Enfermeiro refugiado atua na linha de frente contra o coronavírus no Irã
Enfermeiro refugiado atua na linha de frente contra o coronavírus no Irã
Depois de concluir a graduação em enfermagem com uma bolsa de estudos fornecida pelo ACNUR, o enfermeiro iraquiano Moheyman está trabalhando incansavelmente para ajudar iranianos e colegas refugiados na atual crise de COVID-19
Médicos e enfermeiros usando máscaras e luvas cirúrgicas entram e saem dos quartos do hospital. Eles trabalham dia e noite para registrar e verificar os sintomas de pacientes ansiosos, que ocupam todos os espaços disponíveis nos corredores do hospital.
Moheyman Alkhatavi, 24 anos, usa um cotonete longo com ponta de algodão para coletar amostras de células do nariz de um homem frágil e idoso. "Quando administro o teste para COVID-19, rezo e espero que ele volte negativo", disse, no início de um turno noturno de 12 horas.
"A parte mais difícil do meu trabalho é dizer às famílias que seus entes queridos podem não sobreviver até o fim da semana".
Moheyman é um refugiado iraquiano que trabalha como enfermeiro no Hospital Taleghani, em Abadan, uma cidade em Khuzestan - a província mais a sudoeste do oeste da República Islâmica do Irã.
Desde que o primeiro caso confirmado de coronavírus foi registrado no Irã, na segunda quinzena de fevereiro, o vírus se proliferou a uma velocidade vertiginosa por todas as 31 províncias do país. Refletindo o que agora está acontecendo em todo o mundo, o número de pessoas contaminadas aumentou copiosamente semana a semana. O estoque de medicamentos do país e a disponibilidade dos equipamentos médicos são limitados.
"Estamos todos assustados..."
Moheyman faz parte de uma equipe de enfermeiros dedicados, que trabalham incessantemente em rotatividade. Eles monitoram cerca de 50 novos pacientes que são internados na unidade de quarentena do hospital a cada semana, enquanto aguardam os resultados dos testes. Moheyman verifica constantemente a respiração e outros sintomas do paciente, e dá o seu melhor para garantir a medicação que precisam para controlar suas dores.
O foco do Dia Mundial da Saúde deste ano, dia 7 de abril, foi direcionado para o papel crítico desempenhado por enfermeiros como Moheyman, que estão agora na vanguarda da luta global para conter a disseminação do coronavírus.
“Estamos todos assustados, mas eu ainda escolho ter esperança. Todos os dias eu começo o meu turno esperando que todo o equipamento de proteção individual necessário esteja disponível, mas coloco meus pacientes em primeiro lugar”, disse. “Tivemos dois pacientes que testaram positivo, mas se recuperaram. Este é um pequeno raio de luz em um momento muito estressante.”
Há quase um milhão de refugiados no Irã, vindos principalmente do Afeganistão e do Iraque. Desde o início da pandemia, o governo do Irã tomou todas as medidas para garantir que todos os refugiados tenham acesso aos mesmos serviços de saúde que os iranianos. O objetivo é garantir que os refugiados sejam totalmente incluídos na resposta nacional ao coronavírus.
Mais de 80% da população mundial de refugiados vive em países de baixa e média renda, cujos sistemas de saúde muitas vezes já estão sobrecarregados. Neste cenário, o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, está priorizando medidas para evitar possíveis surtos que colocariam uma pressão descomunal os serviços de saúde locais já frágeis.
Moheyman nasceu em Ahwaz, Irã, depois que seu pai fugiu da cidade de Ammareh, na província de Maysan (sudeste do Iraque), há cerca de quarenta anos, devido à insegurança. Depois de terminar o colegial, Moheyman conquistou um diploma universitário em enfermagem graças ao programa de bolsas de estudo DAFI, do ACNUR, financiado principalmente pelo governo alemão.
"Eu queria fazer a diferença ..."
Moheyman diz que se sente orgulhoso de poder ajudar as pessoas da comunidade que acolheu a ele e seus companheiros refugiados durante a emergência de saúde pública que tomou conta do país.
"Eu lembro de pessoas me dizendo que, por ser refugiado, não deveria sonhar em ir para a universidade. Falaram que eu deveria focar em aprender uma profissão mais fácil", diz. "Mas eu queria fazer a diferença na vida das pessoas."
Por meio de várias outras iniciativas, refugiados de todo o país também estão se unindo à luta contra o COVID-19. Costuram máscaras faciais e roupas de hospital, por exemplo.
No final de março, o ACNUR transportou cerca de 4,4 toneladas de itens essenciais de ajuda médica, incluindo medicamentos, para apoiar o governo do Irã no enfrentamento da escassez crítica que sofre o sistema de saúde do país em consequência do novo coronavírus.
“No Irã, a pandemia da COVID-19 ameaça sobrecarregar as instalações médicas que já estavam sob pressão devido a sanções econômicas. É nosso dever fazer todo o possível para apoiar os esforços do governo do Irã, que não poupa esforços para proteger iranianos e refugiados”, disse Ivo Freijsen, representante do ACNUR no Irã.
Além disso, o ACNUR continua trabalhando em estreita colaboração com a Secretaria de Assuntos de Imigração, o Ministério da Saúde e Educação Médica, outras agências da ONU, incluindo a Organização Mundial da Saúde, e ONGs parceiras nacionais e internacionais, para aumentar a conscientização sobre medidas de prevenção chave entre refugiados e comunidades anfitriãs.
Em 26 de março, o ACNUR pediu US$ 255 milhões, como parte do apelo mais amplo da ONU, para aumentar as atividades de preparação, prevenção e resposta ao novo coronavírus. O objetivo éatender asnecessidades imediatas de saúde pública dos refugiados e comunidades anfitriãs em todo o mundo.
No Irã, o ACNUR precisa de US$ 10,76 milhões para implementar medidas emergenciais contra a COVID-19 e para apoiar o sistema nacional de saúde, para que profissionais como Moheyman possam prestar cuidados de saúde de qualidade a refugiados e iranianos.
-
Todos nós temos um papel a desempenhar na prevenção desta pandemia, e o ACNUR está atuando para proteger refugiados, pessoas deslocadas e comunidades que os acolhem. Doe AGORA para apoiar os nossos esforços e salvar vidas!