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Refugiados empreendedores se reinventam em meio à pandemia da COVID-19

Comunicados à imprensa

Refugiados empreendedores se reinventam em meio à pandemia da COVID-19

27 Março 2020
Casal de refugiados sírios fornecem serviço de catering em evento realizado em São Paulo, antes da ocorrência da pandemia. Foto: Divulgação

Pessoas refugiadas de diferentes nacionalidades que empreendem no renomado segmento gastronômico de São Paulo estão reinventando seus negócios para enfrentar as consequências da pandemia do novo coronavírus e manter suas fontes de renda. Seja aderindo aos serviços de delivery ou reestruturando o portfólio de produtos, elas novamente mostram que a resiliência é traço marcante de seus perfis, adaptando-se para que seus negócios sigam prosperando.

A refugiada venezuelana Yilmary, de 37 anos, passou a impulsionar posts nas redes sociais sobre seu buffett de comidas típicas Tentaciones da Venezuela, que está presente em diferentes canais. Ela também ampliou as combinações do menu ofertado e buscou novas formas de conhecimento por meio de consultorias gratuitas online de e-commerce.

“Não está sendo fácil para ninguém, seja brasileiro ou refugiado. Mas podemos estar juntos para enfrentar mais esse desafio. A gastronomia das pessoas refugiadas é um segmento delicado, e temos certeza que os alimentos são de qualidade e deliciosos. Quem provar vai nos apoiar, em especial neste momento”, disse Yilmary.

Terapeuta ocupacional por formação, ela chegou ao Brasil em 2016 e vislumbrou na gastronomia uma possibilidade de gerar recursos para sua família. Realizou cursos e capacitações promovidos pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e seus parceiros, buscou fontes de investimentos e segue “trabalhando com amor e dedicação no preparo de cada alimento”.

A refugiada venezuelana Yilmary apresenta seus pratos tradicionais em uma feira de gastronomia realizada em São Paulo, no ano passado Foto: Divulgação

Já o refugiado Pitchou, congolês de 38 anos, começou a empreender no Brasil em 2014, quando fundou o restaurante Congolinária, na zona oeste de São Paulo. O restaurante se posiciona no segmento vegano africano e se tornou uma referência não só pelos pratos típicos da República Democrática do Congo, mas também por privilegiar ingredientes naturais e temperos do seu país natal.

Atualmente, o restaurante está de portas fechadas como parte das medidas de contenção à pandemia, e esta realidade impôs uma reformulação das estratégias previstas para este ano.

“O Congolinária é o meu ganha pão e representa o sustento da minha família e dos demais colaboradores. Nesse momento estamos empenhados em readequar nossa produção para o sistema de delivery, onde é possível gerar renda”, afirmou Pitchou.

Como forma de adaptação de seus negócios, Pitchou reforçou a presença da empresa em sites que reúnem restaurantes com serviço de entrega, está divulgando o Congoliária nas redes sociais e flexibilizou os horários de atendimento.

“Manteremos os compromissos com nossos fornecedores e estamos nos desdobrando para atender os diferentes pedidos, que estão vindo de diversos bairros de São Paulo por meio da internet”, concluiu o empreendedor.

O chef Pitchou em seu restaurante Congolinária, no bairro de Sumaré, em São Paulo. Atualmente o restaurante atende seus clientes por delivery. Foto: Náthalie Guimarães dos Santos

O reposicionamento de estratégias empresariais em tempos de pandemia também acontece na comunidade refugiada síria no Brasil. É o caso de Muna, de 39 anos, proprietária do Muna Cozinha Árabe. Ela reestruturou seu negócio, que tradicionalmente atende grandes festas e eventos empresariais.

Com as restrições à realização de eventos sociais neste período, as demandas caíram. Mas Muna rapidamente reagiu para prover suas especialidades da culinária árabe em marmitas, uma solução tipicamente brasileira. A entrega é realizada por motoboys em toda a cidade de São Paulo. “Como parte de nossa tradição, gosto de cozinhar para muitas pessoas, o que seria um jeito de reviver aqui no Brasil a nossa cultura da Síria”, comenta.

Muna, refugiada síria, apresenta a vasta variedade de alimentos árabes em um dos serviços prestados antes da pandemia em São Paulo. Foto: Divulgação

“Ter autonomia reduz os riscos aos quais as pessoas refugiadas estão expostas e as ajuda a responder em momentos difíceis como este da pandemia. E a resiliência característica dessas pessoas tem como base suas capacidades individuais, o apoio das comunidades de acolhida e a resposta do Poder Público. Assim, asseguramos um ambiente seguro e produtivo para as pessoas afetadas por esta crise”, afirma o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.

Solidariedade com os idosos - O casal Tala e Ghazal, também provenientes da Síria, já foram tiveram seu próprio restaurante em São Paulo e trabalham atualmente fazendo delivery pelo Talal Culinária Síria, que está presente na Internet e nas redes sociais. Com a experiência de quem já teve que ficar confinado por causa de uma guerra e numa demonstração de extrema solidariedade, o casal passou a oferecer marmitas gratuitas para idosos por delivery. Para os demais clientes, o serviço continua sendo pago.

“Num momento como este, esta boa ação trará futuros clientes engajados com as causas sociais, que se interessem em ajudar as pessoas refugiadas e estejam dispostos a enfrentar situações delicadas com o coração aberto”, afirma Ghazal, enquanto prepara as entregas do dia.

Resposta à COVID 19 – Em resposta à pandemia do novo coronavírus, o ACNUR tem implementado diferentes ações para enfrentar sua disseminação junto à população refugiada e às comunidades de acolhida.

Com seis escritórios no Brasil e uma ampla rede de parceiros governamentais, do setor privado e da sociedade civil, a Agência da ONU para Refugiados está distribuindo kits de higiene e limpeza para grupos mais vulneráveis e apoiando autoridades locais na ampliação de abrigos e serviços de saúde para refugiados e comunidades de acolhida. Além disso, tem divulgado informações de prevenção para a comunidade refugiada por meio da Plataforma Help.

A população refugiada em situação de maior vulnerabilidade também recebe uma ajuda financeira emergencial, permitindo atender suas necessidades mais imediatas de maneira digna e com autonomia. Isso contribui para movimentar a economia dos bairros e das comunidades onde estão. Esta ajuda financeira é uma importante ferramenta de proteção aos mais vulneráveis, pois responde a necessidades urgentes como acesso a alimentos, água, assistência médica e moradia.

O fortalecimento e a expansão desta ajuda durante a pandemia de COVID 19 está sendo um grande desafio para o ACNUR neste momento de desafios sem precedentes.

Temos MUITO trabalho pela frente. Doe AGORA para apoiar os nossos esforços na luta contra a COVID-19!