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Iraque: Um dia produtivo para a equipe de proteção do ACNUR no campo

Comunicados à imprensa

Iraque: Um dia produtivo para a equipe de proteção do ACNUR no campo

Iraque: Um dia produtivo para a equipe de proteção do ACNUR no campoWael e Jwan são da equipe de proteção do ACNUR. O trabalho deles aqui é monitorar a chegada dos deslocados, avaliando os números e as necessidades.
27 Junho 2014

KHAZAIR, Iraque, 27 de junho (ACNUR) - Wael e Jwan começam o dia cedo, logo após o nascer do sol no deserto oriental. Vestindo os coletes azuis da ONU e chapéus para protegê-los do sol forte, eles sobem em um veículo com tração nas quatro rodas e seguem para o oeste da região do Curdistão iraquiano, na cidade de Erbil.

Já faz mais de 40ºC quando eles chegam ao posto de controle de Khazair, no meio do caminho entre Erbil e a cidade iraquiana de Mosul, que foi tomada pelos rebeldes no início do mês. A queda de Mosul provocou o êxodo em massa de civis, mais de 300.000 pessoas procuraram abrigo na região do Curdistão, segundo funcionários.

Wael e Jwan são da equipe de proteção do ACNUR. O trabalho deles aqui é monitorar a chegada, avaliando os números e as necessidades. A primeira parada deles é se encontrar com a equipe de segurança no posto de controle. Os soldados estão revistando os passageiros vindos no sentido leste-oeste para assegurar a existência de uma necessidade válida para entrar na região do Curdistão.

Um soldado disse-lhes que cerca de 1.000 veículos estão passando por Khazair todos os dias, por isso é impossível manter uma contagem precisa. No geral, cerca de 5.000 pessoas entram a cada dia. É um número muito menor do que o da semana passada, quando as chegadas diárias eram cerca de dez vezes esse valor.

O soldado disse que famílias e profissionais foram permitidos atravessar esta manhã, mas eles estão preocupados com os homens solteiros, pois o governo regional teme que alguns possam ter laços com militantes.

Então, os dois funcionários do ACNUR foram falar com aqueles que estavam chegando. Eles tomaram notas de onde as famílias são, as condições que estavam as cidades que deixaram pra trás e o por que eles as deixaram. Eles perguntaram acerca da maior necessidade dos deslocados; abrigo foi a resposta predominante.

Falou-se com cerca de 3.500 famílias deslocadas até a data presente, e quatro em cada cinco disseram às equipes de proteção do ACNUR que abrigo é a necessidade mais urgente. Muitos se mudaram para hotéis no Curdistão iraquiano, enquanto alguns temporariamente estão na casa de parentes ou amigos. Outros têm mais dificuldade e acabam se abrigando em escolas, mesquitas, igrejas e edifícios inacabados.

Uma família de sete pessoas, do oeste de Mosul, disse à equipe que eles fugiram na noite anterior depois do centro de saúde da cidade ser bombardeado. Todos os sete estão em um Kia prata empoeirado onde esperam por um tio que os apoiará financeiramente. "Se o conflito continuar, Tal Afar ficará vazia", disse o pai à Wael e Jwan. "Não há água, nem eletricidade".

Wael e Jwan também falaram com aqueles que querem ir para outra direção. Não há muitos. Eles dizem que querem retornar por que não podem pagar por habitação na região Curdistão iraquiano. É o que as equipes de proteção têm escutado de muitas famílias deslocadas que entrevistaram.

Das pessoas que estão vivendo em áreas urbanas, 70% disseram que retornarão em poucos dias porque estão ficando sem dinheiro. Contudo, a escolha é limitada no que diz respeito aonde ir. Nenhum deles está certo de que qualquer outro lugar será mais fácil para eles.

Wael, um sudanês veterano, há 10 anos no ACNUR, disse que vê duas questões principais atualmente. Há famílias iraquianas tentando transitar para a região do Curdistão, para Kirkuk e outras cidades árabes na região central e norte do Iraque. Elas estão tendo problemas para passar nos postos de controle.

"Estamos vendo um grande número de famílias voltando por que não são autorizadas a ir além do posto de controle para o Curdistão para comprar remédios. Então, quando vão ao centro de trânsito, encontram dificuldade para conseguir permissão para passar. Falaremos com as autoridades para ver se isso pode ser resolvido para a satisfação de todos", disse Wael.

Agora é início de tarde e os oficiais de proteção do ACNUR forram uma encosta de um caminho empoeirado com tendas brancas do ACNUR. Esse é o campo de trânsito de Khazair, que agora abriga 360 famílias com aproximadamente 12 famílias ou mais chegando a cada dia. Há apenas dez dias atrás, estes três hectares eram um campo de restolho de trigo.

Em Khazair, o ACNUR forneceu tendas, bem como outros itens de emergência, como colchões, cobertores, recipientes com água e material de higiene. Wael e Jwan caminharam tenda por tenda. Eles preencheram um questionário de três páginas para cada família coletando informações sobre sua história, o porque fugiram e o que necessitam. Isso ajuda o ACNUR e outras organizações humanitárias a entender a melhor forma de ajudá-los.

"Chamamos isso de proteção", disse Wael. "Isso é parte do processo para assegurar que os mais vulneráveis tenham suas necessidades humanitárias e legais atendidas". No campo, as queixas são muitas e inteiramente compreensíveis.

Wael e Jwan são pacientes e eles sentam e falam com cada família. Quando um idoso se queixa da distância que tem que caminhar até o banheiro mais próximo ou até uma torneira de água, Wael aponta para os blocos e tubos de concreto empilhados. "Em breve", ele tranquiliza o homem. "Tenho certeza que você entende que isso é uma emergência e estamos todos nos movendo o mais rápido que podemos".

Por Ned Colt in Khazair, no Iraque