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Educação para refugiados em crise: mais da metade das crianças refugiadas em idade escolar do mundo não recebe educação

Comunicados à imprensa

Educação para refugiados em crise: mais da metade das crianças refugiadas em idade escolar do mundo não recebe educação

4 Setembro 2019
Meninas somalis brincam durante as aulas na escola secundária de Ifo, no campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, lar de mais de 200.000 refugiados. © ACNUR / Vania Turner

Dos 7,1 milhões de crianças refugiadas em idade escolar, 3,7 milhões - mais da metade - não frequentam a escola, segundo a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), em um relatório divulgado hoje, 4 de setembro.

O relatório Stepping Up: Educação para Refugiados em Crise mostra que, à medida que as crianças refugiadas crescem, as barreiras que as impedem de acessar a educação se tornam mais difíceis de superar: no mundo, apenas 63% das crianças refugiadas frequentam a escola primária, em comparação com 91%. E relação à educação secundária, o número de adolescentes com acesso ao segundo grau chega a 84% contra apenas apenas 24% dos refugiados.

"A escola é onde os refugiados têm uma segunda chance", disse Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para Refugiados. "Estamos falhando com os refugiados, não lhes dando a chance de aprender as habilidades e conhecimentos necessários para investir em seu futuro".

Esse declínio acentuado na matrícula de refugiados entre a escola primária e a secundária é o resultado direto da falta de financiamento de educação para essa população. Como resultado, o ACNUR está incentivando os governos, o setor privado, as organizações educacionais e os doadores a apoiarem financeiramente uma nova iniciativa destinada a dar início ao ensino médio para refugiados.

"Precisamos investir na educação de refugiados ou pagar o preço de uma geração de crianças condenada a crescer incapaz de viver de forma independente, encontrar trabalho e contribuir plenamente com suas comunidades", acrescentou Grandi.

A iniciativa terá como objetivo a construção e a reforma de escolas, treinamento de professores e apoio financeiro às famílias de refugiados, para que possam cobrir as despesas de envio de seus filhos para a escola.

O relatório deste ano também pede que os refugiados sejam incluídos nos sistemas nacionais de educação. Muitos deles acabam em escolas paralelas não oficiais. A publicação também indica que as escolas sejam autorizadas a seguir um currículo formal e reconhecido desde a escola pré-primária e primária até a secundária. Isso lhes dará as qualificações reconhecidas que podem ser seu trampolim para a universidade ou para o treinamento profissional superior.

Atualmente, mesmo que os adolescentes refugiados superem as probabilidades e concluam o ensino médio, apenas 3% terão a sorte de conseguir um lugar em alguma forma de ensino superior. Isso enfraquece em comparação com o número global de 37%.

O ACNUR também está pedindo uma abordagem mais realista por parte das escolas, universidades e ministérios da educação em relação à documentação. Muitos refugiados são impedidos de participar de aulas porque deixaram para trás certificados de exames e de curso, além de documentos de identidade, quando fugiram de suas casas. Mesmo quando esses documentos estão disponíveis, alguns países anfitriões se recusam a reconhecer a certificação emitida no país de origem dos refugiados.

A questão da educação para as crianças refugiadas do mundo é urgente. Até o final de 2018, havia mais de 25,9 milhões de refugiados em todo o mundo, sendo 20,4 milhões sob o mandato do ACNUR. Cerca da metade tinha menos de 18 anos e milhões viviam nessas situações por muito tempo, com pouca esperança de voltar para casa em um futuro próximo.

A mobilização do apoio à iniciativa de educação secundária será uma parte essencial do próximo Fórum Global de Refugiados, que acontece em dezembro de 2019 e é uma oportunidade crucial para fortalecer a resposta coletiva do mundo às situações de refugiados.

 

Nota aos editores:

 

Sobre o relatório

 "Stepping Up: Educação para Refugiados em Crise" é o quarto relatório anual de educação do ACNUR. O primeiro, 'Missing Out', foi lançado em setembro de 2016, antes da Cúpula da Assembleia Geral da ONU para Refugiados e Migrantes. Pedia aos doadores que fornecessem financiamento previsível e plurianual para a educação dos refugiados. O segundo, "Left Behind", foi lançado em 2017. Destacou a lacuna de oportunidades entre as crianças refugiadas e seus pares não refugiados e pediu que a educação fosse considerada fundamental para a resposta a emergências de refugiados. O terceiro, 'Turn the Tide', foi lançado em 2018 e destacava que, até o final do ano, quatro milhões de crianças refugiadas não frequentavam a escola - um aumento de meio milhão de crianças refugiadas fora da escola em apenas um ano.

O relatório deste ano inclui um prefácio de Filippo Grandi, Alto Comissário da ONU para Refugiados, bem como observações finais de Gordon Brown, Enviado Especial da ONU para a Educação Global.

 

Sobre o ACNUR

A Agência para Refugiados da ONU (ACNUR) lidera ações internacionais para proteger as pessoas forçadas a fugir de suas casas por causa de conflitos e perseguições. Prestamos assistência para salvar vidas, como abrigo, comida e água. Ajudamos a proteger os direitos humanos fundamentais e desenvolvemos soluções que garantem às pessoas um local seguro para ser chamado de lar, onde podem construir um futuro melhor. Também trabalhamos para garantir que as pessoas apátridas tenham uma nacionalidade.