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ACNUR condena brutalidade na Nigéria, há medo de novos deslocamentos

Comunicados à imprensa

ACNUR condena brutalidade na Nigéria, há medo de novos deslocamentos

ACNUR condena brutalidade na Nigéria, há medo de novos deslocamentosACNUR profundamente preocupada com a recente onda de ataques aos civis no nordeste da Nigéria.
9 May 2014

GENEBRA, 09 de maio (ACNUR) –  A Agência da ONU para Refugiados disse nessa sexta-feira que está profundamente preocupada com a recente onda de ataques aos civis no nordeste da Nigéria. “A brutalidade e a frequência destes ataques é sem precedentes", disse, em Genebra, o porta-voz Adrian Edwards. "Nos últimos dois meses tem-se visto vários sequestros e mortes, fazendo com que a população se desloque dentro da Nigéria e para países vizinhos", disse ele aos jornalistas.

Refugiados e deslocados internos estão relatando atos de extrema violência e demonstram, claramente, sinais de angústia e medo. Alguns presenciaram amigos ou membros da família sendo escolhidos aleatoriamente e mortos nas ruas.

Pessoas falaram de casas e campos sendo totalmente queimados, deixando vilas completamente destruídas ou granadas sendo lançadas dentro de mercados lotados, matando pessoas e animais. Há registros de que pessoas estão sendo capturadas nas lutas entre insurgentes e forças armadas, além de haver relatos sobre prisões arbitrarias sob a suspeita de pertencimento aos grupos insurgentes, e outros crimes graves, incluindo execuções sumárias.

Estudantes aterrorizados, que sobreviveram aos ataques em suas escolas nos estados de Adamawa, Borno e Yobe disseram ao ACNUR como eles viram seus amigos sendo mortos ou sequestrados. Segundo relatos da mídia, em 14 de abril ocorreu o sequestro de mais de 200 meninas em uma escola em Chibok, no estado de Borno. Tal fato parece ser mais um de uma série de sequestros em escolas que estão ocorrendo no nordeste da Nigéria nos últimos meses.

Na próxima semana será o primeiro aniversário da declaração na Nigéria de um estado de emergência, nos estados de Adamawa, Borno e Yobe. Ao todo, 250.000 pessoas estão deslocadas dentro do país, de acordo com a Agência de Gestão de Emergências da Nigéria. Outros 61.000 fugiram para os países vizinhos, como Camarões, Chade e Níger. A maioria é composta por nacionais do Níger que viviam na Nigéria, mas 22.000 são nigerianos que se tornaram refugiados devido à crise.

Edwards disse que a situação no sul da Nigéria é particularmente difícil. A falta de segurança e o isolamento da região torna mais difícil providenciar ajuda humanitária. Na região de Diffa, do outro lado da fronteira da Nigéria, entre 700 e 1.000 pessoas estão chegando a cada semana.

"Essas pessoas estão fugindo dos ataques feitos por insurgentes ou por medo da retaliação por parte dos militares nigerianos. A equipe do ACNUR, que está na região, disse que 1.500 pessoas, recentemente, chegaram a uma aldeia ao sul da cidade de Diffa, depois de um ataque do outro lado da fronteira em 20 de abril", disse o porta-voz.

Algumas das pessoas que recém chegaram, perderam todas as coisas no ataque: 35 casas e 25 lojas foram queimadas, estoques de comida foram incendiados e dois homens ficaram feridos. Mahamadou, de 34 anos, disse que homens armados atearam fogo em seu estoque de pimentas.

"Minha mulher e meu filho começaram a grita e eles rapidamente deixaram a casa", ele disse. "Eu encontrei refúgio em uma árvore antes deles chegarem, porque eu sabia que eles estavam procurando por homens e que eu poderia ser morto. Eu passei a noite em uma árvore, eu não dormi. De manhã, nós fugimos para o Níger", acrescentou.

Atualmente, os refugiados estão ficando em casas abandonadas que correm risco de inundação quando chega a temporada da chuva, em junho e julho. O ACNUR está trabalhando em conjunto com os seus parceiros para realocar os refugiados para um ambiente mais seco.

Incluindo a região de Diffa, vilas e outros locais no Lago Chade, a 100 quilômetros para leste, o ACNUR e seu parceiro International Rescue Committee registraram mais de 15.700 pessoas nas ultimas seis semanas. Essas pessoas fugiram dos ataques que ocorreram recentemente e são, principalmente, do estado de Borno.

"No presente, estamos monitorando a situação para um possível novo deslocamento devido às operações militares contra os insurgentes perto da fronteira", disse Edwards.

Uma segunda área em potencial para um novo deslocamento é por meio da fronteira do estado de Borno, com a região do extremo norte de Camarões e através da fronteira de Gamboru Ngala no estado de Borno. Relatos da mídia informam que mais de 100 pessoas foram mortas na última segunda-feira durante o dia de mercado em Gamboru Ngala. Cerca de 6.800 refugiados nigerianos chegaram ao extremo norte do Camarões desde maio do ano passado. 2.500 dessas pessoas foram realocadas no campo de Minawao, a 150 quilômetros da área volátil da fronteira.

O vizinho, Chade, viu 550 pessoas chegando da Nigéria, no ano passado.

Hélène Caux em Dakar, Senegal, contribuiu para este artigo