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Serviço de ligações gratuitas é oferecido a venezuelanos em Roraima e Amazonas

Comunicados à imprensa

Serviço de ligações gratuitas é oferecido a venezuelanos em Roraima e Amazonas

10 Setembro 2019
Diariamente, cerca de 250 refugiados e migrantes venezuelanos têm a possibilidade de ligar para seus familiares de forma gratuita por meio do serviço oferecido pela TSF. ©ACNUR/Allana Ferreira

Por volta das 16h30, quando o sol está mais ameno e o calor não é tão intenso, uma fila vai se formando embaixo da tenda do refeitório do abrigo para refugiados e migrantes Rondon 1, em Boa Vista, Roraima. Por mais que este seja o horário próximo do jantar, esses moradores do abrigo não estavam buscando alimento para o corpo, mas alimento para a alma: alguns minutos de ligações gratuitas para seus familiares na Venezuela.

Pelo menos uma vez por semana, as equipes da ONG Télécoms Sans Frontières, ou simplesmente, TSF, montam seu stand de atendimento em um dos 17 pontos de serviços nas cidades de Boa Vista, Pacaraima e Manaus. Desde abril de 2018, a iniciativa é parte da resposta emergencial para os refugiados e migrantes venezuelanos que chegam aos estados de Roraima e Amazônia, com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e suporte financeiro da União Europeia – que tem investido no fortalecimento da resposta por meio de projetos como esse, que oferecem serviços básicos para pessoas com necessidades específicas.

Entre janeiro a agosto de 2019, a TSF, que é a primeira ONG focada em resposta de emergência através da tecnologia, realizou mais de 55.000 ligações, entre o norte do Brasil e várias regiões da Venezuela. Diariamente, em torno de 250 refugiados e migrantes atendidos pelo projeto têm a possibilidade de falar com amados e familiares que ficaram para trás.

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Pessoas como Roselys Del Valle Bolívar, de 32 anos, que deixou a Venezuela logo após dar a luz a seu terceiro filho. Ainda no período pós cesárea, Rosely tinha muita dificuldade de encontrar medicamentos e alimento, que afetava diretamente a amamentação do seu bebê. Sem alternativas, ela, o marido e seus três filhos deixaram tudo para trás e encararam a jornada até o Brasil.

Após passar por toda essa situação, Rosely relata que quando descobriu sobre o trabalho da TSF, não perdeu tempo. “Liguei pra minha mãe a primeira vez que encontrei uma equipe da TSF, porque tinha muito tempo que não falava com ela. Esse foi um momento muito emocionante para nós duas”, conta Rosely. Ela afirma que “falar com nossa família é algo que nos inspira a seguir a diante, a trabalhar, a lutar por um futuro melhor para as pessoas na Venezuela e para nós aqui no Brasil”.

 

Atuando no projeto como atendente, o venezuelano Juan tem uma história que vai além das ligações oferecidas. No Brasil desde 2018, Juan morava nas ruas de Boa Vista quando foi atendido pela TSF. Sabendo bem como é difícil ficar completamente isolado da família, Juan, que veio sozinho para o Brasil, se ofereceu para ser voluntário no projeto.

Hoje ele é um dos operadores de atendimento e conseguiu trazer o restante da sua família para a capital roraimense. “É muito forte ver o sentimento de cada pessoa no momento que fazem uma ligação. Porque estar longe da família não é fácil. E o venezuelano tem um sentimento de família mesmo que essa tenha 14, 15 pessoas. Somos muito família”, diz Juan.

Poder ouvir a voz de alguém conhecido ou falar com alguém da família que ficou em seu país representam forças essenciais fazer com que uma pessoa em uma situação de refúgio continue sua jornada, ressalta a coordenadora do projeto, Elena Cofaru. “Estamos falando de pessoas que viajaram por semanas em condições difíceis e que provavelmente não tiveram nenhuma chance de falar com seus familiares durante sua jornada” diz Elena.

O ACNUR, compreende que uma situação de deslocamento forçado afeta o indivíduo não somente física e economicamente, mas também emocionalmente. “O ACNUR apoia projetos como esse que são importantes para a manutenção das conexões familiares, auxiliam no planejamento de reunificação familiar, e propiciam um conforto tanto para quem partiu quanto para quem ficou. Quão mais estruturado emocionalmente a pessoa em estado de refúgio estiver, mais condições e autonomia essa pessoa terá para construir o seu futuro”, explica Angélica Uribe, Oficial de Proteção do ACNUR Roraima.