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Guerra da Síria: 9 histórias emocionantes para refletir sobre o conflito

Comunicados à imprensa

Guerra da Síria: 9 histórias emocionantes para refletir sobre o conflito

9 Março 2020

Nove anos após o início dos conflitos na Síria, mais de 11 milhões de pessoas foram forçadas a deixar tudo para trás. Mais de 5 milhões cruzaram fronteiras para escapar das bombas e balas que devastaram suas casas e precisam do seu apoio para recomeçar.


A infraestrutura do país está seriamente comprometida e cidades estão completamente destruídas. Cerca de 35% das crianças refugiadas sírias estão fora da escola. O número de casamentos precoces e o índice de trabalho infantil forçado aumentam pela falta de meios de subsistência.

Os refugiados sírios vivem em mais de 125 países em todo o mundo. Conheça a seguir nove histórias emocionantes de sírios que foram forçados a deixar tudo para trás:

1. Rama

Rama em sua casa em São Paulo © ACNUR/ Érico Hiller

Rama, 33 anos, tinha uma vida normal na Síria. Ela era professora de história e geografia em uma escola em Damasco, cidade onde nasceu e cresceu. Hoje, a capital do país está devastada após nove anos de uma dura guerra. Rama fugiu com suas duas filhas após serem atingidas por uma bomba enquanto caminhavam em Damasco. Depois do ataque, as meninas ficaram internadas por dois meses lutando para sobreviver. A mais nova, Celin, machucou gravemente uma das pernas, a mão e a barriga, que ainda tem um estilhaço da bomba. Sua irmã mais velha perdeu um dos olhos e hoje usa uma prótese ocular. Há cerca de três anos, elas vieram para o Brasil para recomeçar suas vidas em segurança.

O começo foi extremamente díficil, mas as coisas começaram a mudar quando Rama participou do projeto Empoderando Refugiadas, iniciativa apoiada pelo ACNUR. Graças ao projeto, ela conseguiu um emprego como auxiliar financeira. Hoje, no Brasil, suas filhas finalmente frequentam a escola e têm acesso aos tratamentos de saúde que precisam devido as sequelas do ataque.

 

2. Zain

O ator mirim Zain Al Raffeaa, de 13 anos, posa para um retrato em Beirute, no Líbano © ACNUR/Sam Tarling

Zain havia acabado de completar o primeiro ano do ensino fundamental quando a situação piorou drásticamente em sua cidade natal na Síria. Sua família foi forçada a deixar o país e buscou refúgio no Líbano. E foi nas ruas do país que o acolheu que ele foi escalado para o papel principal do filme Capharnaum, que ganhou o prêmio do júri de Cannes. Durante a cerimônia, Zain, de apenas 13 anos, foi ovacionado por estrelas de cinema, diretores e outros astros da indústria cinematográfica. Com a ajuda do ACNUR, ele e sua família foram reassentados na Noruega e hoje vivem uma vida distante daquela que deixaram para trás há anos.

 

3. Salem

Salem, refugiado sírio, colhe rosas com sua esposa e filhos em um campo atrás de sua casa, no Vale do Bekaa, no Líbano © ACNUR / Houssam Hariri

Em 2012, quando o conflito da Síria forçou Salem e sua família a deixarem tudo para trás e se mudarem para o Líbano, ele levou consigo centenas de sementes. Apenas 35 mudas floresceram, mas graças à sua experiência, ele conseguiu transformá-las em milhares de arbustos cor de rosa que agora crescem atrás de sua casa. Desde que começou a plantar no Vale do Bekaa, Salem conseguiu cultivar suas rosas sem fertilizantes ou pesticidas químicos, garantindo que seu produto final seja orgânico. Ele e a esposa, Nahla, usam as delicadas pétalas para fazer os próprios xaropes, geléias de rosas e água de rosas perfumada, que vendem localmente. Eles também fornecem flores secas a granel para fábricas locais que produzem chá de rosas, além darem cursos e treinamentos sobre agricultura para refugiados e locais.

 

4. Sidra

Retrato da refugiada síria Sidra Taleb, 21 anos, em sua casa em Istambul, Turquia © ACNUR / Diego Ibarra Sánchez

Desde que chegou à Turquia há seis anos, a refugiada síria Sidra aprendeu um novo idioma, trabalhou em uma fábrica para sustentar sua família e se formou no ensino médio com as melhores notas da turma. O clímax veio quando ela ganhou uma bolsa de estudos universitária. Agora a jovem está cursando o segundo ano de odontologia e realizando o sonho de sua vida. “Com a educação podemos combater a guerra, o desemprego e o analfabetismo. Com a educação podemos alcançar todos os nossos objetivos de vida”, afirma Sidra.

 

5. Numeir

O reencontro: ainda no aeroporto, Numeir abraça forte sua mãe © ACNUR/Chris Melzer

Com medo de ser recrutado para o exército, Numeir fugiu da Síria, seu país de origem, quando tinha apenas 15 anos. Dizer adeus para sua família foi uma das coisas mais difíceis que teve de fazer em sua vida. Ele viajou pela Turquia, Grécia e Bálcãs, antes de finalmente chegar a Alemanha, onde um tio já estava. Milhares de quilômetros o separavam de sua família. Como era menor de idade, Numeir ficou sob o cuidado das autoridades. Por três anos, seu único desejo era estar junto de sua família novamente. Em maio de 2018, graças a um programa de reunião familiar, seus pais e irmãos prepararam-se para desembarcar no Aeroporto Fuhlsbüttel, em Hamburgo. Hoje, Numeir e sua família vivem em segurança na Alemanha e são gratos pela chance de viver em paz.

 

6. Fatima

Fatima com os filhos Lawand, 15, Laith, 7, e Simaf, de 4 anos.© ACNUR/ Érico Hiller

Fatima morava com seus três filhos mais velhos e o marido em Alepo, no norte da Síria. Sua família era dona de uma fábrica de roupas e ela trabalhava no negócio da família, como costureira. Descendente de uma família curda, ela chegou a dar aula de árabe para os familiares que chegavam na sua cidade e não sabiam falar a língua. Na época, a vida era um paraíso, como ela mesma definiu. Até a guerra começar. Seu marido a abandonou levando dois de seus filhos consigo. Após conseguir se reunir com seus filhos e casar-se novamente, Fatima decidiu ir viver na Jordânia esperando que a guerra acabasse. No entanto, tudo era muito caro e eles viviam em condições precárias, apertados em um cômodo. Se sentindo sem saída, foram até a embaixada brasileira buscar ajudar. Recomeçar no Brasil não foi nada fácil, mas hoje a família está mais adaptada. Todos os filhos estão estudando e os dois mais velhos estão cursando o ensino superior.

 

7. Yusra

Yusra Mardini é Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, refugiada síria e nadadora olímpica © ACNUR/Jordi Matas

Em 2015, aos 17 anos, Yusra estava no ensino médio e sonhava em representar a Síria em competições internacionais de natação. Com os impactos da guerra, ela e sua irmã mais velha decidiram ir para a Europa. Como a maioria dos barcos que fazem a mesma travessia, o bote em que embarcararam estava superlotado. De repente, o motor falhou. Yusra e a irmã, nadadores experientes, pularam na água para deixar o barco mais leve, em uma tentativa de impedir que ele afundasse. Três horas depois o motor voltou a funcionar e elas chegaram em terra firme. Hoje, Yusra é Embaixadora da Boa vontade do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados e treina para competir nas Olimpíadas.

 

8. Amina

Amina trabalha em sua máquina de costura no campo de refugiados de Domiz, no Iraque © ACNUR / Rasheed Hussein Rasheed

Amina morava com o marido e os sete filhos na capital síria, Damasco. Os conflitos no país viraram sua vida de cabeça para baixo. Seu marido foi morto após um bombardeio. Amina inicialmente se mudou com a família de seu marido para outra cidade síria, antes que a crescente insegurança a fizesse decidir se juntar a sua mãe e irmãos no Iraque. Já na cidade iraquiana de Duhok, Amina recorreu a uma habilidade que adquiriu quando jovem para recomeçar. A costura é a fonte de renda de sua família e graças a ela Amina pode fornecer aos filhos o essencial. Além disso, ela faz o que pode para ajudar outras pessoas no acampamento: cobrando menos ou quase nada para fabricar ou consertar roupas para famílias que ela sabe que estão enfrentando dificuldades financeiras. Mas sua contribuição mais significativa é ensinar suas habilidades a outros refugiados, dando a eles a chance de ter sua própria renda.

9. Jihad

Em Homs, Síria, Abdelmalik, de 12 anos, ajuda seu pai, Jihad, a chamar os pombos de volta para casa © ACNUR / Ola Cabala

Desde que era menino, Jihad, de 44 anos, mora em Homs, na Síria. Quando os conflitos de onde ele morava, Jihad e sua família fugiram apenas com as roupas do corpo. Mas Jahid não desistiu da sua casa. Assim que os conflitos deram uma trégua na região, ele e sua família voltaram para casa e encontraram seu antigo bairro em ruínas. Agora eles se esforçam para reconstruir suas vidas e lentamente estão juntando os pedaços. Com a ajuda dos filhos, ele limpou os destroços e começou a trabalhar no conserto das paredes e do teto. O ACNUR enviou um parceiro local para instalar portas e janelas na casa para que a família fique mais segura e aquecida.

Após nove anos de conflito, as necessidades humanitárias na Síria são enormes e as dificuldades são muitas. Muitos sírios estão vivendo em circunstâncias terríveis e precisam da sua ajuda agora.