Conflito desse ano na província iraquiana de Anbar deslocou quase 500 mil pessoas
Conflito desse ano na província iraquiana de Anbar deslocou quase 500 mil pessoas
GENEBRA, 10 de junho (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados disse que a violência na inquieta província de Anbar, localizada na parte central do Iraque, deslocou perto de meio milhão de civis este ano. "Com a deterioração da situação de segurança, também se torna difícil para as agências humanitárias ajudarem os necessitados", disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards.
Ele disse aos jornalistas em Genebra que o governo do Iraque contabiliza que o número de deslocados desde janeiro seja de 434.000 entre homens, mulheres e crianças. "Entretanto, a verdadeira escala do número de deslocados pelo conflito é desconhecida, uma vez que as autoridades iraquianas tiveram que suspender os registros no mês passado por conta da insegurança", disse ele. "O ACNUR acredita que o número atual esteja perto de 480.000", acrescentou Edwards.
A nova crise de deslocamento no Iraque começou em janeiro com o conflito entre as forças governamentais e os rebeldes no leste de Anbar. Os combates continuaram, bem como as várias ondas de violência em diversas localidades dentro de Anbar. Houve mais deslocamento no mês passado quando os insurgentes deliberadamente violaram uma barragem no distrito de Abu Ghraib, em Anbar, inundando a área e forçando aproximadamente 72.000 iraquianos a deixarem suas casas.
Embora a água tenha desaparecido e as pessoas já estejam voltando para suas casas, há a preocupação com a saúde e com o restabelecimento delas. O acesso à água limpa é uma preocupação urgente, por conta de que a inundação danificou as estações de tratamento de água. Oficiais locais disseram que 28 caminhões-tanque de água potável estão sendo entregues todos os dias na área, mas isso representa apenas 20% das necessidades.
Há também o medo acerca da próxima fuga de civis da cidade de Fallujah. Bombardeios recentes na cidade provocaram novos deslocamentos e atingiram um hospital da cidade e instalações hidráulicas.
"Nossa equipe relatou que muitos deslocados estão lutando para lidar com essas condições desesperadoras espalhadas por todo o Iraque", observou Edwards. A maior concentração de pessoas deslocadas está nas províncias de Anbar e de Salah al-Din, seguida por Erbil, Kirkuk, Sulaymaniyah e Baghdad.
Os mais afortunados estão vivendo com amigos ou parentes, mas outros estão em tendas, escolas, construções inacabadas e outros tipos de abrigos comunais. Apenas em Anbar, onde há quase 300.000 deslocados, mais de dois terços estão vivendo em escolas.
"Os deslocados nos dizem que o parque habitacional é limitado e está cada vez mais caro. A maioria está sem renda e estão tendo que se endividar para arcar com suas necessidades essenciais. As famílias dizem que o acesso à moradia e à comida são suas principais prioridades", disse Edwards.
Embora o ACNUR tenha fornecido kits de ajuda emergencial para mais de 48.000 pessoas e ajuda financeira emergencial para 3.000 das pessoas mais vulneráveis, isso representa uma fração do que é necessário.
"Nós precisamos urgentemente aumentar nossa responsabilidade", Edwards salientou, embora que dentre os desafios estão incluídas as dificuldades de se chegar até as pessoas por conta da insegurança. Os deslocados estão espalhados por todo o país; há doações insuficientes para apoiá-los.
Um apelo especial do ACNUR por US$26.4 milhões lançado em março conta apenas com 12% do financiamento. "Um maior financiamento é fundamental para ajudar aqueles que agora se encontram deslocados e quando eles voltarem para casa no futuro", disse Edwards.