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Deslocamento forçado no mundo ultrapassa 50 milhões de pessoas

Comunicados à imprensa

Deslocamento forçado no mundo ultrapassa 50 milhões de pessoas

Deslocamento forçado no mundo ultrapassa 50 milhões de pessoasACNUR relatou no Dia Mundial do Refugiado que o número de refugiados, requerentes de asilo e deslocados internos no mundo ultrapassou 50 milhões de pessoas.
23 Junho 2014

 

GENBRA, 23 de junho (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados relatou no último dia 20, no Dia Mundial do Refugiado, que o número de refugiados, requerentes de asilo e deslocados internos no mundo, pela primeira vez na era pós II Guerra Mundial, ultrapassou 50 milhões de pessoas.

O relatório anual de Tendências Globais do ACNUR, que se baseia em dados compilados pelos governos, organizações não governamentais parceiras e pelos registros da própria organização revela que 51.2 milhões de pessoas se deslocaram forçadamente até o final de 2013, totalizando 6 milhões a mais que os 45.2 milhões relatados em 2012.

Este grande aumento foi impulsionado, principalmente, pela guerra na Síria, que até o fim do ano passado forçou 2.5 milhões de pessoas a se tornarem refugiadas e fez 6.5 milhões de deslocados internos. Novos grandes deslocamentos também foram observados na África – particularmente na República Centro-Africana e no Sudão do Sul.

"Estamos presenciando aqui os imensos custos do não término das guerras, da falha para se resolver ou prevenir conflitos", disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. "A paz nos dias de hoje está perigosamente em déficit. Os trabalhadores humanitários podem ajudar de modo paliativo, mas as soluções políticas são vitais. Sem isso, os alarmantes níveis de conflito e de sofrimento em massa, refletidos nesses números, continuarão".

O total de 51.2 milhões de deslocados forçados representa um grande número de pessoas que necessitam de ajuda, com implicações tanto para os orçamentos de ajuda internacional de doadores das nações mundiais, como para a absorção e as capacidades de hospedagem dos países que se encontram na linha de frente das crises de refugiados.

"A comunidade internacional tem que superar suas diferenças e encontrar soluções para os conflitos de hoje no Sudão do Sul, na Síria, na República Centro-Africana e em diversos outros lugares. Doadores não tradicionais necessitam dar passos ao lado dos doadores tradicionais. Como muitas pessoas se encontram deslocadas hoje em dia, os números representam populações de países médios e grandes como Colômbia ou Espanha, África do Sul ou Coreia do Sul", disse Guterres.

Os dados de deslocamentos do relatório anual abarcam refugiados, requerentes de asilo e deslocados internos. Entre esses, o número de refugiados totalizou 16.7 milhões de pessoas no mundo, dos quais 11.7 milhões estão sob os cuidados do ACNUR e o restante está sob os auspícios da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Este total é o mais alto do ACNUR desde 2001. Vale acrescentar que mais da metade dos refugiados sob os cuidados do ACNUR (6.3 milhões) estavam, no final de 2013, no exílio há mais de cinco anos.

No geral, as maiores populações de refugiados sob os cuidados do ACNUR por país de origem são afegãos, sírios e somalis – que juntos representam mais da metade do total mundial de refugiados. Paquistão, Irã e Líbano, por sua vez, acolhem mais refugiados que outros países.

Maior origem de refugiados, fim de 2013

Por região, a Ásia e o Pacífico tiveram a maior população de refugiados do mundo, com 3.5 milhões de pessoas. A África Subsaariana teve 2.9 milhões de pessoas, enquanto que o Oriente Médio e o Norte da África tiveram 2.6 milhões.

Além dos refugiados, em 2013, 1.1 milhões de pessoas apresentaram pedidos de asilo, a maioria deles  nos países desenvolvidos (a Alemanha se tornou a maior receptora dos novos pedidos de asilo). Outro recorde foi o de 25.300 pedidos de asilo de crianças que foram separadas ou estavam desacompanhadas dos pais. Os sírios representam 64.300 dos requerimentos, mais que qualquer outra nacionalidade, seguida pelos requerentes de asilo da República Democrática do Congo (60.400) e Myanmar (57.400).

Os deslocados internos – pessoas forçadas a fugirem para outras partes de seu país – totalizaram um recorde de 33.3 milhões de pessoas, representando o maior aumento que qualquer outro grupo no relatório Tendências Global. Para o ACNUR e outros atores humanitários, ajudar essas pessoas representa um desafio, pois muitas estão em zonas de conflito.

Parte do trabalho do ACNUR é encontrar soluções de longo prazo para as pessoas que se tornaram deslocadas forçadas. Quando possível isso acontece por meio do retorno voluntário, mas há outras possibilidades, como a integração local ou o reassentamento em um terceiro país. O ano de 2013 viu o quarto menor nível de retorno de refugiados em quase um quarto de século – 414. 600 pessoas. Cerca de 98.400 refugiados foram reassentados em 21 países. Dados globais mais completos sobre a integração local e o retorno de deslocados internos não estão disponíveis, embora 1.4 milhões deles retornaram para casa em países onde o ACNUR está em operação com os deslocados internos.

A população mundial de apátridas não está inclusa nos 51.2 milhões de pessoas deslocadas a força (desde que os apátridas não estejam necessariamente correlacionados entre os deslocados). A apatridia continua difícil de quantificar com precisão, mas em 2013, escritórios do ACNUR em todo o mundo relataram a cifra de cerca de 3.5 milhões de pessoas apátridas. Isso representa aproximadamente um terço do número de pessoas apátridas estimadas globalmente.

Read the Global Trends 2013 report