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O menino que parou de crescer

Comunicados à imprensa

O menino que parou de crescer

O menino que parou de crescerOmar nasceu com uma deficiência rara. Sem acesso à medicação, o jovem refugiado permanecerá preso a um corpo minúsculo.
3 Junho 2014

BEIRUTE, Libano, 28 de maio (ACNUR) - Encontrei o Omar pela primeira vez na escola. Ele era o menor entre as outras crianças e possuía a voz mais suave, mas ele era facilmente o aluno mais popular –  amado igualmente pelos professores e colegas de escola.

Não demorou muito para que ele me encantasse também, com sua inteligência, eloquência e forte personalidade. Eu vim para Trípoli, norte do Líbano, para gravar um vídeo curto. Embora ele estivesse tímido no início, descobri que foi para casa animado, dizendo à sua mãe, com detalhes, como ele segurava o microfone para gravar o áudio e falava francês para a câmera. O francês é a sua matéria favorita na escola.

Omar é precoce, mas essa não é a única razão pela qual ele parece mais maduro para o seu tamanho. Meu melhor palpite daria a ele cinco anos, mas, na verdade, ele tem sete anos. Seus pais me contaram que ele sofre de uma deficiência do hormônio de crescimento, resultado de uma glândula pituitária disfuncional. Também conhecida como a “glândula mestra”, que regula várias atividades corporais, incluindo o crescimento.

Na Síria, ele estava recebendo regularmente hormônio e tratamento com vitamina para ajudá-lo a se desenvolver. No entanto, aqui no Líbano, onde sua família teve que se refugiar há dois anos para escapar dos bombardeios próximo à sua casa em Idlib, o tratamento é muito caro para as organizações humanitárias cobrirem.

Os pais de Omar dizem a ele que comer vai ajudá-lo a crescer, mas apenas a comida não é o suficiente. Eu posso ver a preocupação em seus rostos. Eles sabem que se o filho não receber tratamento hormonal ele crescerá mentalmente, mas não fisicamente e, não chegará à puberdade. No entanto, Omar é muito jovem para compreender as verdadeiras consequências.

Eu posso ver a preocupação em seus rostos. No entanto, Omar é jovem demais para compreender as verdadeiras consequências.

Em casa, com sua família, eu pergunto a eles sobre suas memórias na Síria. Quais seriam as recordações desse jovem garoto de sete anos? Jogando com os amigos? Ou talvez andando de bicicleta, que ele tanto amava? As respostas chocaram a todos nós, inclusive sua mãe, que suspira fundo quando percebe o impacto do conflito sobre o filho. “Eu lembro quando meu tio foi morto”, Omar diz, devagar. “Ele foi atingido por três tiros. Um acertou sua perna, o outro suas costas e o outro seu ombro. Então, uma porção de sangue saiu”.

Em um esforço para encorajá-lo, os pais de Omar começaram a pagar a ele pelas coisas que come. Os momentos mais divertidos que eu testemunho são quando Omar barganha com o pai acerca do seu dinheiro; ele se queixa de que não será capaz de gastar com sua mãe e suas irmãs se seu pai continuar retendo seu dinheiro.

Felizmente, há esperança para o jovem Omar. Ele e sua família estão considerando um reassentamento na Europa, onde seu tratamento pode ser pago por inteiro. Isso significaria mudar-se para longe de casa – mais até do que o Líbano – mas para essa família amorosa e unida, essa é a única e a melhor oportunidade para Omar continuar a crescer.

Por Warda Al-Jawahiry