ACNUR e PMA tranquilizam refugiados em Maban
ACNUR e PMA tranquilizam refugiados em Maban
CONDADO DE MABAN, Sudão do Sul, 4 de junho (ACNUR) – Nadia Turimbil não poupou as palavras: "No Nilo Azul, minha família e eu fugimos da Antonov. Em Maban, a Antonov se transformou em fome".
A comparação é clara – igualando aos aviões de guerra que a forçaram fugir de sua vila no Sudão com a recente escassez de alimentos no condado de Madan, onde ela é um membro ativo e com voz no comitê das mulheres no campo de refugiados de Gendrassa.
Ela contou sua história durante uma visita conjunta, na semana passada, feita pelo representante do ACNUR no Sudão do Sul, Cosmas Chanda, e o diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) no país, Michael Sackett. Eles vieram para Maban, no nordeste do país, empenhar-se juntamente com os refugiados e as agências humanitárias acerca dos desafios no transporte de comida da capital, Juba, e outros lugares em meio à insegurança no Sudão do Sul.
Nadia apontou para um grupo de crianças que estava esmagando formigas voadoras, que foram retiradas do solo pelas chuvas recentes. "Aquilo é o que as crianças estão coletando para ajudar a complementar o pouco de comida que temos disponível", disse ela.
A insegurança atual começou em dezembro passado e têm afetado milhares de civis, aproximadamente 126.000 refugiados sudaneses na remota Maban. Eles têm recebido desde fevereiro quantidades insuficientes de alimentos e isso já está afetando a saúde deles.
Os refugiados receberam uma ração para sete dias em março, comida para 10 dias em abril e para 20 dias em maio. Durante o encontro de quarta-feira com os líderes dos refugiados dos quatro campos de Maban – Doro, Kaya, Yusuf Batil e Gendrassa –, o PMA assegurou-lhes que tentaria o máximo para fornecer a ração para os 30 dias do mês de junho.
"Embora haja negociações na Etiópia para resolver os problemas que o país enfrenta, os desafios logísticos de transporte de alimentos e outros suprimentos humanitários em um ambiente inseguro tem afetado bruscamente o tempo de entrega dos alimentos e de outros itens essenciais", disse Chanda. "No entanto, o PMA continua procurando caminhos para assegurar a entrega de alimentos em Maban".
Sackett disse que o PMA está adotando uma abordagem multifacetada para a obtenção de alimentos para Maban. Isso inclui a utilização do avião de carga para transportar alimentos dos estoques do PMA na Etiópia e em Juba. Com a vigência de condições mais pacíficas, foi possível fazer entregas de sorgo nos condados de Renk e Melut através de caminhão.
O PMA, no momento, está carregando seu primeiro comboio de barcos em Juba que está apto a entregar largos volumes de alimentos a baixo custo. Finalmente, o PMA está em um estágio avançado nas discussões com o governo do Sudão para restaurar o movimento transfronteiriço de cargas humanitárias.
Ao mesmo tempo, o ACNUR e outras agências humanitárias estão explorando as possibilidades dos refugiados cultivarem seu próprio alimento. Por meio do Comissário no condado de Maban, os refugiados no campo de Kaya adquiriram um pouco mais de cinco quilômetros de terra para começarem a agricultura.
O ACNUR também está progredindo na finalização com a comunidade que acolhe os refugiados e autoridades locais para a designação de terras para atividades agrícolas nos campos de Gendrassa, Doro e Yusuf Batil, onde a comunidade acolhedora deu aos refugiados, generosamente, mais de oito quilômetros quadrados de terra nas proximidades.
Por meio das agências humanitárias, o ACNUR já adquiriu mais de 45 toneladas de sementes que serão dadas aos refugiados durante a distribuição de alimentos prevista para a próxima semana. "Isso é para garantir que os refugiados plantem as sementes e não as comam para compensar a escassez de alimentos", disse Chanda.
Como parte de sua provisão anual de suprimentos não alimentares antes da intensificação das chuvas, o ACNUR também distribuíra cobertores de lã, colchonetes, enlatados, baldes, mosquiteiros, lençóis de plástico e sabão logo após a distribuição de alimentos, para que os refugiados não vendam os itens a fim de comprar comida.
Chanda espera que o PMA assegure a distribuição de alimentos em junho para que os refugiados utilizem as sementes e os itens não alimentares como pretendido. "Muita coisa está andando no que diz respeito à provisão de alimentos", disse ele. "À medida que nós reconhecemos e apoiamos os esforços do PMA para reverter essa situação, é muito importante nos reunirmos com os refugiados para eles explicarem, em primeira mão, quais são suas preocupações para que nós continuemos trabalhando nessa questão até que a distribuição de ração para 30 dias seja restaurada".
Essas palavras deram à Nadia algum alívio: “Tudo o que podemos fazer agora é rezar e esperar pela paz neste país e pelo fim do sofrimento e das dificuldades que todos estamos passando".
Por Pumla Rulashe no Condado de Maban, Sudão do Sul