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Ex-refugiada somali inspira crianças com livro ilustrado

Comunicados à imprensa

Ex-refugiada somali inspira crianças com livro ilustrado

24 Abril 2019
Autora de livro infantil e ex-refugiada somali, Habso Mohamud posa com estudantes depois de uma leitura do livro em uma escola de Washington, D.C. © ACNUR / Arielle Moncure

“Eu queria ser a rainha da selva”, sonha a pequena Nasra, a protagonista do livro infantil “Só É Preciso Um Sim”. Como rainha, ela ajudaria os desabrigados, alimentaria os famintos e faria livros brotarem de árvores para que todos pudessem ler.


Mas o que Nasra descobre é que ela não precisa esperar para fazer uma diferença positiva. “Isso sempre esteve no meu coração”, ela percebe. “Aqui e agora é quando eu devo começar”.

A mente por trás de Nasra é Habso Mohamud, uma ex-refugiada do Somali de 24 anos. A vida real de Habso é muito similar à ficcional de Nasra, e ela compartilha as duas histórias com crianças escolares em leituras ao redor dos Estados Unidos.

Habso tem certeza da mensagem que ela quer transmitir: “Não desista de si mesmo e não desista de seus sonhos, não importa onde você esteja ou quais são as circunstâncias que você pode encontrar na sua vida.”

“Eles não escolheram ser refugiados.”

A própria Habso teve que superar muitos obstáculos. Ela cresceu no campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, onde tinha que caminhar 45 minutos para chegar na escola todos os dias. Ainda assim, ela nunca faltava a aula, mesmo quando não tinha dinheiro para comprar comida durante todo o dia.

“O amor pela educação veio de quando eu estava no campo de refugiados”, explica Habso. “Eu não ia deixar passar aquelas oportunidades, mesmo elas sendo longe da minha casa.”

Após serem referenciados pela Agência da ONU para refugiados (ACNUR), Habso, seus pais e nove irmãos foram reassentados para os Estados Unidos em 2005. Apesar dos crescentes níveis de deslocamento forçado em todo o mundo, pouquíssimos refugiados têm a chance de serem reassentados hoje – dos estimados 1,2 milhões de refugiados que precisaram de reassentamento em 2018, apenas 55.692 foram realmente reassentados.

A família chegou primeiro a Nova Iorque no meio do verão. “Não achei que estávamos realmente na América”, lembra ela. “Eu me perguntava ‘onde está a neve?’”. Mas ela conseguiu aproveitar – e suportar – a neve por muitos anos, quando eventualmente a família se estabeleceu no norte do estado de Minnesota.

Adaptar-se a um novo contexto não foi fácil para Habso quando ela tinha 10 anos. A menina frequentemente se sentia ansiosa e depressiva. “Memórias do campo de refugiados ficavam voltando para mim”, ela diz. A partir dos 12 anos, Habso fez terapia por seis anos, até mesmo passando algum tempo no hospital.

“Eu só queria ser como qualquer outra criança”, diz ela. Mas falar sobre saúde mental era um estigma em sua comunidade.

Ao contar sua história, Habso quer desafiar estereótipos sobre refugiados e sobre saúde mental.

“Não deveríamos encarar [refugiados] como um fardo”, diz ela. “Deveríamos dar a eles toda oportunidade possível para garantir que eles tenham outra vida, porque eles não escolheram ser refugiados”.

“Não desista de você e nem dos seus sonhos”.

O comprometimento de Habso vai além das páginas de seu livro. Ela está disponível para crianças nas redes sociais, por e-mail e pessoalmente para responder dúvidas, encorajar e apoiá-las.

Toda vez que faz uma sessão de leitura, Habso amarra uma bandana vermelha com bolinhas brancas sob o lenço para combinar com Nasra, a personagem principal de seu livro.

De pé, na frente de um grupo de aproximadamente 20 crianças de 11 e 12 anos em uma escola de Washington, Habso lê em voz alta uma cópia extra grande do livro, para que o público pudesse ver melhor suas ilustrações. Uma pequena menina com um rabo de cavalo loiro chamada Bridget ouvia com atenção na fileira da frente.

Na página sete, Habso parou para pedir a um estudante para ler em voz alta: “Nós somos agentes de mudança”.

Quando Habso terminou de ler, as crianças queriam saber mais sobre a vida dela. Do que eram feitas as casas no campo de refugiados? Qual é a sua coisa favorita na América?

Depois que a leitura foi finalizada, a jovem Bridget timidamente se aproximou de Habso, segurando-se para não chorar. Sem ter certeza do que dizer, ela só abraçou Habso.

Habso conversou com a menina e perguntou sobre seus sonhos. Bridget contou que quer fazer invenções que ajudem o meio ambiente enquanto Habso autografava uma cópia de “Só É Preciso Um Sim” para ela: “Para Bridget. Você é inteligente, você é forte, e você pode mudar o mundo. – Habso”.