Quase 70 mil sul-sudaneses fogem de suas casas apesar da trégua dos conflitos
Quase 70 mil sul-sudaneses fogem de suas casas apesar da trégua dos conflitos
JUBA, Sudão do Sul, 27 de maio (ACNUR) – Três semanas depois dos rivais sul-sudaneses acordarem uma trégua, as lutas continuam e já forçaram quase 70.000 pessoas a abandonar suas casas e procurar abrigo em outras partes do país ou em países vizinhos.
"Desde a assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades, em 9 de maio, em Adis Abeba, o número de deslocados internos aumentou de 46.000 pessoas para 1.005.096", disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, nessa terça-feira. "No mesmo período, o número de refugiados sul-sudaneses na Etiópia, Quênia, Sudão e Uganda subiu de cerca de 20.000 para 370.000 pessoas", disse ele aos jornalistas.
Os sul-sudaneses estão mergulhados em um conflito civil há mais de seis meses, agravando ainda mais uma terrível situação humanitária. A trégua assinada no início do mês foi a segunda até agora.
A Etiópia, no momento, abriga a maior população de refugiados sul-sudaneses - mais de 130.000 pessoas-, sendo a maioria mulheres e crianças. Os recém-chegados contam que fugiram dos conflitos nos estados de Jonglei e Alto Nilo, particularmente a área ao redor de Mathiang, em Longechuk, distrito do Alto Nilo. Os refugiados de outras áreas disseram temer por ataques iminentes e insegurança alimentar.
Para acomodar os refugiados, o ACNUR e as autoridades etíopes abriram três novos campos este ano, sendo que dois deles juntos (Leitchuor e Kule I) possuem uma população de 95.000 refugiados e já estão lotados. O terceiro campo, Kule II, que abriu em 17 de maio, já abriga quase 6.000 refugiados.
"Com mais de 16.500 refugiados na fronteira à espera de serem realocados e uma média de 1.000 sul-sudaneses chegando diariamente na Etiópia, nós já temos que procurar um lugar adicional para um quarto campo", observa Edwards.
O conflito no Sudão do Sul colocou 4 milhões de pessoas em risco de insegurança alimentar aguda. Com isso, o ACNUR está preocupado com o potencial deslocamento interno para os países vizinhos nas próximas semanas. O Sudão do Sul também abriga cerca de 320.000 refugiados do Sudão. Entre estes, o ACNUR e seus parceiros também estão preocupados com a escassez de alimentos, particularmente na área de Maban no Alto Nilo.
Atualmente em todo Sudão do Sul muitas pessoas estão inaptas a plantar, a acessar suas fontes de alimentos normais ou a migrar com seu rebanho. Um desafio adicional para aqueles que esperam fugir das áreas de combates é que as estradas e rios estão intransitáveis devido à temporada das chuvas.
"O ACNUR agradece as doações de US$ 600 milhões prometidos semana passada em Oslo para as operações humanitárias da ONU destinadas a aliviar o sofrimento dos deslocados forçados sul-sudaneses. Isso inclui operações dentro do Sudão do Sul, bem como nos quarto países que abrigam refugiados sul-sudaneses", disse Edwards.