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Milhares fogem de conflitos no leste do Congo e recursos se esgotam

Comunicados à imprensa

Milhares fogem de conflitos no leste do Congo e recursos se esgotam

14 Novembro 2019
Vumuli, 35 anos, do lado de fora de uma igreja usada como abrigo temporário para pessoas deslocadas internamente em Drodro, província de Ituri, na República Democrática do Congo © ACNUR/John Wessels

Em junho, homens armados atacaram a vila de Francine na província de Ituri, no Congo. Ela fugiu com o marido, dois filhos e dois sobrinhos após a morte da irmã.


“Fugi com minha família no meio da noite. Não sabíamos para onde estávamos indo, mas pelo menos conseguimos nos salvar”, diz.

Francine chegou à cidade de Drodro e encontrou abrigo em uma antiga igreja, transformada em um grande dormitório. Outras 740 famílias moram no local que está lotado. Às vezes, algumas famílias dormem do lado de fora.

Mais tarde, Francine foi transferida para uma instalação temporária mais ampla.

“Sinto-me mais segura agora, pois tenho mais privacidade e um pouco de conforto”, diz a jovem de 24 anos.

Francine Buve, 24 anos, segura sua filha Marie-Reine, de um ano, em frente a uma instalação construída pelo ACNUR na cidade de Drodro para deslocados internos da República Democrática do Congo © ACNUR/John Wessels

Há seis meses, grupos armados tem sido os responsáveis por assassinatos, estupros e sequestros que já forçaram mais de 300.000 pessoas a abandonar seus lares.

As comunidades locais são acolhedoras, mas seus hospitais e escolas estão sobrecarregados. Cerca de 16.000 pessoas deslocadas internamente, principalmente mulheres e crianças, chegaram em Drodro nos últimos meses.

“Eles vieram de manhã cedo. Todos entraram em pânico e fugiram.”

Como Francine, Denise, de 22 anos, também fugiu de sua vila em junho, quando homens armados atacaram.

“Eles vieram de manhã cedo. Todos entraram em pânico e fugiram”, lembra. “Desde então, não tenho notícias do meu marido ou da minha família.”

Ela reza todos os dias para que eles estejam seguros. Grávida antes de fugir, ela deu à luz em um abrigo improvisado. Sua filha chama-se Chance, que em inglês significa sorte. Mais tarde, Denise se mudou para um abrigo comunitário criado pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados.

O ACNUR expressou grande preocupação pelas terríveis condições de vida enfrentadas pelas pessoas deslocados e intensificou sua resposta à crescente crise. Abrigos de emergência foram construídos para ajudar a manter as pessoas em segurança. Itens básicos como cobertores e sabão em pó, além de itens para higiene pessoal de mulheres e meninas também foram distribuídos.

Denise Ndjangosi, 22 anos, carrega um balde de água em um local próximo a uma escola que abriga pessoas deslocadas internamente em Drodro, República Democrática do Congo © ACNUR / John Wessels

O ACNUR precisa de 150 milhões de dólares para responder às necessidades de refugiados e deslocados no Congo este ano, mas até agora apenas 57% foram recebidos. A escassez de fundos está afetando gravemente a capacidade das pessoas deslocadas de suprir suas próprias necessidades e os esforços básicos para torná-las autossuficientes.

Sendralahatra Rakontondradalo, especialista em abrigos do ACNUR, testemunhou as terríveis condições quando as pessoas chegaram a Drodro sem nada.

“Milhares de pessoas deslocadas querem voltar para casa, mas precisam esperar até que seja mais seguro.”

Condições inadequadas expõem as pessoas a assédio, agressão e exploração.

“Ouvi falar de algumas meninas e mulheres que se veem forçadas a fazer sexo para alimentar suas famílias. Locais superlotados têm privacidade limitada, aumentando ainda mais esse risco”, disse.

Liz Ahua, representante do ACNUR no país, disse que o número de pessoas deslocadas está aumentando.

“Milhares de pessoas deslocadas querem voltar para casa, mas precisam esperar até que seja mais seguro”, enfatizou.