Clémence: um novo senso de propósito
Clémence: um novo senso de propósito
“Eu adoro costurar”, diz Clémence, radiante enquanto passa os dedos sobre o tecido na frente dela. “É maravilhoso ver os frutos do seu trabalho imediatamente”.
A mulher de 20 anos encontrou alegria e um novo senso de propósito trabalhando ao lado de outras mulheres e homens congoleses em Kitchanga, uma cidade na parte oriental da República Democrática do Congo.
Clémence vem de uma pequena vila do sul de Kitchanga. Ela foi forçada a sair de sua casa na vila em 2008, com seus pais e irmãos – quatro irmãos e duas irmãs menores.
“Nós fugimos quando os rebeldes começaram a perseguir e matar a população, alguns morreram e outros conseguiram escapar”, ela explica. “Nós fomos primeiro para a vila vizinha, em Kibariso, onde ficamos na comunidade, uma família local nos recebeu. Eventualmente saímos de Kitchanga.”
“Quando chegamos, nos mudamos para o campo de Kahe, onde eu ainda vivo com meus pais. Não estávamos trabalhando. Meus pais conseguiram pagar meus estudos. Eu me formei em 2015 e minhas irmãs ainda estão na escola”.
Depois de se formar, ela passou um ano em Goma, capital da província de Kivu do Norte, aprendendo a costurar, mas não conseguiu encontrar trabalho. Foi então que finalmente pode retornar para sua vila natal.
“Eu voltei para Kitchanga, mas não tinha nenhum tecido ou máquina para costurar. Então eu ficava em casa sem um trabalho”.
Nesta fábrica, apropriadamente chamada de “Tuungane Pamoja” (swahili para “trabalham jutos”), Clémence colocou suas habilidades em prática em que ela realmente acredita: costurando absorventes menstruais inovadores e reutilizáveis.
“Este absorvente que estamos produzindo é ótimo”, ela explica. “Ele realmente melhora a higiene de mulheres e meninas durante a menstruação. Não tem consequências negativas em nossa saúde, como alguns dos outros absorventes ou pedaços de pano que podem causar irritação e infecções. Nós fazemos esses com as nossas próprias mãos, nós sabemos o que está nele, não colocamos nenhum produto adicional nem componentes tóxicos”.
A falta de absorventes acessíveis nesta área levou muitas meninas a usar tecido como absorventes, o que pode causar infecções, e também afetar suas suas vidas diárias, incluindo trabalhar e ir à escola.
A nova iniciativa do ACNUR não apenas ajuda a promover a higiene feminina como também ajuda a empoderar mulheres deslocadas como Clémence, que está entusiasmada por fazer parte da iniciativa.
“Eu fiquei tão feliz de ser selecionada para este projeto”, diz Clémence. “Estou feliz por não ter mais que ficar em casa sem nada par fazer. Eu gostaria de ficar envolvida o máximo que puder.”