Nova edição do “Empoderando Refugiadas” será adaptada ao cenário da pandemia
Nova edição do “Empoderando Refugiadas” será adaptada ao cenário da pandemia
A quarta edição do projeto foi encerrada em junho deste ano. Duas turmas foram formadas, uma em São Paulo (SP) e outra em Boa Vista (RR), onde o projeto operou de formas distintas e atingiu resultados inéditos em relação às edições anteriores.
Perfil da última edição - A novidade da quarta edição, iniciada em 2019, foi a turma piloto de Boa Vista. Pela primeira vez o projeto atravessou as fronteiras de São Paulo, e sob a liderança da Lojas Renner, capacitou e empregou mulheres que viviam nos abrigos São Vicente e Rondon II - geridos pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI), parceira do ACNUR em Roraima. Com a contínua crise na Venezuela, o estado de Roraima se tornou o principal acolhedor de pessoas solicitantes de refúgio do país.
Vinte e cinco mulheres - 20 refugiadas venezuelanas e cinco brasileiras em vulnerabilidade social -participaram da formação ministrada pelo Instituto Aliança sobre assuntos relacionados à moda, varejo, atendimento e cultura brasileira. Todas foram contratadas para atuar em unidades da Lojas Renner. Junto de seus núcleos familiares, 75 pessoas foram interiorizadas para 13 cidades do Brasil. O projeto foi pioneiro ao prover a interiorização laboral liderada por mulheres. Ao fazê-lo, permitiu que as participantes e suas famílias encontrassem maneiras efetivas de integração econômica e autossuficiência.
Verónica, mulher transexual vinda da Venezuela, foi uma das participantes contempladas pela interiorização. “Após a entrevista com a gerente da loja, fiquei emocionada porque estava tudo dando certo. Esse projeto mudou minha vida por completo. Sou trans e hoje posso dizer: me sinto uma mulher empoderada”.
Em São Paulo, o projeto atendeu a 54 mulheres, de 12 diferentes nacionalidades, e promoveu workshops de capacitação, dinâmicas com empresas e mentoria individual às participantes. Os encontros de empregabilidade, já na fase final da edição, receberam representantes de empresas que entrevistaram mulheres em situação de refúgio, com as mais diversas bagagens profissionais e pessoais, em busca de uma recolocação no mercado de trabalho formal.
“Durante os workshops e oficinas, aprendemos muitas coisas. Tinha vontade de aprender o idioma, arranjar o emprego e ajudar minha família e não sabia como fazer isso. O projeto nos deu autoestima e nos ajudou a reconhecer nosso valor” – contou Yamira, venezuelana que atendeu aos encontros em São Paulo.
A seleção das participantes de São Paulo foi feita em parceria com o Programa de Apoio para Recolocação de Refugiados (PARR) – iniciativa da EMDOC, empresa parceira do projeto. Também atuaram como parceiros estratégicos a Foxtime, Grupo Mulheres do Brasil e WeWork. Em Roraima, a iniciativa teve o apoio da Operação Acolhida do Governo Federal, Serviço Jesuíta para Migrantes e Refugiados (SJMR) e da Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-estar Social, responsável pela Casa da Mulher Brasileira de Roraima, onde foi sediado o curso e as atividades com as crianças.
O Empoderando Refugiadas 2019/2020 contou com o patrocínio da Lojas Renner, ABN AMRO, Carrefour, Conselho Britânico, Facebook, MRV e Sodexo.
Contratação de refugiadas sob o ponto de vista do setor privado – A contratação de mulheres refugiadas por empresas brasileiras é uma contrapartida rentável para quem busca mais diversidade e assiduidade nos quadros de funcionários. Para a chefe do escritório do ACNUR de São Paulo, Maria Beatriz Nogueira, o Empoderando Refugiadas se consolida ao longo das quatro edições realizadas como um projeto de resultados consistentes e fundamental para a integração das mulheres refugiadas.
“O ACNUR reconhece todo o potencial das mulheres refugiadas em se tornarem autossuficientes por seus próprios méritos, pois têm conhecimentos, experiências profissionais, capacidade de novos aprendizados e determinação. A dedicação com afinco na capacitação resulta em oportunidades que as fazem mostrar todo o seu talento”, afirma Nogueira.
Eduardo Ferlauto, diretor executivo do Instituto Lojas Renner, reforça que a iniciativa é “ganha-ganha”, tanto para a empresa, que conta com funcionárias de excelência, quanto para as mulheres que têm a oportunidade de reconstruir suas vidas.
“Todos ganhamos uma grande força. O que a gente espera é, cada vez mais, receber estes grandes talentos que nos trazem conhecimento, novas visões e qualificação”, comenta Ferlauto.
Um depoimento constante de quem trabalha com refugiados é a mudança no clima organizacional - que passa a ser mais diverso e dinâmico. Segundo Karla de Paulo, do Carrefour, “isso mexe no ambiente, na cultura e quebra mitos. Cada situação faz a gente olhar para dentro e rever fluxos”.
Para quem atua em uma cadeia internacional, a escolha amplia o intercâmbio de oportunidades. “Valorizamos a contratação de pessoas de outros países porque estamos também em outros países. Hoje, temos gestores que procuram estas pessoas, pela referência positiva que recebem”, contou Tamara Alencar, da Sodexo.
Para conferir mais casos e resultados da contratação de profissionais refugiados por empresas brasileiras de diferentes portes e segmentos, acesse a plataforma Empresas com Refugiados.