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Professor do Sudão do Sul dedica sua vida em defesa da educação de refugiados

Comunicados à imprensa

Professor do Sudão do Sul dedica sua vida em defesa da educação de refugiados

15 Outubro 2019
© ACNUR/Eduardo Soteras Jalil

O coro das vozes das crianças vindas da sala de aula do professor Koat Reath aumenta cada vez mais, ameaçando atrapalhar outras aulas na escola primária no campo de Jewi para refugiados do Sudão do Sul no oeste da Etiópia.


O professor de 41 anos captura a atenção dos alunos, batendo palmas e recitando o alfabeto em Nuer, sua língua nativa, seguido de algumas frases cantadas com gosto em inglês. Ele acredita que as crianças aprendem melhor quando suas aulas são animadas e divertidas.

Com quase uma década de experiência na profissão, Koat sabe como manter a atenção de jovens estudantes - embora isso possa ser difícil em Jewi, onde mais de 100 crianças estão aglomeradas em uma sala de aula não importa o turno. Felizmente, o nível de energia do professor corresponde facilmente ao dos alunos de cinco a 15 anos de sua classe.

"Uso a música para que elas se divirtam e não se sintam entediadas".

“Como você pode ver, são crianças. Ensinar as crianças não é fácil. Uso a música para que elas se divirtam e não se sintam entediadas ... É assim que transmito minha mensagem”, afirma Koat, cujo rosto às vezes severo não faz jus ao seu entusiasmo pela educação.

Koat passou as férias de verão dando aulas extras a seus alunos, sob uma iniciativa da Plan International e outros parceiros do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, para ajudar as crianças a recuperar a educação que perderam por causa dos combates no Sudão do Sul.

O pai de cinco filhos compartilha com seus jovens alunos muito mais do que o amor por aprender. Como eles, Koat também é vítima de uma guerra que fez com que mais de dois milhões de pessoas do Sudão do Sul se tornassem refugiados. Ele e sua família fugiram para a Etiópia em 2015, depois que sua casa no estado de Jonglei foi totalmente destruída.

O conflito do Sudão do Sul teve um impacto particularmente devastador sobre as crianças. No campo de Jewi, que abriga 54.000 refugiados do Sudão do Sul, até dois terços são crianças. Elas não apenas perderam suas casas e viram seus parentes mortos, mas anos de violência também os impediram de ter e receber educação. Alguns nunca tiveram a chance de ir à escola e muitos desistiram completamente.

Dolorosamente ciente da desvantagem que as crianças enfrentam, Koat e seus colegas estão determinados a fazer o possível para ajudar a diminuir o déficit educacional: apenas dois terços das crianças do Sudão do Sul que estão na Etiópia têm acesso à escola primária. Além disso, a grande maioria - 86% - não frequenta o ensino médio.

“Estamos aqui hoje porque queremos ensinar nossos filhos a serem os campeões de amanhã. Se não forem bem ensinados, não terão sucesso. Se eles forem bem ensinados, serão os futuros presidentes, os futuros médicos, os futuros pilotos do Sudão do Sul”, afirmou Koat.

No entanto, a escassez de salas de aula, professores qualificados e material didático são grandes obstáculos ao acesso à educação para crianças refugiadas do Sudão do Sul. Os alunos aprendem em sua língua nativa, o Nuer e também em inglês - enquanto os professores do Sudão do Sul trabalham para se adaptar ao currículo etíope.

Ao contrário de Koat, muitos dizem que os 805 birr (US$ 27) que recebem mensalmente como incentivo para ensinar não são suficientes.

Apesar dessas dificuldades, Koat permanece confiante.

À tarde, ele deixa o clamor de seus alunos da escola primária e segue para uma escola improvisada, onde oferece aulas particulares a adultos por 10 birr cada (US$ 0,34) por mês. Os estudantes se uniram para construir a escola, que tem paredes de palha e um teto de lona que vaza muito durante as chuvas.

Dentro de seu interior frio, há um ar silencioso de concentração, quando cerca de 20 adultos, incluindo um avô de 64 anos e uma jovem mãe com seu bebê em uma cesta aos seus pés, fazem anotações no quadro-negro.

“Se você se comprometer com as pessoas, não há problema.”

"Estou cansado", disse Koat sobre seu turno duplo. "Mas se você se comprometer com as pessoas, não há problema. Estou ensinando essas crianças a serem o futuro do Sudão do Sul. Eles mudarão as coisas ruins no Sudão do Sul e farão muito bem. ”

Patrick Kawuma, chefe do sub-escritório de Gambella do ACNUR, se preocupa com o futuro de jovens do Sudão do Sul que estão crescendo sem educação.

“Muitos jovens estão ociosos e nada tem nada para fazer nos campos. Eles podem ser facilmente explorados por qualquer grupo interessado”, disse, acrescentando que “a maior necessidade dessas crianças é a educação, não há dúvida sobre isso”.


A educação é um direito humano e tem o poder de abrir portas. Mesmo assim, 48% das crianças refugiadas estão fora da escola.

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