana, que vive há 10 meses no Brasil, as roupas de frio vieram em boa hora.
“Agora é o momento em que estamos reconstruindo nossas vidas aqui, finalmente juntas” revela a filha de Luz – que também carrega o mesmo nome. “Minha mãe veio sozinha pela interiorização, e há um mês eu finalmente consegui vir pra cá e reunir toda a família”, revela Luz (39).
Jessica, brasileira que ficou sabendo da ação solidária, também recebeu algumas doações “Esse tempo de coronavírus está muito difícil até pra comer, estou vivendo de favor na casa dos outros”, afirma a jovem maranhense de 24 anos que vive há 11 anos no DF.
Apesar da manhã quente e ensolarada – marcavam 27 graus no totem de temperatura – o clima seco do cerrado cria uma amplitude térmica cuja baixa atinge até 9 graus em julho, especialmente em regiões de maior altitude. No total, foram distribuídas mais de 680 peças de roupas de frio para 5 parceiros no Distrito Federal, beneficiando cerca de 350 pessoas. O ACNUR também organizou entrega de roupas para refugiados em São Paulo e outros estados.
“É um prazer poder contar com o apoio de parceiros em ações como essa, bem como de doadores do setor privado que proveram itens tão essenciais para as pessoas, especialmente nesta época do ano”, afirma o Representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.
Em comunidade
Estima-se que 250 venezuelanos vivam atualmente em São Sebastião, que vem os acolhendo bem. A rede local, composta por lideranças religiosas, empresários e voluntários de diversos países, busca ajudar o maior número de pessoas refugiadas e migrantes possível com aluguel, alimentação e outros itens essenciais, conforme necessitam.
“Fiquei sete meses em Roraima e já estou há um ano aqui em São Sebastião. Fui interiorizada e consegui o impulso necessário para organizar minha vida, também com o apoio dessa comunidade que estamos formando. Por isso, hoje ajudo os que chegam e participo de todas as ações, sei o quanto essa solidariedade faz a diferença em um momento de vulnerabilidade”, afirma a voluntária Noris Cova (55), que ajudou na preparação e distribuição de cachorro quente para os presentes.
E, para celebrar a integração de venezuelanos na comunidade brasileira, sete jovens do projeto de musicalização de crianças tocaram na flauta as consagradas canções “Asa Branca”, “Trenzinho Caipira” e “Aquarela”, acompanhadas pelo músico e coordenador Joaldo Barreto no violão.
Há 20 anos membro da Orquestra Sinfônica de Brasília, o violoncelista realiza projetos de musicalização que tem acolhido crianças carentes dos dois países em São Sebastião – realizadas virtualmente nos últimos meses em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
“Essa foi a primeira vez que eles puderam tocar juntos em muitos meses”, afirma o músico. “Dá muito orgulho de ver como eles pegam gosto pela música e têm desenvolvido essas habilidades, que são ferramentas para o futuro deles”, conclui.
Os filhos da venezuelana Carmen*, Jenifer* (11) e Marco* (12), começaram no projeto tocando flauta e em poucos meses já estão tocando violoncelo e contrabaixo. A mãe, emocionada, assistiu à apresentação de flauta dos filhos com os outros colegas enquanto esperava na fila para receber a doação de roupas.
“O Marco me entregou outro dia um desenho da escola sobre o que faz ele feliz. E ele desenhou a música, o contrabaixo”, revela a mãe, orgulhosa, que também se envolveu no projeto dando aulas de inglês para o grupo de aproximadamente 25 jovens brasileiros e venezuelanos.
“É uma forma de contribuir para o futuro desses outros jovens, da mesma forma que outras pessoas têm contribuído para o futuro dos meus filhos”, afirma, enquanto saía da fila com as roupas recém recebidas. “Eu agradeço muito por todo o apoio, não só pelas roupas, mas por toda a comunidade que encontrei aqui.”
A Agência da ONU para Refugiados segue comprometida em garantir os direitos fundamentais das pessoas refugiadas no Brasil, reforçando sua atuação em diversas localidades para superar os desafios existentes.
O ACNUR segue atuando no Brasil e no mundo para proteger refugiados, pessoas deslocadas e comunidades que os acolhem do novo coronavírus.
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