Refugiados da Etiópia voltam para casa após anos no exílio
Refugiados da Etiópia voltam para casa após anos no exílio
Desde que Ardo Hassan Kowdan fugiu da Etiópia para o Quênia há 11 anos, ela sonhava com o dia em que poderia voltar para casa. Embarcar em um avião que finalmente a levaria de volta para sua terra foi um momento marcante.
"Estou extremamente feliz em voltar para onde nasci e dei à luz a meus três filhos", diz a mulher de 43 anos.
Abdirashid Mohumed, 24 anos, estava ao lado dela e concordou, acenando com a cabeça. Para a ocasião, ele vestiu uma jaqueta cinza e uma camisa xadrez azul.
“Estou 100% feliz por voltar para casa. Senti muita falta da minha família e amigos”, afirmou o jovem.
Os dois estão entre os 76 etíopes que voltaram para casa na semana passada. Eles viviam no campo de refugiados de Kakuma.
“Estou 100% feliz por voltar para casa. Senti muita falta da minha família e amigos”
A ação, apoiada pelo ACNUR, Agência ONU para Refugiados, e pelos governos da Etiópia e Quênia, faz parte de uma tendência crescente na qual milhares de refugiados etíopes na região estão escolhendo voltar para casa. Eles são motivados, em parte, pelo impacto de recentes reformas políticas e econômicas em sua terra natal.
Onze pessoas retornaram ao país em 2019 e outras 4.000 devem seguir este ano. Cerca de 28.500 refugiados etíopes vivem no Quênia.
A maioria dos retornados é originária da Região Somali da Etiópia e vive como refugiada há mais de uma década. Mais da metade são mulheres e meninas, algumas nascidas e criadas no campo.
O ACNUR está fornecendo aos retornados um pacote de apoio que inclui dinheiro e subsídios de transporte para que eles possam viajar para seus locais de origem.
Quando o avião finalmente pousou em Dire Dawa, os passageiros desembarcaram com expressões felizes. Funcionários do ACNUR, liderados por Ann Encontre, representante do ACNUR na Etiópia, os receberam junto à funcionários da ARRA, a agência do governo etíope encarregada de refugiados, e funcionários da Organização Internacional para as Migrações.
"Todos os refugiados têm o direito de retornar voluntariamente ao seu país quando acharem que é a hora certa. Com segurança e dignidade", disse Encontre. "Eles voltam para casa e se estabelecem entre suas famílias e nas aldeias de onde tiveram que fugir. O ACNUR está muito feliz hoje."
O grupo foi registrado e recebeu uma refeição de boas-vindas. Eles passaram a noite em Dire Dawa antes de seguir para Jijiga, capital da Região Somali da Etiópia.
Os retornados têm grandes esperanças para o futuro, mas rever a família e os amigos é o mais importante.
"Eu acho que vou morrer de felicidade"
"Eu só quero comemorar o reencontro com a minha família", disse Abdirashid. "Quero aproveitar esse momento antes de pensar em fazer qualquer outra coisa."
Depois de tanto tempo longe de casa, receber apoio contínuo do governo, do ACNUR e de outras agências para recomeçar suas vidas será vital.
Ardo deseja que seus filhos de 16, 17 e 18 anos voltem a estudar o mais rápido possível e já tem ideias para começar um negócio.
"A vida como refugiada não foi fácil. Lutei para criá-los e educá-los", disse. "Vou precisar do apoio do governo e do ACNUR na minha nova vida."
Mas primeiro, sua prioridade era chegar em casa e reencontrar sua mãe e parentes.
"Acho que vou morrer de felicidade", afirmou.
Reportagem adicional de Samuel Otieno de Kakuma, Quênia; Helle Degn e Kisut Gebre Egziabher de Dire Dawa, Etiópia.